O que faz a Palantir?

Palantir é uma empresa de tecnologia avaliada em quase US$ 22 bilhões, e que tem relação com governos de potências ocidentais

Ana Marques
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• Atualizado há 11 meses
Escritório da Palantir (Imagem: Divulgação/Palantir)
Escritório da Palantir (Imagem: Divulgação/Palantir)

A Palantir é uma empresa de tecnologia norte-americana que fez sua estreia na bolsa de valores de Nova York em outubro de 2020, com alta de 38%, tendo valor de mercado avaliado em  quase US$ 22 bilhões. Mas a companhia chama a atenção por manter uma relação controversa com o governo dos Estados Unidos, prestando serviços de análise de dados para agências de defesa e inteligência do país.

Tratamento avançado de dados

Fundada em 2003 pelo bilionário Peter Thiel, a Palantir Technologies tem esse nome em homenagem ao livro “O Senhor dos Anéis”, de J. R. R. Tolkien. No universo ficcional criado por Tolkien, os Palantír são artefatos mágicos que permitem ao detentor enxergar o que se passa em lugares distantes (no tempo ou no espaço).

A empresa teve a In-Q-Tel, braço investidor da CIA, como uma de suas principais investidores. O propósito da In-Q-Tel é apoiar o desenvolvimento e prover sempre o que há de mais avançado em tecnologia de informação para as agências de inteligência norte-americana.

A Palantir, por sua vez, fornece software e serviços de mineração de dados que ajudam empresas a lidarem com um gigantesco volume de informações. E mais que isso: a empresa conta com engenheiros que mesclam todas as informações obtidas nos mais diversos formatos em uma única plataforma de forma incrivelmente rápida e eficiente.

Combate ao crime e apoio ao Ocidente

De acordo com a própria companhia, sua tecnologia seria ideal para rastrear terroristas – algo que contribui para o rumor de que ela estaria envolvida nas buscas por Osama Bin Laden.

Cabe ressaltar também que o objetivo da Palantir é “apoiar o Ocidente”. Portanto, a empresa não faz negócios em países adversários aos Estados Unidos (e aliados), como China e Rússia.

Palantir
Imagem: Divulgação/Palantir

Uma empresa que não gera lucro

Falamos aqui de uma das startups mais valiosas do mundo, e que passa por uma onda de crescimento nos últimos anos. Em 2019, a Palantir conseguiu gerar aumento de 25% em receita, e vinha levando 2020 em bom ritmo, com subida de 49% no primeiro semestre, contra o mesmo período no ano anterior.

Entretanto, a empresa teve prejuízo líquido de cerca de US$ 580 milhões em 2019, somado a mais US$ 164,7 milhões nos primeiros seis meses de 2020, e ainda não obteve lucro.

A polêmica envolvendo privacidade

A empresa conta com dois braços principais: Palantir Gotham e Palantir Foundry. A primeira é focada em instituições governamentais, enquanto a segunda atende clientes privados, como indústrias aéreas, automobilísticas e farmacêuticas.

Isso quer dizer que apesar de ter nascido intimamente ligada ao governo dos Estados Unidos, e fornecer ferramentas para investigação de imigrantes ilegais no país, auxiliando no processo de deportação, a Palantir também presta serviços para outras agências públicas e clientes corporativos, como Airbus e Ferrari. Ela está espalhada por mais de 150 países.

No Reino Unido, a Palantir foi uma das empresas acionadas pelas autoridades para ajudar no controle da pandemia da COVID-19, o que inclui serviços de ciberespionagem prestados para o departamento de inteligência britânico, de acordo com a BBC.

É nesse ponto que muitos especialistas em privacidade alertam para possíveis abusos no uso de informações sensíveis – que contemplam desde carteiras de motoristas a resultados de saúde, incluindo swabs com DNA.

De acordo com um relatório emitido pela Anistia Internacional, a Palantir estaria desrespeitando fundamentos de direitos humanos ao faltar com transparência sobre como gerencia os dados obtidos por meio do trabalho com clientes distintos. No caso de sua cooperação ativa no processo de deportação dos EUA, a empresa poderia estar contribuindo para graves violações dos direitos humanos de migrantes.

Em resposta à Anistia Internacional, a Palantir garantiu que recusou algumas demandas com autoridades fronteiriças dos EUA justamente para evitar o uso cruzado de informações. Mas ainda assim, a companhia jogou a responsabilidade pelas políticas de proteção de dados para o governo.

“Nossa empresa foi fundada no Vale do Silício. Mas parece que compartilhamos cada vez menos os valores e compromissos do setor de tecnologia”, afirmou o diretor-executivo da Palantir, Alex Karp. “Escolhemos lados e sabemos que os nossos parceiros valorizam o nosso compromisso.”

Alex Karp, CEO da Palantir Imagem: Antoine d’Agata / Magnum Photos / The New York Times
Alex Karp, CEO da Palantir (Imagem: Antoine d’Agata / Magnum Photos / The New York Times)

Para o terror de Alex Karp, que se descreve como socialista e progressista, A Palantir esteve extremamente (e perigosamente) próxima ao governo de Donald Trump, sendo considerada uma “facilitadora” para o presidente dos Estados Unidos, o que acentuou uma má reputação aos olhos de muitos progressistas. Nesse cenário, a empresa enfrenta agora preocupações quanto às suas perspectivas durante o governo Biden.

Com informações: BBC, NYTimes

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Ana Marques

Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.

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