Faltam antenas. De acordo com uma reportagem publicada no jornal Folha de São Paulo na edição dessa terça-feira, o Brasil sofre uma falta generalizada de antenas de telefonia, o que impacta negativamente a qualidade dos serviços de telecomunicações. Seria necessário um investimento bilionário para que o país atingisse um nível mínimo e assegurado de qualidade na telefonia.
Um executivo ouvido pela Folha, funcionário da maior empresa de telecomunicações do país (leia-se: Oi/Brasil Telecom), estima que as operadoras de celular teriam que investir a bagatela de R$ 50 bilhões para dobrar o número de antenas instaladas. Atualmente são 50,3 mil antenas em todo o território nacional.
Mal comparando, o Reino Unido tem 57 mil antenas, com um desses equipamentos a cada 4 km². Nos Estados Unidos, a frequência de antenas é a cada 37 km². Adivinha esse número para o Brasil: uma antena a cada 169 km². Algo está muito errado nessa história, como você pode notar.
Pode até ser que o investimento seja pesadíssimo. Mais do que isso, o jornal aponta que as operadoras estão sem vigor financeiro para colocar dinheiro nessa expansão na quantidade de antenas. A atualização das redes de telefonia para liberar o 3G, a partir de 2008, foi muito custosa, sendo que esses valores ainda não foram compensados.
Para completar, a internet móvel subiu além da conta (138% em 2010). Como você provavelmente sabe, ficou impossível se conectar e navegar a taxas de download e upload razoáveis usando o 3G. As operadoras precisam investir também nesse serviço, o que mais uma vez requer novos investimentos.
É, algo me diz que continuaremos com apenas 50 mil antenas ainda por um bom tempo. Seria bom se o governo agisse no sentido de baratear os custos na instalação de nova infraestrutura de telecomunicações, com direito a uma base instalada de fibra ótica maior. Para tanto, porém, só mesmo se as operadoras concordarem em aumentar os investimentos e não repassar qualquer custo para o cliente final.
Atualização às 14h25 | Alguns leitores apontaram com toda razão: a telefonia celular no Brasil é uma das mais caras do mundo (aliás, como os impostos, entre tantas outras coisas). Onde é que as operadoras brasileiras estão colocando os lucros fabulosos que obtêm trimestre após trimestre?