IPv4 e IPv6: saiba o que muda

Saiba o que é IPV4 e IPV6 e entenda o que motivou a mudança, quais as novidades e os benefícios para os usuários de internet

Ricardo Fraga
• Atualizado há 1 ano e 7 meses

Com cada vez mais dispositivos conectados à internet, sejam celulares, tablets, televisores, lâmpadas e geladeiras, entre outros, a necessidade por endereços IP cresceu vertiginosamente, sendo necessário que mudanças fossem feitas no protocolo base da internet. Neste artigo, iremos comparar o IPv4 e IPv6 e mostrar o que muda entre eles.

Sucessor do IPv4, IPv6 vem para dar fôlego à web (Foto: Reprodução / Pixabay)
Sucessor do IPv4, IPv6 vem para dar fôlego à web (Foto: Reprodução / Pixabay)

IPv4 e IPv6: saiba o que muda

Antes de iniciarmos este artigo e explicarmos as diferenças entre ambas as versões dos protocolos, é importante que você entenda: afinal, o que é IP?

Agora, que você já sabe o que é o protocolo base da internet e quais as suas características, podemos continuar explicando o que é IPv4 e IPv6 e o que muda entre as duas versões.

IPv4

Criado pela IETF (acrônimo de Internet Engineering Task Force ou Força-Tarefa de Engenharia da Internet) em setembro de 1981, o IPv4 tem uma capacidade de conectar, ao mesmo tempo, aproximadamente 4,29 bilhões de dispositivos diretamente à internet.

Isso acontece porque o protocolo utiliza um endereço de 32 bits composto por 4 números, de 0 a 255, que são separados por pontos. Como exemplo, temos o endereço 8.8.8.8 (DNS do Google) e o endereço 104.26.3.219, que é o endereço do servidor no qual o Tecnoblog está hospedado.

Com um número relativamente pequeno de endereços IPv4, uma alternativa para driblar a limitação é o uso de NAT (acrônimo de Network Address Translation ou Tradução/Reescrita de endereço de rede) nas redes internas.

Assim, é possível que os computadores internos de uma mesma rede, seja pessoal ou comercial, tenham os seus próprios IPs (como 10.0.0.X e 192.168.0.X), liberando os endereços considerados “reais” para os servidores, modens, roteadores de acesso e celulares, por exemplo.

Mesmo com o uso de NAT, não há praticamente mais endereços de IPv4 disponíveis para uso, sendo que o ARIN (acrônimo de American Registry for Internet Numbers ou Registro Americano para Números da Internet) mantém uma lista de espera de organizações interessadas em obter IPv4 válidos para uso.

Disponibilidade de endereços IPv4 no mundo (Imagem: Reprodução / ARIN)
Disponibilidade de endereços IPv4 no mundo (Imagem: Reprodução / ARIN)

O IPv6, por sua vez, foi oficializado pela IETF em abril de 2012, mas, desde 1998, a nova geração do protocolo dava os seus primeiros passos.

Diferente da versão 4, o IPv6 tem uma capacidade de conectar, ao mesmo tempo, aproximadamente 340 undecilhão de endereços (imagine o número 340 seguido de 36 zeros). Isso é possível porque, em vez de usar 32 bits, o endereço IPv6 utiliza 128 bits.

Isso faz com que os endereços deixem de serem compostos por 4 números, de 0 a 255, separados por pontos, passando a serem compostos por 8 grupos de 4 dígitos hexadecimais, com os grupos separados por dois pontos, como, por exemplo, o endereço 2002:0de6:0001:0042:0100:8c2e:0370:7234.

O que muda

Afinal, na prática, o que a mudança da versão do protocolo traz para os usuários e para a internet como um todo?

Velocidade

No quesito velocidade, um estudo feito pela empresa de segurança de sites Sucuri aponta que praticamente não há uma diferença significativa de velocidade entre o acesso através dos protocolos IPv4 e IPv6. Em alguns casos, o protocolo anterior foi até mais rápido que a nova versão.

Segurança

Quando o assunto é segurança, o IPv6 acaba saindo na frente, uma vez que foi projetado para usar criptografia de ponta a ponta. Assim, em teoria, com a adoção cada vez maior da nova versão do protocolo, ataques do tipo MitM (acrônimo de man-in-the-middle ou homem-no-meio), que é quando o acesso do usuário acaba sendo interceptado e desviado no meio do caminho, serão consideravelmente mais difíceis de ocorrer.

Ataque MitM / wi-fi público

Outra vantagem em relação à segurança é que o IPv6 conta com o IPsec (acrônimo de IP Security Protocol ou Protocolo de Segurança IP) de forma nativa. Isso garante, entre outras coisas, que seja possível checar se o usuário é quem diz ser. A integridade dos dados também é passível de checagem, permitindo que se tenha a certeza de que o conteúdo recebido é exatamente idêntico ao enviado.

Vale destacar que, com as atualizações que o IPv4 foi recebendo ao longo do tempo, também passou a contar com o IPsec, mas isso depende que uma implementação seja feita na rede pelos administradores e, como o IPv6 já está no mercado, muitas empresas acabam não investindo na atualização.

Disponibilidade quase ilimitada

Sendo possível criar aproximadamente 340 undecilhão de endereços IPv6, é praticamente impossível, em um futuro bem distante, acabar com tantas possibilidades. Com isso, também deixa de ser necessário utilizar NAT em redes internas, uma vez que não há mais a necessidade de se preocupar com a limitação de endereços.

Isso permite que, conforme os equipamentos forem sendo atualizados, todos os dispositivos, inclusive os de Internet das Coisas, tenham IPs reais, além de poderem pertencer, de forma simultânea, a muitas redes utilizando um endereço único em cada uma delas.

Conclusão

Apesar de trazer algumas novidades em relação à segurança e quase nenhuma mudança em relação à velocidade, é inegável que a grande vantagem do IPv6 em relação ao IPv4 é a quantidade de endereços disponíveis e a falta de necessidade de racionalizar IPs.

Assim como ocorreu com o IPv4 ao longo dos últimos quase 30 anos, o IPv6 também há de “amadurecer” e receber atualizações ao decorrer dos próximos anos, que tornarão o protocolo ainda mais consistente e versátil.

Com informações: Avast e Internet Society

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Ricardo Fraga

Ricardo Fraga

Ex-redator

Ricardo Fraga é formado em jornalismo e já trabalhou como desenvolvedor de aplicativos. Cobrindo temas relacionados à tecnologia desde 2009, foi redator no Tecnoblog entre 2020 e 2021 e produziu conteúdos sobre softwares, hardwares e redes sociais para a editoria TB Responde. Antes disso, foi autor no Meio Bit e escreveu matérias sobre empresas de inovação como Google, Apple e Meta.