Review Beats Fit Pro: esqueça o Studio Buds
Equipado com o chip H1, da Apple, Beats Fit Pro se torna os AirPods Pro da Beats, porém com mais vida no som e na autonomia
Equipado com o chip H1, da Apple, Beats Fit Pro se torna os AirPods Pro da Beats, porém com mais vida no som e na autonomia
O Beats Fit Pro é o mais recente fone totalmente sem fio da subsidiária da Apple. Posicionado entre o Studio Buds e o Powerbeats Pro, o dispositivo tem os mesmos recursos dos AirPods Pro, incluindo cancelamento ativo de ruído, áudio espacial e integração nativa com os produtos Apple, graças ao chip H1. Mesmo oferecendo as principais tecnologias dos AirPods, o Fit Pro custa R$ 400 a menos, mas ainda não deixa de ser um fone caro.
Com design especial, trazendo fixadores flexíveis e certificação IPX4, o Beats Fit Pro também tenta atrair quem pratica atividades esportivas com frequência. O Tecnoblog teve a oportunidade de testar o novo fone da Beats para contar, nos próximos minutos, se vale pagar os R$ 2.600 que a marca pede.
O Tecnoblog é um veículo jornalístico independente que ajuda as pessoas a tomarem sua próxima decisão de compra desde 2005. Nossas análises não têm intenção publicitária, por isso ressaltam os pontos positivos e negativos de cada produto. Nenhuma empresa pagou, revisou ou teve acesso antecipado a este conteúdo.
O Beats Fit Pro foi fornecido pela Beats por doação e não será devolvido à empresa. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.
O Beats Fit Pro é quase uma releitura do Beats Studio Buds, o primeiro fone no formato intra-auricular com cancelamento ativo de ruído da empresa. A única diferença fica na ponteira flexível, que serve para os dispositivos ficarem bem firmes durante as atividades físicas. A estratégia também me faz pensar que a marca está acenando para aqueles usuários de Powerbeats e Powerbeats Pro, que cogitam fazer o upgrade a partir de agora.
Mesmo praticando exercícios com uma certa frequência, eu não sou o maior fã dessas “barbatanas”. Mas, pela primeira vez, eu não me vi reclamando o tempo todo de dor após usar esses Beats. Isso é um ponto muito positivo, pois, ao contrário do Jaybird Vista 2, as alças do Fit Pro são fixas e você só consegue remover as borrachinhas que vão no canal auditivo. Por falar nelas, eles enviam três pares, mas aqueles pré-instaladas já ficaram muito confortáveis, no meu caso.
Estes são ótimos fones para você que faz caminhada, corrida, ciclismo e outras atividades mais intensas. A minha experiência, com caminhada matinal ao ar livre e também na academia, foi muito positiva. A sensação de segurança, graças às barbatanas, a ausência de pressão e o conforto durante o treino são pontos fortes do produto. Ele ainda traz certificação IPX4, portanto uma chuva leve e um pouco suor não devem danificar o produto.
Como você pode ver nas imagens, o estojo é bem volumoso em comparação com o dos AirPods Pro e do Studio Buds. Ele também acompanha o excelente acabamento dos fones e a Beats criou toda uma paleta de cor para combinar os produtos. O Tecnoblog recebeu a versão batizada de “grafite e menta”, que eu achei muito bonita e sofisticada. Outras opções disponíveis no Brasil são preto, branco e roxo pastel. O usuário só precisa tomar cuidado durante o manuseio, pois a tampa do acessório aparenta ser frágil.
Assim que você abre o case pela primeira vez perto de um iPhone, aparece um balão sugerindo o pareamento. E como as informações de conexão ficam armazenadas no seu iCloud, é possível “transitar” com o Beats Fit Pro entre os seus aparelhos da Maçã; vale para Mac, iPad, Apple Watch. Eu pude alternar a conexão entre iPhone e MacBook Pro para escutar um áudio ou assistir a um vídeo sem precisar reconectar a toda hora.
