Moto G5: bom, mas com poucas novidades

Modelo é opção para quem busca algo abaixo dos R$ 1.000. Mas não espere por grandes inovações.

Emerson Alecrim
Por
• Atualizado há 10 meses
Moto G5

O Moto G5 chegou no começo de março com a missão de manter a aceitação de uma linha que, apesar de já não sustentar a reputação das primeiras gerações, continua ocupando lugar de destaque nas prateleiras. Mas logo de cara a gente percebe que não é uma missão fácil: no hardware, a novidade não evoluiu muito em relação ao Moto G4.

Na verdade, a impressão inicial é a de que deram alguns passos para trás: o processador Snapdragon 617 cedeu lugar a um Snapdragon 430, a tela passou de 5,5 polegadas para 5 polegadas, e a bateria vem com 2.800 mAh contra os 3.000 mAh da geração anterior.

Mas a Lenovo assegura que o Moto G5 consegue oferecer uma experiência de uso rica, especialmente por conta de alguns recursos novos ou renovados. Será? Eu testei o smartphone por alguns dias e conto tudo o que constatei nas linhas a seguir. Me acompanhe.

Design

Depois do já clássico Moto X 2013, o G5 é o aparelho Moto que mais bem se encaixou nas minhas mãos. E eu tenho ouvido outras pessoas dizendo coisas semelhantes. A traseira possui uma textura fosca que, além de repelir marcas de dedos, oferece boa aderência. De maneira complementar, as laterais têm uma curvatura uniforme e que dá bastante área para apoio dos dedos. Em resumo, o modelo não é do tipo que escorrega facilmente. A espessura de 9,5 mm contribui para isso.

Moto G5

Esteticamente, o Moto 5 também agrada (ao menos a mim). O design tem características que remetem à linha Moto Z, como a estrutura circular de vidro que envolve a câmera traseira e o flash LED, mas sem formar “calombo”. Essa comparação não vale para o leitor de impressões digitais, que continua ali na frente, mas agora fica numa área arredondada e mais achatada, não lembrando tanto um botão físico.

Moto G5
O corpo da tampa é de plástico, mas o painel que ocupa quase toda a superfície desta é de alumínio
O corpo da tampa é de plástico, mas o painel que ocupa quase toda a superfície desta é de alumínio

A tampa traseira é removível e revela a bateria. Aliás, você vai precisar tirar o componente para inserir os SIM cards, assim como o microSD (o slot deste fica acima da entrada do SIM card 1). Mas é necessário ter paciência aqui: mesmo seguindo as instruções do manual, não é tarefa fácil remover a traseira. Não são pequenas as chances de você perder alguns pedaços de unha no processo…

Tela

Quem gosta de telas grandalhonas provavelmente vai torcer o nariz para o Moto 5. No modelo, o componente tem tela IPS de 5 polegadas (contra 5,5 polegadas da geração anterior). Mas essa não é uma característica negativa para todo mundo: aqueles que, como eu, têm dificuldades para tocar em certos pontos do display quando seguram o aparelho com uma só mão não precisarão fazer tantos malabarismos para esse fim.

De todo modo, há uma compensação para a perda de tamanho na tela. No Moto G5, o sensor de impressões passou a suportar gestos (falo deles logo mais). Graças a isso, você pode desativar os botões virtuais do sistema e, assim, contar com mais área útil na interface.

As bordas da tela são um tanto generosas
As bordas da tela são um tanto generosas, não?

A resolução é full HD e tem 441 ppi. As informações são exibidas na tela com cores vivas, mas sem saturação excessiva e, quando visualizadas sob ângulos diferentes, apresentam pouca perda de tonalidade — exceção para o preto, que acaba caindo um pouco para o cinza. O brilho máximo não é o mais alto que já vi em um smartphone, mas vai permitir que você enxergue o conteúdo da tela em lugares fortemente iluminados.

Falando em iluminação, o sensor de luminosidade funciona bem, ajustando adequadamente o brilho em ambientes com menos ou mais claridade. Ele só demora um pouquinho para fazer esse trabalho.

Software

Não se preocupe: a Lenovo não cometeu o deslize de não usar a versão mais atual do Android. O Moto G5 sai de fábrica com o Android 7.0 Nougat e uma interface com apenas algumas modificações — ainda dá para dizer que temos um sistema operacional “quase puro” aqui.

Em menus, listas de apps e afins quase não há mudanças, excesso por um widget aqui, um leve efeito de transição ali. Os diferenciais estão nos recursos do aplicativo Moto: com ele você pode configurar gestos e recursos de tela.

Moto G5 - interface

Para quem já tem ou teve certos smartphones da linha Moto, os gestos são bem conhecidos: segurando o aparelho, gire o punho duas vezes seguidas para ativar a câmera a qualquer momento (tipo Sinhozinho Malta, para quem pegou a referência); agite o aparelho duas vezes rapidamente para ativar o modo lanterna; deixe a tela virada para baixo sobre uma superfície para silenciar notificações; entre outros.

O Moto Tela — outro velho conhecido — também é bem legal. Esse modo exibe algumas notificações na tela de bloqueio e mostra o relógio automaticamente quando o smartphone é movimentado ou tirado do bolso, por exemplo.

