Spotify fecha acordos diretamente com artistas, e as gravadoras não estão felizes

Contratos diretos eliminam as gravadoras do compartilhamento de receita, mas isso pode complicar o futuro do Spotify

Paulo Higa
• Atualizado há 2 anos e 11 meses
Spotify Daily Mix

O Spotify pode estar arranjando uma briga com suas principais parceiras de conteúdo: as gravadoras. De acordo com o New York Times, o serviço de música tem firmado contratos de licenciamento diretamente com um pequeno número de artistas e seus representantes, eliminando as gravadoras do compartilhamento de receita.

Segundo o jornal, o Spotify fechou acordos com representantes de artistas que não têm contratos com gravadoras. Na negociação, os artistas podem manter os direitos autorais de suas criações e ter acesso a uma participação maior no faturamento, que aumenta de acordo com o número de reproduções da música.

Quão maior? Em regra, o Spotify paga às gravadoras aproximadamente 52% da receita gerada pelas reproduções de músicas. Dessa fatia, somente algo entre 15% e 50% é repassado aos artistas. Com as gravadoras fora do acordo, os artistas podem ter acesso a toda essa fatia. Fala-se que as negociações atuais são “modestas”, com adiantamentos de ”dezenas ou centenas de milhares de dólares”.

Como o acordo não é exclusivo, os artistas, além de não perderem a autoria de suas gravações, podem disponibilizar as músicas em outros serviços, como o Apple Music e a Amazon, que trabalham tanto com vendas quanto com streaming. E, mesmo sem o CD na prateleira da loja (as pessoas ainda compram isso?), as músicas podem ser ouvidas pelos 180 milhões de usuários do Spotify, o que já é uma bela exposição.

As gigantes Universal, Sony e Warner não comentam publicamente as negociações, mas “executivos da indústria da música tem indicado que poderiam punir o Spotify ao reterem as licenças que a empresa precisa para se expandir na Índia”, de acordo com o New York Times. Além disso, esse movimento pode complicar as próximas negociações do Spotify com o trio — os atuais contratos expiram em 2019.

Enquanto isso, o Spotify diz que “não detemos direitos sobre nenhuma música, e não estamos agindo como uma gravadora”.

Talvez isso signifique uma mudança completa na indústria fonográfica. Ou um futuro bem turbulento para o Spotify (que ainda não dá lucro).

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.