Isso é possível graças ao H1, nome do chip próprio da Apple e que também está nos AirPods Pro. Essa integração faz com que o seu iPhone tenha recursos nativos para o fone da Beats. Eu posso usar a central de controles para ligar e desligar o cancelamento de ruído, ou ativar o áudio espacial. Nas configurações do celular, em Bluetooth, você pode alterar os comandos dos botões físicos do fone e checar se o encaixe está correto no ouvido.
Outras ações disponíveis são o acionamento da Siri por comando de voz, leitura de notificações que chegam no celular e localização dos fones através da rede Buscar (Find My), do iPhone.
Para quem usa Android, basta instalar o aplicativo oficial da Beats para ter algumas dessas funções. Conectados a um Redmi Note 11, eu consegui ter ações básicas, como alternar entre cancelamento de ruído e modo ambiente, configurar a detecção automática de uso, as ações por toques e verificar se ambos estão bem encaixados nos ouvidos. Outros recursos avançados ficaram restritos ao sistema iOS, ao menos o app no Android funciona sem problemas.
A tecnologia Fast Pair, do Google, que agiliza o pareamento no Android, é encontrada no Beats Studio Buds e não no Fit Pro. Isso, de certa forma, até faz sentido, já que o segundo fone tem o melhor e mais recente processador exclusivo da Apple atualmente, e o primeiro, não. Por isso, você terá que apertar o botãozinho no estojo para fazer o pareamento, mas esse processo é muito rápido.
Com o Beats Fit Pro, a Beats volta às origens, mas com um certo equilíbrio. Eu sempre vou defender que esse novo fone são os AirPods Pro, porém com mais graves. Ainda que seja um produto com um bom ANC e ótimos recursos, os devices da Apple são neutros demais para os meus ouvidos e às vezes soam sem graça. Ao ligar o Fit Pro pela primeira vez, eu tive a sensação de estar usando os AirPods Pro, mas com outra assinatura.
Considerando que o último lançamento deles, o Beats Studio Buds, manteve essa neutralidade, dá para dizer que o Fit Pro surpreendeu, mesmo. Muito provavelmente a empresa seguiu por esse caminho, pois esse novo true wireless é dedicado para quem está sempre em movimento, logo faz sentido entregar toda essa energia.
Big Energy, da rapper Latto, tem uma apresentação para cima, com graves pulsantes que não geram dores de cabeça. Os médios são um pouco mais fechados e os agudos, nessa faixa em específico, carecem de brilho, mas ao menos não são atropelados por outras nuances. Já em outra canção, Empire State Of Mind, da Alicia Keys, agora com foco total nas frequências altas (onde estão médios e agudos), o vestível da Beats apresenta desenvoltura, não se perde e entrega estabilidade.
No rock do Creed, Torn começa com os instrumentos graves ecoando junto do vocal, e sem embolação. Poucos segundos depois, na parte mais intensa, o Beats Fit Pro não ignora os agudos presentes ali e toda a agressividade da faixa não afeta “negativamente” os seus ouvidos.
O Ari Liborio, editor audiovisual do Tecnoblog, é muito exigente ao analisar qualidade sonora. Eu o convidei para dar seus pitacos sobre esse fone, e ele compartilha o seguinte:
“As frequências médias do Fit Pro soam um pouco exageradas com um rock e em música alternativa. Com certeza uma equalização ajustaria isso. A qualidade incrível dos graves, subgraves e o belíssimo equilíbrio nas frequências mais altas lhe transporta diretamente para a primeira fila de um show ao vivo — a música se torna envolvente. Posso dizer o mesmo sobre conteúdos multimídia, ao assistir a um filme com Dolby Atmos, a sensação é que eu tivesse um sistema de som surround de uma sala de cinema nos meus ouvidos”.
O modelo ainda suporta Dolby Atmos do Apple Music. Não são todas as músicas vão soar bem com a tecnologia ativada, mas algumas até ficam boas, embora ainda seja algo subjetivo.
