O que é um processador Arm e qual é a diferença para um x86?
Arm é a arquitetura mais popular em processadores de smartphones e está tirando espaço do x86 em outros segmentos; entenda funcionamento e vantagens
Arm é a arquitetura mais popular em processadores de smartphones e está tirando espaço do x86 em outros segmentos; entenda funcionamento e vantagens
Arm é um conjunto de arquiteturas para processadores desenvolvido pela empresa britânica Arm. Tem como principal característica a versatilidade para atender de pequenos dispositivos móveis a grandes servidores. Entenda como a Arm conquistou o segmento de celulares e disputa espaço com a arquitetura x86.
Arm é uma família de arquiteturas de processadores do tipo RISC (Reduced Instruction Set Computing), ou seja, que tem como base um conjunto simplificado de instruções que definem como o processador funciona.
Essa simplificação permite que um chip de tecnologia Arm consuma menos energia e gere menos calor do que um processador x86. Isso explica a sua ampla aceitação em celulares, tablets, smartwatches, notebooks e outros dispositivos que dependem de baterias.
Mesmo com instruções simplificadas, chips com tecnologia Arm podem ter alto desempenho. Tudo depende do seu conjunto de recursos, bem como das aplicações para as quais foram desenvolvidos.
Além disso, instruções simplificadas podem ser executadas mais rapidamente. Assim, se uma tarefa exige três ciclos para ser concluída por um processador x86, um chip Arm pode precisar de dez passos, mas executá-los de modo que o desempenho de ambos os processadores seja similar.
O nome Arm advém de Acorn RISC Machine. Isso porque, no início dos anos 1980, a empresa Acorn Computers estava tendo dificuldades para encontrar uma CPU que atendesse a um computador em fase de projeto e decidiu criar um chip próprio para ele.
A Acorn baseou o processador no então recente conceito RISC, que permite o desenvolvido de chips com instruções simplificadas. O chip foi anunciado em 1983 com o nome Acorn RISC Machine (ARM).
Os primeiros chips Arm da Acorn eram produzidos pela VLSI. Em 1990, ambas as companhias fecharam um acordo para criar uma divisão baseada na tecnologia. O negócio foi batizado de Advanced RISC Machines, o que permitiu que o acrônimo ARM fosse mantido. Desde então, a empresa licencia as suas arquiteturas.
Em 2017, a marca teve uma reformulação. Com isso, o nome “ARM”, todo em maiúsculo, passou a ser escrito oficialmente como “Arm”, com as duas últimas letras em minúsculo.
A família Arm recebe novas versões e variações de arquiteturas com o passar do tempo para acrescentar funcionalidades ou otimizar determinados recursos. No âmbito dos chips para dispositivos móveis, as arquitetura Arm mais importantes são estas:
O nome arm64 se refere ao suporte a 64 bits em chips Armv8 ou posteriores. Uma arquitetura Arm64 indica que o chip tem registradores, barramentos de dados e endereçamento de memória de 64 bits, o que se traduz em mais capacidade de processamento ou desempenho do que arquiteturas de 16 ou 32 bits.
A Arm se refere formalmente à sua arquitetura de 64 bits como AArch64. A denominação arm64 é usada por companhias como Microsoft e Apple.
O principal negócio da Arm é o licenciamento de suas arquiteturas. A companhia desenvolve conjuntos de instruções que servem de base para que empresas como Apple, MediaTek, Qualcomm, Samsung e muitas outras desenvolvam os próprios chips como forma de viabilizar dispositivos para os mais variados fins.
Até o final de 2022, mais de 250 bilhões de chips com arquiteturas licenciadas pela Arm haviam sido produzidos, de acordo com a companhia. Nenhum deles têm fabricação própria. A Arm até desenvolve chips próprios, mas eles servem somente para testes internos ou demonstrações de tecnologias a clientes.
Cada licença da Arm pode custar alguns milhões de dólares. Os valores não são públicos, mas sabe-se que eles variam de acordo com a arquitetura licenciada e os contratos estabelecidos com cada cliente.
A Arm também pode cobrar do parceiro royalties por chip vendido, geralmente em proporções entre 1% e 2% sobre o valor da venda.
A Arm desenvolve tecnologias que complementam as suas arquiteturas para processadores ou atendem a aplicações específicas. Entre essas tecnologias estão:
A Arm licencia suas arquiteturas a dezenas de empresas. As mais conhecidas são:
Chips com arquitetura Arm estão presentes em uma grande variedade de dispositivos. Os mais conhecidos são aqueles que equipam celulares, tablets e notebooks, a exemplo das seguintes linhas:
Todos os principais sistemas operacionais são compatíveis ou têm versões para processadores com arquitetura Arm, com destaque para:
Enquanto chips Arm são baseados em RISC, tendo instruções simplificadas, processadores x86 têm como base a arquitetura CISC (Complex Instrucion Set Computers), que têm instruções mais complexas.
A arquitetura CISC visa atender a aplicações que priorizam o desempenho, razão pela qual chips do tipo empregam um grande número de transistores e recursos avançados.
O efeito disso é que processadores CISC podem gastar mais energia e gerar mais calor do que aqueles baseados em RISC. Isso explica o fato de processadores Intel e AMD, que são baseados em x86, dominarem os segmentos de PCs e servidores, mas precisarem de coolers (ventoinhas) ou outros mecanismos de resfriamento.
Embora muitos chips com tecnologia Arm tenham alto desempenho, a exemplo dos modelos Apple M1 e M2, arquiteturas do tipo costumam demandar menos energia por terem como base instruções simplificadas. É por isso que celulares ou tablets não precisam de sistemas de resfriamento, com poucas exceções.
Porém, chips Arm raramente são intercambiáveis, diferente dos processadores x86, que podem ser trocados com maior facilidade. Isso porque unidades Arm costumam ser feitas no modelo de SoC (System-on-a-Chip), ou seja, reúnem vários processadores no mesmo chip de silício para atender a necessidades específicas.
Chips Arm geralmente consomem menos energia por serem baseados em instruções simplificadas, enquanto modelos x86 consomem mais por priorizarem o desempenho. No entanto, há chips x86 que demandam pouca energia, como alguns modelos voltados a notebooks que priorizam a autonomia.
Processadores x86 são tipicamente mais rápidos que unidades Arm. No entanto, esse aspecto depende do projeto do chip e de otimizações de software. Um exemplo são os chips Apple M1 e M2. Com arquitetura Arm, eles substituíram os processadores Intel nos Macs oferecendo mais desempenho.
Chips Arm são baseados na arquitetura RISC, que favorece o menor consumo de energia, razão pela qual dificilmente essas unidades precisam de cooler. Em muitos casos, chips Arm só precisam de um dissipador de calor simples.
Já os chips x86 geram muito mais calor, portanto, o uso de sistemas de resfriamento é importante especialmente em computadores de alto desempenho. Mas há exceções, a exemplo dos chips Intel Lakefield. Lançados em 2020, eles tinham TDP de apenas 7 W, por isso, não precisavam de ventoinhas.
Computadores x86 não rodam aplicativos Arm (e vice-versa) de modo nativo, mas podem fazê-lo por meio de emulação de software ou virtualização. Esses procedimentos podem precisar de ajustes e otimizações minuciosas para evitar erros ou instabilidades no aplicativo.