Review Beats Studio Buds: estilo, som vivo e alguns pepinos
Beats Studio Buds traz muitos recursos, tem boa integração com Android e iPhone (iOS), mas escorrega no cancelamento de ruído
Beats Studio Buds traz muitos recursos, tem boa integração com Android e iPhone (iOS), mas escorrega no cancelamento de ruído
A Beats vem trilhando um caminho bem interessante, se descolando um pouco da Apple para atrair novos públicos, principalmente aqueles usuários de Android. Mas esse distanciamento, claro, não é definitivo, afinal sacrificar a integração invejável com os produtos da Maçã parece não ser uma boa ideia, certo? O novo Beats Studio Buds representa exatamente essa fase mais aberta e tenta ser um fone de ouvido premium que atende perfis variados.
Ele se destaca pelo design exclusivo que contrasta com o Powerbeats e o coloca como concorrente direto do Sony WF-1000XM4 e até dos AirPods Pro. Além disso, este é o primeiro intra-auricular da marca com cancelamento ativo de ruído (ANC), que, aliás, me deixou reflexivo. Outros destaques são a autonomia de até 24 horas com o case, a proteção IPX4 e o “som potente e equilibrado”. Eu testei os novos Beats Studio Buds e compartilho as minhas impressões neste review.
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O Beats Studio Buds foi fornecido pela Beats por doação e não será devolvido à empresa. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.
O Beats Studio Buds tem um design curioso e muito próprio que me fez refletir “poxa, por que eles não desenvolveram algo semelhante no passado?”. Tirá-lo do case também é uma experiência diferente, pois os fones são pequenos e, por consequência, ficam facilmente “escondidos” na orelha, ainda mais se você tiver muito cabelo. Ao contrário do Powerbeats Pro, que é um produto com uma pegada esportiva, o Studio Buds não traz ganchos para as orelhas nem haste para microfones, prezando pelo minimalismo. E ali onde há o logo da Beats tem um botão físico que permite controlar as faixas em reprodução.
Cada fone pesa apenas 5 gramas, o que significa que o conforto esteve presente em todo o momento ao longo dos testes. No meu caso, porém, eu tive a impressão de o Studio Buds ficar mais “solto” no ouvido. Depois de alguns testes e trocando as ponteiras, eu percebi que era algo normal do produto e, mesmo com essa sensação, os dispositivos não chegaram a pular durante uma caminhada. A Beats ainda envia três pares de ponteiras na embalagem; a média já vem pré-instalada, mas resolvi fazer a substituição pela pequena por ficar mais estável.
Mesmo distante dos outros modelos focados no público esportista, os novos intra-auriculares da marca podem atender aquelas pessoas que praticam exercícios regularmente. Eles contam com a certificação IPX4, garantindo que o produto é resistente à água e ao suor. Além disso, na academia o Studio Buds novamente se mostrou um fone estável que aguenta as atividades e não gera pressão.
Eu realmente gostei desse formato e a versão vermelha deixou os vestíveis ainda mais bonitos e como faz falta opções coloridas em modelos topo de linha, não é? Precisamos sair um pouco dos tradicionais preto e branco. Seguindo a mesma linguagem visual dos fones, o estojo tem um formato de sabonete e é bem fino, então guardá-lo no bolso da calça não vai chamar tanta a atenção. Além do logo da Beats, a área frontal abriga um LED e na parte inferior há uma conexão USB-C para carregar a bateria. No interior, a marca colocou um botão de pareamento, o que nos leva ao próximo tópico do review.
Em termos de recursos e conectividade, eu fiquei reflexivo e me perguntando o que aconteceu com o time de hardware da Apple que simplesmente ignorou os chips W1 e H1, responsáveis por deixar o fone mais integrado ao iOS. Até mesmo o produto mais barato da empresa, o Beats Flex, tem ao menos o W1. Se você é usuário de Android, então pode ignorar tudo isso que eu estou falando. Apesar da ausência do H1, a Beats não sacrificou toda a integração.
Isso quer dizer que o Studio Buds pode acionar a Siri por comando de voz, via “Hey Siri”; assim que você abre o case pela primeira vez perto de um iPhone, o telefone já reconhece os fones instantaneamente; e os principais recursos do device, como cancelamento ativo de ruído e modo ambiente, passam a ser nativos do sistema iOS — abordo mais sobre ambos adiante. Entretanto, uma ausência notável é a sincronização do iCloud, que faz o fone se conectar com os seus aparelhos da Apple quando associados ao sistema de armazenamento em nuvem.
A única explicação para essas baixas só pode vir da atenção aos usuários de Android — e atenção não faltou, mesmo. Definitivamente, o Beats Studio Buds não é um produto exclusivo e a conexão USB-C no case já entrega isso de cara. Aliás, eu consegui conectar eles facilmente a um Galaxy Z Fold 3 e num Realme 8 5G.
Assim como no iOS e no iPadOS, o sistema do Google exibe um balão sugerindo o pareamento dos gadgets com a sua conta da gigante das buscas e a instalação do app da Beats para configurações. A única diferença em relação ao sistema da Apple é que você precisa segurar o botão do case para o telefone reconhecer os dispositivos. Depois disso, me chamou a atenção a boa integração com o Android e só faltou, mesmo, permitir acionar o Google Assistente por voz.
E pela primeira vez um dispositivo Beats é compatível com a rede Buscar (ou Find My), da Apple. Isso quer dizer que, quando pareado via Bluetooth com o iPhone, eu consigo ver a última localização dos fones e até emitir um som para encontrá-lo. O mais curioso é que a Beats usa o mesmo alerta sonoro dos Apple AirTags. Donos de Android podem ter acesso ao recurso pelo Encontre o Meu Dispositivo, porém ele não é capaz de gerar sons. No geral, é uma funcionalidade mais do que bem-vinda, ainda mais porque o Studio Buds são eletrônicos pequenos, e ela atuou bem por aqui em ambos os sistemas.
