Há alguns dias está circulando pela internet a história de um participante de um fórum brasileiro sobre Xbox que mostra como o Kinect pode ser uma ferramenta de integração social — e não me refiro a usar o videogame em festinhas.

Se você anda meio ausente da internet no último ano talvez ainda não saiba que o Kinect é o novo sistema de controle da Microsoft para o Xbox 360 que dispensa o uso de joysticks. Com o Kinect, seu corpo é o controle. Para fazer seu personagem na tela pular, por exemplo, não precisa apertar botão nenhum, basta pular você mesmo que as câmeras do Kinect detectarão e entenderão o movimento.

Foi por essa característica única que o irmão do gamer Arilson Karmo, portador de Síndrome de Down conseguiu, aos 32 anos, fazer o que nunca tinha feito na vida: jogar videogame. Em função da doença cromossômica, o irmão de Arilson não tem coordenação motora suficientemente apurada para operar os controles.

Com o Kinect isso deixou de ser um empecilho e ele pode enfim se divertir com um videogame. Talvez para você, leitor, que com sorte tem uma saúde perfeita, jogar videogame possa não significar tanta coisa assim. Mas pode ter certeza que, para alguém que convive sua vida toda com limitações físicas e cognitivas e todas as dificuldades e segregação que elas potencialmente geram, algo tão simples quanto jogar o Kinect Adventures com a família pode fazer toda a diferença.

Leia o relato de Arilson na íntegra abaixo:

“Tenho 22 anos, moro em Bauru e comprei o Kinect numa grande loja internacional. Tenho um irmão com Síndrome de Down de 32 anos, que não sabe ler nem escrever, mesmo tendo frequentado por 24 anos a escola especial (APAE). [Ele] faz alguns cálculos, sabe ver hora, reconhece símbolos e é apaixonado pelo Palmeiras, porem NUNCA jogou videogame, pois não tem coordenação [motora] para os controles…

Bom, no dia em que comprei o Kinect, instalei, calibrei e comecei a brincar. Esse meu irmão foi falar tchau para mim no quarto, porque ele estava indo para a escola. Bom, ele chegou do meu lado e olhou o avatar imitando ele na TV , no jogo Ricochet, e na hora ele começou a tentar bater nas bolas, e começamos a jogar. Foi emocionante demais. Aí meu pai chegou, eu saí do jogo e [eles] começaram a jogar. Minha mãe estranhando foi no quarto ver por que todos estávamos rindo muito alto, e viu o meu irmão interagindo com o personagem e com os menus. Na hora foi um choque muito grande…

Parabéns à Microsoft pelo excelente trabalho. Aqui vai uma foto do meu pai e do meu irmão jogando:”

Kinect pode ser a primeira experiência de vídeo-game para quem não consegue operar controles.

Um relato que nos abre os olhos, inclusive, para possibilidades de explorar o Kinect como instrumento de integração social e terapia ocupacional para casos como este. 🙂

Dica do nosso leitor Bruno via email. Valeu, Bruno!

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Escrito por

Juarez Lencioni Maccarini

Juarez Lencioni Maccarini

Ex-redator

Juarez Lencioni Maccarini é formado em engenharia de computação e trabalhou como autor no Tecnoblog entre 2009 e 2011. Durante sua passagem, produziu reviews e escreveu sobre jogos, softwares e inovação. Também colaborou com a redação do TechTudo (Editora Globo) cobrindo temas relacionados à tecnologia.

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