Starlink: 90% das cidades da Amazônia usam internet via satélite de Elon Musk

Expansão trouxe benefícios para comunidades distantes dos grandes centros, mas é usada em atividades ilegais na região norte do Brasil

Lupa Charleaux
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Antena Starlink (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Starlink teve uma ampla expansão na região Norte do Brasil em 2023 (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

A Starlink, rede de internet via satélite do bilionário Elon Musk, é o principal provedor de banda larga na Amazônia Legal. Um recente artigo da BBC aponta que, até julho deste ano, a empresa tinha clientes em 697 das 772 cidades da região.

O serviço permitiu que várias comunidades isoladas e sem infraestrutura (como cabos e postes) tivessem acesso à internet. Por outro lado, autoridades alegam que a expansão da rede colaborou com o aumento de atividades ilegais.

Desde 2022

O sinal de internet da Starlink chegou à Amazônia Legal em setembro de 2022. A região é formada por municípios dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e um trecho do Maranhão.

Conforme os dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) obtidos pela BBC, todas as 124 cidades na fronteira com outros países possuem antenas da empresa.

A chegada da Starlink trouxe benefícios para municípios e comunidades afastadas dos grandes centros. Por exemplo, a tecnologia facilitou a comunicação dos indígenas yanomamis com profissionais de postos de saúde.

Serviços comuns, como pagamentos com cartão de crédito, débito e Pix, também passaram a ficar disponíveis em locais antes sem conexão de alta velocidade. Bem como, o acesso a grande rede ajudou povos indígenas a promover trabalhos artesanais na internet.

Antena da Starlink (Imagem: divulgação/SpaceX)
Antenas da Starlink ajudaram a levar serviços comuns para comunidades distantes (Imagem: Divulgação/SpaceX)

A Polícia Federal acredita que antenas da Starlink se tornaram ferramentas de comunicação em atividades ilegais. Garimpeiros, traficantes de madeira e de drogas estão substituindo o rádio pela internet via satélite.

Então, os equipamentos da empresa de Elon Musk seriam itens comuns em apreensões realizadas por autoridades locais, como o Ibama. Eles aparecem ao lado de ouro, armas e munições encontradas com os criminosos.

Procurada pela BBC, a Starlink não retornou o pedido de comentários sobre o uso das antenas da empresa em ações criminosas na Amazônia.

Outras questões abordadas são a segurança nacional e o fornecimento de serviços vitais. Especialistas defendem que sistemas de comunicações, como a companhia de Elon Musk, deveriam passar por algum tipo de controle governamental.

Isso impediria que decisões unilaterais feitas por uma empresa afetasse, por exemplo, o funcionamento de uma cidade. O tema é importante por causa de eventuais dissidências políticas, conforme ocorreu na operação da Starlink na Ucrânia.

Com informações: BBC

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Lupa Charleaux

Lupa Charleaux

Repórter

Nerd por natureza, Lupa Charleaux é formado em Jornalismo Multimídia pela São Judas Unimonte (2012). Iniciou a carreira como repórter de entretenimento em 2013, mas migrou para a editoria de tecnologia em 2019. Construiu experiência na área ao produzir notícias diárias sobre eletrônicos (celulares, vestíveis), inovação, mercado e conteúdos especiais sobre os temas. É repórter do Tecnoblog desde outubro de 2023. Anteriormente, atuou como redator de tecnologia e entretenimento no TecMundo (2019-2021/2022-2023) e redator de produtos no Canaltech (2021-2022).

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