Por último, mas não menos importante, há o áudio espacial com rastreamento dinâmico. Ele ajusta o som conforme você mexe a cabeça, dando a sensação de ele estar vindo dos lados, da frente, de cima e de trás. É uma experiência incrível, porém é importante você saber que a funcionalidade reduz o volume da música, e opera melhor com filmes e séries. Infelizmente, o áudio espacial não funciona no Android.
O microfone foi a grande decepção no review do Studio Buds. Agora, no Fit Pro, não espere nada fantástico, mas o desempenho chega a ser superior em relação ao Studio. Existe, sim, aquela clássica compressão do Bluetooth e ele não vai eliminar o ruído que está à sua volta como outros fones mais caros fazem.
Mesmo assim, o Fit Pro mantém uma comunicação clara. Eu notei que os componentes conseguem amplificar significativamente a sua voz, o que é muito bom para videochamadas, principalmente em lugares barulhentos. Por último, apesar da compressão, você não sente aquele aspecto metalizado.
O cancelamento ativo de ruído exerce um papel fundamental para promover uma experiência sonora envolvente, que é uma das principais características desse fone. A tecnologia da Beats é muito semelhante ao dos AirPods Pro, certamente porque ambos compartilham o mesmo processador e, em razão disso, eles conseguem entregar algo semelhante.
No metrô, local onde há muita interferência sonora e de forma intensa, você pode ativar o ANC do Beats Fit Pro e se concentrar apenas no som que sai dos fones. Ele vai reduzir consideravelmente aqueles ruídos mais graves da locomotiva e a interação das outras pessoas que estão no mesmo ambiente. Na academia, a resposta dele é ainda mais satisfatória e a música alta do local não deve atrapalhar a sua que toca no fone.
Fazendo uma análise num shopping, eu pude notar que o Beats Fit Pro é eficiente em vedar barulhos altos que estejam distantes. Mas, caso haja pessoas conversando perto de você, ainda será possível escutar o burburinho em volta, que pode ser reduzido ao reproduzir uma música combinada com o ANC. O modo ambiente, que ativa os microfones para a pessoa escutar o ruído ambiente sem precisar remover os vestíveis, também funciona muito bem e soa natural.
A autonomia de bateria é um destaque em relação aos AirPods Pro. A Apple promete quatro horas e meia de som para o seu fone, enquanto a Beats fornece até seis horas com o ANC ligado. Esse número pode avançar para sete horas com a tecnologia desativada. Nos meus testes, tocando com o volume em 50% e com o ANC ligado, o wearable direito desligou depois de 7h13min; o esquerdo desligou 14 minutos depois, portanto temos aqui números excelentes.
O único problema dessa experiência é que a Beats ainda insiste em não oferecer carregamento sem fio. Para um eletrônico tão caro, ignorar essa tecnologia é bem decepcionante.
O Studio Buds me frustrou tanto que as minhas expectativas com o Beats Fit Pro eram baixíssimas desde a sua apresentação global. Eu estava enganado e, agora, posso dizer que o Fit Pro é o melhor que a Beats tem a oferecer, hoje. Ele não comete os erros do passado, com graves explosivos que incomodavam muita gente, nem se cola demais na Apple, apostando num som neutro e, às vezes, sem graça. Pelo contrário, o Beats Fit Pro tem vida, equilíbrio e uma verdadeira experiência.
Em termos de usabilidade e recursos, a marca está seguindo um bom caminho ao se aproximar de usuários de Android, enquanto no ecossistema Apple essa experiência já está muito sólida. Como próximo passo, eu adoraria ver a empresa levando a experiência hoje restrita ao iOS para esse público do Android. Por fim, faltou carregamento sem fio e eu queria entender o porquê de a Beats ignorar tanto essa tecnologia a cada novo fone.
Apesar disso, o Fit Pro vale muito a pena para você que está disposto a pagar o que eles pedem. O Jaybird Vista 2 e o Bose Sport Earbuds, atualmente mais em conta no varejo, são uma alternativa interessante para quem ainda procura um TWS focado em atividades. O modelo da Beats, por outro lado, pode atender quem não curtiu a neutralidade dos AirPods Pro. Nesse caso, ele se torna mais vantajoso, já que é mais barato que o gadget da Apple.