E chegamos no som. O Beats Studio Buds tem uma assinatura divertida e, embora não seja um fone potente, com graves e sub-graves efetivos, ele consegue entregar uma experiência sonora animada e envolvente. Eu não vou dizer que é um salto em relação aos outros modelos da marca, pois ainda tive aquela sensação “hum, eu conheço essa performance de outros Beats”. Sim, em outras palavras, isso significa que você vai se deparar com um fone menos fechado e que busca realçar os médios e agudos.
Eu, que não sou fã de modelos com essa pegada aberta, consigo gostar do Studio Buds pela boa estabilidade. Pop e eletrônica tocam com destaque para os agudos, médios e médios-altos, em simultâneo, as batidas soam achatadas e não ficam impactantes como no novo Galaxy Buds 2, que eu consegui testar rapidamente antes do lançamento oficial no Brasil. Além dos instrumentos agudos, o Studio Buds tende a reforçar o vocal, deixando-o bem salientado em algumas faixas.
Este também é um bom fone para reproduzir rock, tendo em vista que há um balanceamento interessante entre as frequências, evitando estridência ou embolação. Vocal, guitarra, baixo e bateria são pronunciados com bastante equilíbrio. Apenas aqueles ouvidos que apreciam batidas estão propensos a evitar o novo topo de linha da marca norte-americana. E, infelizmente, equalizador é um recurso que está de fora.
O Beats Studio Buds suporta Áudio Especial com Dolby Atmos do Apple Music. Apesar de a compressão do Bluetooth interferir um pouco na qualidade, eu garanto que dá para obter uma sonoridade envolvente e divertida. Não dá para dizer que todas as músicas repercutem com estabilidade nessa configuração; em algumas apresentações, é possível sentir uma certa estridência, mas a experiência não deixa de ser positiva.
O microfone tem uma qualidade decepcionante e a compressão é a grande responsável por isso. Ele deixa a voz da pessoa distante e os ruídos externos não são filtrados e interferem no áudio. É claro que eu não posso cobrar muito dos componentes, já que estamos falando de um fone Bluetooth e, por isso, o desempenho tende a ser inferior. Mas não posso fechar os olhos para essa qualidade, uma vez que este é um produto de quase R$ 2 mil — faltou investimento por parte da empresa.
A Beats explica que um algoritmo é responsável por monitorar o barulho externo, filtrando o ruído para impedir que ele interfira na experiência sonora. Mas eu tenho que admitir que o cancelamento ativo de ruído (ANC) do Studio Buds me deixou um tanto intrigado. Eu fiz vários testes na rua, em estações de metrô, trem e na academia; nesses ambientes e em outros, o recurso se mostrou fraco e não conseguiu reduzir sons do cotidiano, como latido de cachorro, carros e motos.
Dentro de um vagão de metrô, eu pude constatar que o ANC não promove aquela sensação de abafamento. Ao mesmo tempo, foi possível escutar o ruído da locomotiva e principalmente as vozes das outras pessoas conversando. É uma experiência que eu não esperava para um topo de linha. Fones intermediários com noise cancelling, a exemplo do Huawei FreeBuds 4i, conseguem reduzir radicalmente esses ruídos. Na academia, a tecnologia também não foi capaz de reduzir a música alta do local, mas atuou melhor que no metrô e no trem.
Por sua vez, o modo ambiente é transparente demais, mas isso não necessariamente representa ponto negativo. Nos meus testes, ele foi útil e me permitiu acompanhar o que acontecia à minha volta sem precisar retirar os vestíveis do ouvido.
Com relação à autotomia, são 8 horas de reprodução com o cancelamento ativo de ruído desligado ou até 5 horas com a tecnologia ligada. Em um dia de avaliação, conectados a um iPhone 12, com o volume em 50% e o cancelamento ativo de ruído em funcionamento, o fone esquerdo tocou por 5h04min; o direito desligou depois de 10 minutos, portanto ele cumpre o que promete.
O Beats Studio Buds é um fone elegante, que aposta num design confortável, entrega boas tecnologias para a categoria e o melhor de tudo: os dispositivos interagem bem com os sistemas Android e iOS. É bom ver a Beats caminhando com as próprias pernas e se apresentando como uma empresa não-exclusiva para atrair outros públicos. Como eu disse no início deste review, mais do que nunca, o Studio Buds representa muito bem essa fase.
A estratégia é acertada, mas tudo isso não é capaz de fazer o Beats Studio Buds ser o meu fone principal. E não é só pela sonoridade aberta que eu não sou fã — volto a lembrar que gosto da assinatura da marca, sobretudo pela estabilidade. A questão aqui é que dava para entregar mais, afinal, este não é um produto barato. O cancelamento ativo de ruído é fraco e perde para fones intermediários, o equipamento fica devendo integração com o iCloud, carregamento sem fio foi esquecido e a qualidade do microfone não convence.
Mesmo com alguns contras significativos, o modelo não deixa de ser interessante, pois o som é vivo e divertido e, mesmo sem o chip H1, a integração com os devices Apple não foi 100% abandonada. O Studio Buds é um bom gadget para apreciadores do mundo Beats, usuários de Android e para pessoas que curtem sonoridade aberta e podem, claro, pagar R$ 1.799 no modelo. Para finalizar, eu quero dizer que adorei conhecer o Studio Buds, mas vou esperar pelo Studio Buds 2.
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