As limitações do Windows 10 rodando em chips ARM

Computadores com Snapdragon emulam softwares x86, mas há algumas letrinhas miúdas

Paulo Higa
• Atualizado há 6 meses

Quando a Qualcomm apresentou os primeiros notebooks com Windows 10 e processadores com arquitetura ARM (estive no Havaí para conferir os produtos de perto), as promessas de computador sempre conectado e, principalmente, as 20 ou 22 horas de autonomia, me empolgaram bastante.

No entanto, as limitações ainda não eram conhecidas: ele emula softwares x86, mas até que ponto? E será que meus gadgets que exigem drivers adicionais serão suportados? Essas e outras informações foram reveladas acidentalmente pela própria Microsoft, em um artigo de suporte publicado (e depois removido) na semana passada, descoberto por Paul Thurrott.

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Talvez a principal limitação seja o fato de o Windows 10 em ARM emular softwares compilados em x86 (32 bits), mas não x64 (64 bits), ao menos por enquanto. O problema deve aumentar ao longo do tempo, já que os aplicativos estão migrando para a arquitetura mais moderna: o Firefox é um exemplo claro de programa que se beneficia muito dos 64 bits, apresentando menos travamentos e mais segurança. O suporte ao x64 está planejado para um momento futuro.

Além disso, embora o Windows 10 em ARM execute softwares x86, ele não suporta drivers x86, por isso, a compatibilidade com periféricos (impressoras, teclados, modems e outros gadgets com recursos adicionais) será mais limitada. Para que o acessório funcione de forma completa, a fabricante deve fornecer um driver compilado para ARM64.

E, claro, o emulador não é capaz de emular absolutamente todos os softwares x86. Ficam de fora os games e aplicativos que exigem DirectX anterior ao 9.0 ou OpenGL; e programas que necessitam de acesso mais profundo à interface do Windows 10, como aplicativos de sincronização na nuvem e de tecnologias assistivas, incluindo leitores de tela. Eles precisarão ser feitos para ARM, o que pode demorar algum tempo.

Por fim, o Windows 10 em ARM não suporta Hyper-V, então, se você precisa de máquinas virtuais, talvez ele não seja a opção mais adequada.

São restrições que limitam um pouco o público dos notebooks com ARM, mas muitos usuários provavelmente estarão dispostos a enfrentá-los — especialmente se o desempenho dos softwares emulados for bom e a promessa de mais bateria for cumprida.

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Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.