O que é overclock do processador e quais os riscos dessa prática?

Entenda para que serve o overclock em computação; processo pode ser feito em CPUs ou GPUs, mas requer cuidados para não danificar o processador

Emerson Alecrim Ana Marques
• Atualizado há 1 ano e 2 meses

Overclock é um procedimento que melhora o desempenho de uma CPU ou GPU com o aumento da velocidade de clock (frequência). Apesar dos benefícios, é preciso ter cautela. O overclock eleva o consumo de energia, o que pode fazer a temperatura do processador subir, causando instabilidade.

O overclock é frequente em PCs gamer (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
O overclock é frequente em PCs gamer (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

A seguir, entenda quando o overclock é recomendado, e saiba quais são as vantagens e desvantagens desse procedimento.

Quando fazer overclock no processador?

O overclock faz os núcleos de uma CPU ou GPU funcionarem com uma frequência acima da taxa definida pelo fabricante. Esse procedimento é útil principalmente para aumentar a velocidade do processador durante a execução de jogos com gráficos 3D complexos.

Também é possível usar o overclock para que aplicativos avançados, como softwares de edição de vídeo, alcancem o melhor desempenho possível quando os recursos de hardware do computador estiverem em sua capacidade máxima.

Posso fazer overclock na CPU?

Sim, possível fazer overclock na Unidade Central de Processamento (CPU). Mas é preciso ter um processador compatível com overclock. Na Intel, os chips Core desbloqueados para isso costumam ser identificados com o sufixo “K”, a exemplo do modelo Core i9-13900K. Na AMD, o suporte a overclock é padrão na linha de CPUs Ryzen.

Para o overclock funcionar sem causar danos ao chip ou instabilidades, pode ser necessário trocar o sistema de resfriamento por um que suporte temperaturas mais elevadas. Mesmo com isso, é importante não exagerar no aumento do clock.

Posso fazer overclock na GPU?

Sim, é possível fazer overclock na Unidade de Processamento Gráfico (GPU). O overclock aumenta a frequência de trabalho da GPU de modo que aplicações gráficas rodem com mais eficiência. Nos jogos, o procedimento pode aumentar a taxa de quadros por segundo (FPS), prevenindo lentidões ou até travamentos em cenas movimentadas.

É comum que fabricantes de placa de vídeo forneçam software de overclock, a exemplo do MSI Afterburner e do Asus GPU Tweak. Por meio deles, é possível aumentar o clock e outros parâmetros de modo gradual, bem como monitorar o funcionamento da GPU após o procedimento.

PC com sistema com water cooler da Alphacool (imagem: reprodução/Intel)
PC com sistema com water cooler da Alphacool (imagem: reprodução/Intel)

É possível fazer overclock no celular?

É possível fazer overclock no celular, mas esse não é um procedimento recomendado. Isso porque, normalmente, o overclock em smartphones exige o uso de softwares ou configurações que alteram o funcionamento do aparelho, o que pode causar brechas de segurança ou instabilidades.

Para aumentar o desempenho do celular, principalmente em jogos, é mais seguro reduzir a execução de apps em segundo plano, instalar uma atualização de software do sistema assim que disponível e, nos jogos, usar configurações gráficas adequadas para o hardware do aparelho.

Quais as vantagens de fazer overclock?

A prática do overclock é motivada por benefícios como:

  • Aumento de desempenho: o overclock de CPU ou GPU pode melhorar a execução de aplicações gráficas exigentes. Nos jogos, o ganho de desempenho é perceptível quando ocorre aumento na média de FPS;
  • Redução de gargalos: aumentar a velocidade de clock pode ser uma solução contra travamentos ou lentidões em jogos e softwares pesados;
  • Aumento dos detalhes gráficos: quando o aumento de FPS não for o único objetivo, o overclock pode permitir que determinados jogos rodem com gráficos 3D mais detalhados;
  • Controle de gastos: se o overclock fizer um game ou outra aplicação funcionar com mais fluidez, o usuário não precisará fazer upgrade do processador ou trocar a placa de vídeo, por exemplo;
  • Testes: o overclock pode ser útil para testes de software ou de configurações de hardware específicas.

Quantos FPS se ganha com overclock?

Não há um número exato de taxa de quadros (FPS) que ganha com o overclock, pois esse fator depende de outros parâmetros, como otimizações de softwares, configurações gráficas aplicadas e demais recursos de hardware.

Em linhas gerais, o ideal é que o overclock resulte em um ganho mínimo de FPS de 10-20%. Dependendo do jogo, o mais importante é garantir que haja quadros por segundo suficientes para que não ocorra gargalos que afetam a experiência do jogador.

