Site que só monitora torrents é acusado de pirataria desde 2016

Empresas como Netflix e Disney fizeram reivindicações de direitos autorais contra o banco de dados, porém não há link algum de download na página

Ricardo Syozi
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Produtos piratas (Imagem: Peter Dutton/Flickr)
Pirataria (Imagem: Peter Dutton/Flickr)

A página “I Know What You Download” oferece um rastreamento em tempo real de conteúdo pirata, especificamente através de usuários de BitTorrent. Ou seja, ele funciona como um monitoramento do que é baixado, mas em momento algum oferece links para download. Mesmo assim, empresas que procuram sites de pirataria acabam constantemente acusando esse serviço do crime digital.

Não é de hoje que companhias fazem investidas contra páginas que oferecem downloads ilegais para milhares de pessoas. Contudo, ao visitar o “I Know What You Download”, fica fácil entender o seu propósito.

Ele funciona como um banco de dados detectando mais de 9 milhões de torrents e mais de 100 milhões de compartilhamentos diários. Isso não passa de um serviço instantâneo para monitorar os usuários do famoso programa contraditório. Não há qualquer conteúdo ilegal para baixar, por exemplo.

Por outro lado, desde 2016, empresas antipirataria começaram a reportar para o Google que o site inflige os direitos autorais de suas marcas. Isso continuou em 2017, sempre com os mesmos relatos, mas não demoraram muito para diminuir. Já em 2019, as reclamações retornaram, algo que voltou a ocorrer no início de 2021.

No domingo (23), mais de 9.472 protestações individuais haviam sido registradas a partir de 18.800 URLs. O que todas têm em comum? A mesma reivindicação de violação de copyright, algo que o “I Know What You Download” não realizou, pois ele não é uma página de pirataria, mas sim uma fonte de informações de atividades piratas.

I Know What You Download
Página do “I Know What You Download” (Imagem: Reprodução / Internet)

Sistemas de buscas antipirataria deveriam saber a diferença

De acordo com o TorrentFreak, perto de 50% dos protestos feitos pelas companhias contém URLs que nem estavam presentes nos índices do Google quando os avisos de retirada foram enviados.

Provavelmente, as marcas tentaram prever o local que os links criminosos apareceriam, os fabricando de antemão e os enviando para a gigante de buscas. A intenção seria a de pegá-los antes que eles aparecessem nos resultados de pesquisa.

Por outro lado, como o “I Know What You Download” não passa de um site de monitoramento de torrents, os sistemas que usam inteligência artificial para encontrar conteúdo pirata acabam apontando sua URL. E sim, esses programas deveriam compreender a diferença de um banco de dados para links ilegais de verdade.

Andrey Rogov, o dono do site alvo de marcas como Toei, Disney, Sky, Canal+, Columbia, Irdeto, Fox, Lionsgate, Sony e Netflix, acredita entender o que ocorre:

Acho que muitas empresas (detentoras de direitos autorais) implementam sistemas automáticos que pesquisam páginas com torrents com seu conteúdo (filme, série e outros). Normalmente, eles nos enviam um e-mail automático e nós respondemos que não distribuímos conteúdo algum. Mas provavelmente alguns apenas escrevem relatórios para o Google e é isso. Não gostamos, claro, mas acho que não podemos fazer nada sobre isso.

Ao que tudo indica, essas reclamações não vão diminuir tão cedo. Até agora, o Google removeu cerca de 46% do conteúdo de URL alvo de protestos. Isso quer dizer que o ranking de buscas do “I Know What You Download” é frequentemente afetado por essas ações.

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Ricardo Syozi

Ricardo Syozi

Ex-autor

Ricardo Syozi é jornalista apaixonado por tecnologia e especializado em games atuais e retrôs. Já escreveu para veículos como Nintendo World, WarpZone, MSN Jogos, Editora Europa e VGDB. No Tecnoblog, autor entre 2021 e 2023. Possui ampla experiência na cobertura de eventos, entrevistas, análises e produção de conteúdos no geral.

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