Diablo Immortal é divertido, mas as microtransações arruínam o jogo inteiro
Diablo Immortal tinha potencial para redefinir o senso comum de que games mobile são armadilhas de dinheiro, mas ele só reforça essa ideia
Diablo Immortal tinha potencial para redefinir o senso comum de que games mobile são armadilhas de dinheiro, mas ele só reforça essa ideia
Nas últimas semanas, tenho tentado me aventurar em Diablo Immortal, porém sem muito sucesso. Quando encontro tempo livre, pego meu celular e faço algumas tarefas diárias, mas fecho o jogo em questão de minutos. Apesar do game ser divertido, a Blizzard pesou muito a mão nas microtransações, arruinando qualquer aspecto positivo do RPG. Continua comigo que detalho minha visão nas linhas a seguir.
Diablo Immortal é digno de fazer parte da icônica série de RPGs de ação da Blizzard. A jogabilidade é boa, a história não deixa a desejar, e o trabalho de voz original dos personagens é de alta qualidade. No geral, a experiência é gratificante. Confesso que, no início, não me dei bem com os comandos na tela do celular, mas isso mudou depois que comprei um suporte para controle e passei a jogar com o DualSense do PS5.
Logo de cara criei um Monge — classe que utilizei por anos em Diablo 3. Evoluí rápido e sem problemas até o nível 30, completando as missões da campanha principal. Contudo, cheguei a um ponto em que o jogo bloqueou meu progresso na história. Para continuar, eu deveria evoluir até o nível 36 por meio de conteúdos secundários, desde caçadas até fendas de desafio.
Essa limitação de Diablo Immortal não seria um problema, se ela existisse somente para introduzir os conteúdos secundários. O ideal seria fazê-los uma única vez para liberar o progresso na campanha principal. Porém, não é isso que acontece. Tive que repetir diversas vezes as mesmas atividades só para evoluir meu personagem, e não foi um processo rápido.
Eliminar monstros e completar missões não são as formas mais ágeis de evoluir. Na verdade, o maior ganho de experiência vem ao completar tarefas do Passe de Batalha. Após terminar todas as missões secundárias do dia, não há mais o que fazer para evoluir. Nem se eu quisesse passar horas matando criaturas nos mapas seria possível ganhar níveis, porque a experiência recebida é mínima.
Sem pagar, você até consegue chegar ao final da campanha, que termina no nível 60. No entanto, Diablo Immortal permite que os jogadores continuem evoluindo os atributos dos seus personagens por meio dos níveis de Excelência — ou Paragon. É aqui que a situação complica de verdade, porque se você não pagar para evoluir, será necessário gastar muito tempo repetindo as mesmas tarefas diárias inúmeras vezes.
Há ainda um problema maior no jogo do que só evoluir: o custo da itemização. Após terminar a campanha, o objetivo do jogo muda completamente. A ideia é fazer o personagem ficar cada vez mais forte para completar desafios mais difíceis e oponentes mais poderosos nas partidas do modo PvP (jogador contra jogador).
Essa dificuldade que escala também está presente nos jogos tradicionais de Diablo, porém não é preciso pagar para fortalecer o personagem. Você só precisa obter itens lendários que combinam entre si e pronto.
Em Diablo Immortal, contudo, não é tão simples assim. Além de ter a sorte de conseguir itens lendários, esses equipamentos podem ter bônus diferentes, conforme sua raridade. Também é preciso encantá-los com gemas, as quais também devem ser evoluídas utilizando recursos especiais obtidos jogando ou comprando por microtransações.
As gemas, por sua vez, são obtidas aleatoriamente durante o game ou em loot boxes compradas na loja. Em outras palavras, você paga não só para ter a chance de conseguir o item, como também para melhorá-lo.
Até dá para tentar evoluir o seu personagem sem pagar nada, mas já adianto que o processo pode demorar anos, dependendo da sua sorte. Se quiser ter a mínima chance de completar as fendas mais difíceis ou enfrentar outras pessoas nos modos PvP, é praticamente obrigatório investir centenas ou até milhares de reais para equipar o personagem com os melhores equipamentos.
Diablo é um jogo de loot, e eu amo a sensação de conseguir um item lendário que combina com as habilidades que utilizo. A explosão de serotonina ao obter um equipamento laranja é o que me atrai nesse tipo de game. O problema de Diablo Immortal é que mesmo conseguindo vários itens lendários, sei que nunca ficarei forte o suficiente, se não gastar dinheiro real.
Diablo Immortal tinha potencial para ser um jogo capaz de redefinir o senso comum de que games mobile no modelo free-to-play (grátis para jogar) são apenas armadilhas de dinheiro. Infelizmente, o RPG de ação da Blizzard não só mantém essa mentalidade, como também a reforça.
Você joga Diablo Immortal? Conta para a gente na Comunidade do Tecnoblog como tem sido a sua experiência no game até agora.