O overclock pode melhorar o desempenho de games, mas o ganho de FPS depende de vários fatores (imagem: Murilo Tunholi/Tecnoblog)
O overclock pode melhorar o desempenho de games, mas o ganho de FPS depende de vários fatores (imagem: Reprodução/Murilo Tunholi/Tecnoblog)

É seguro fazer overclock no processador?

O overclock é seguro se feito sem exageros e, quando for o caso, com mecanismos de resfriamento próprios para isso. Mas, mesmo com todos os cuidados, o procedimento não está livre de problemas como instabilidade do sistema ou diminuição da vida útil do processador.

Quais os riscos de fazer overclock no processador?

Entre os problemas que o overclock pode ocasionar estão:

  • Superaquecimento: a ausência de um mecanismo de resfriamento capaz de lidar com o aumento de calor gerado pelo overclock pode fazer o processador esquentar demais, situação capaz até de causar danos permanentes;
  • Consumo de energia maior: o aumento da frequência faz a CPU ou a GPU demandar mais energia elétrica. Em muitos casos, o overclock requer até o uso de uma fonte de alimentação com mais capacidade;
  • Instabilidade do sistema: um overclock com ajustes inadequados pode fazer o computador travar, reiniciar ou apresentar mensagens de erros;
  • Vida útil: fazer o chip funcionar com frequência acima do clock base por muito tempo pode causar desgaste ou danos precoces em determinados componentes;
  • Perda da garantia: fabricantes de CPUs, placas de vídeo e até placas-mãe podem anular a garantia do produto em caso de overclock. No entanto, essa política pode ser inexistente ou flexível dependendo da categoria do item;
  • Barulho: durante o overclock, os coolers (ventoinhas) do sistema de resfriamento podem trabalhar em alta rotação para dissipar o calor resultante, tornando o computador bastante barulhento.

Quantas vezes por dia posso fazer overclock?

Não existe um limite por período que valha para todas as situações. Para diminuir as chances de o overclock causar problemas, convém realizar o procedimento somente quando houver ganho real de desempenho e, se possível, monitorar temperatura e outros parâmetros com softwares específicos para isso.

O que é preciso para fazer overclock?

Fazer overclock exige recursos de hardware ou software adicionais, que variam de acordo com o dispositivo a passar pelo procedimento. Estas são as exigências mais comuns:

  • Processador desbloqueado: certifique-se de que a CPU não tem travas para impedir o overclock. Os chips AMD Ryzen não costumam ter bloqueio. Na Intel, os modelos Cores desbloqueados são identificados com a letra ‘K’;
  • Placa-mãe compatível: é preciso checar se a placa-mãe é compatível, permitindo ajustes a partir do BIOS. Modelos de baixo custo podem ser baseados em um chipset que não possibilita overclock;
  • Fonte de alimentação adequada: em casos extremos, a demanda por energia causada pela overclock ou exigida pelo sistema de resfriamento requer uma fonte de alimentação com mais capacidade;
  • Sistema de resfriamento: dependendo do overclock, o cooler que acompanha o processador não é suficiente para dissipar o calor. É necessário, então, instalar um sistema de resfriamento mais avançado, como um water cooler;
  • Drivers atualizados: drivers atuais podem aumentar o desempenho da GPU, tanto sem quanto com overclock. É possível obtê-los nos seguintes sites:
  • Software de overclock: ferramentas como MSI Afterburner permitem fazer ajustes cuidadosos de clock e tensão, bem como definir limites de segurança para temperatura. Prefira os softwares recomendados pelo fabricante do produto;
  • Software de teste e monitoramento: ferramentas de testes e monitoramento não são obrigatórias, mas podem ajudar a avaliar os efeitos de um overclock e aplicar ajustes mais precisos. Uma opção conhecida é o software OCCT.
O software de overclock AMD Ryzen Master (imagem: reprodução/AMD)
O software de overclock AMD Ryzen Master (imagem: reprodução/AMD)

Qual é a diferença entre clock turbo e overclock?

O clock turbo (ou boost) é um recurso que faz o processador funcionar com uma frequência acima do clock base (padrão), mas ainda dentro dos limites de segurança estabelecidos pelo fabricante.

Normalmente, o clock turbo é um recurso automático. Isso significa que, em chips modernos, a velocidade de clock aumenta sozinha quando a demanda por processamento é maior. Trata-se de uma abordagem diferente do overclock convencional, baseado em aumento manual da frequência do processador.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

Ana Marques

Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.