Me agrada muito o fato de a Lenovo não encher o dispositivo de apps duvidosos. Os aplicativos pré-instalados são os essenciais: as ferramentas do Google, alguns recursos próprios da linha Moto e só. Nada de antivírus ou trial de games.

Câmeras

Moto G5 - câmera

A câmera do Moto G5 agrada, mas não impressiona. Na verdade, tive a impressão de que houve um ligeiro retrocesso aqui (novamente, comparando com a geração anterior). Com sensor de 13 megapixels e lente com abertura f/2,0, o componente faz bons registros, mas não raramente há falhas que não passam despercebidas.

Muitas vezes, há um excesso de branco, que pode inclusive deixar a imagem estourada. Também é relativamente fácil se deparar com perda de definição e ruído, mesmo em cenários bem iluminados. Pelo menos o modo HDR consegue dar uma amenizada nesses problemas.

E esse céu branco que não era branco?
E esse céu branco que não era branco?
Com HDR
Com HDR
Sem HDR
Sem HDR
O HDR ajuda muito, mas não faz milagres
O HDR ajuda muito, mas não faz milagres
Sem HDR
Sem HDR
Com HDR
Com HDR

À noite ou em ambientes com um pouco menos de luz, talvez você tenha que tentar duas ou três vezes para fazer um registro decente por causa de uma certa letargia na focagem. Mas é assim com muitos smartphones, certo?

Foto feita com o Moto G5

Na frente, temos uma câmera com 5 megapixels e abertura f/2,2. Os resultados, na maioria das vezes, são satisfatórios. Sem empolgar, mas são. Os problemas de excesso de branco e perda de definição também ocorrem, mas não em níveis dramáticos. O pós-processamento dá uma suavizada nesses deslizes, mas não ao ponto de deixar a cara “lavada”.

Sem HDR
Sem HDR
Com HDR
Com HDR

Desempenho e bateria

O Moto G4 tem como processador o octa-core Snapdragon 617. Já o Moto G5 sai de fábrica com um Snapdragon 430 de 1,4 GHz, também de oito núcleos. Sim, é como se tivéssemos tido um downgrade aqui, mas as diferenças entre ambos os chips são pequenas. Na prática, o aparelho corresponde às expectativas esperadas para um smartphone intermediário.

Aplicativos de redes sociais, players de mídia, navegadores, enfim, tudo rodou numa boa, inclusive em multitarefa: deixei o Deezer tocando música enquanto usava Google Maps e Chrome, e não notei nenhuma queda de desempenho.

Se bem que a alternância entre apps quando muita coisa está sendo usada me pareceu vagarosa, embora discretamente. No final das contas, os 2 GB de RAM que o dispositivo tem dão conta do recado (certamente, a versão com 3 GB de RAM, não comercializada no Brasil, leva a melhor nesse aspecto, mas enfim).

Pontuações no AnTuTu 6.2.7, Geekbench 4 e 3DMark
Pontuações no AnTuTu 6.2.7, Geekbench 4 e 3DMark

Nas aplicações mais pesadas, o comportamento foi decente. Aparentemente, a GPU Adreno 505 compensou, dentro daquilo que lhe cabe, a ausência de uma CPU mais forte. Need for Speed No Limits e Unkilled se saíram bem nos testes. É verdade que, neste último, as cenas mais movimentadas tiveram queda na taxa de frames, mas nada muito preocupante: deixe as configurações gráficas no médio ou em automático e tudo fica nos conformes.

Também testei o áudio. Olha, se você estiver em um churrasco ou em um almoço de domingo com a galera, a dica é usar caixas Bluetooth ou algo similar. A saída de som, na parte frontal do aparelho, é baixa, não passando de um recurso bem básico. Deu saudades dos alto-falantes do Moto G3.

Já o sensor de impressões digitais eu curti bastante. Ele funciona bem, destrava o aparelho rapidamente e suporta gestos, lembra que eu falei disso? Estranhei bastante no começo, mas depois que me acostumei com o recurso (é necessário ativá-lo no app Moto, o que faz os botões virtuais do sistema ficarem inativos), não larguei mais.

Deslize o dedo para esquerda para voltar; arraste para a direita para abrir a lista de aplicativos; um toque rápido faz o sensor funcionar como botão Home. Você vai se confundir nas primeiras tentativas, mas pegará o jeito. E tudo funciona rápido! Não digo que é um recurso indispensável, mas achei bastante prático executar essas ações a partir de um único ponto abaixo da tela.

Moto G5

Falta falar dela: a bateria com seus 2.800 mAh. Digo apenas que o componente é ok. As tarefas executadas para o teste de autonomia foram as seguintes: filme A Teoria de Tudo via Netflix e tela com brilho máximo (2h03min), Need for Speed No Limits (20 minutos), Unkilled (20 minutos), Deezer (uma hora), navegação via Chrome (30 minutos) e uma chamada (10 minutos). Demorei, em média, cinco minutos para alternar entre os apps. Depois de tudo isso, a carga da bateria caiu de 100% para 42%.

Devo dizer que o Moto G5 suporta recarga rápida, mas o carregador que vem junto com o aparelho não oferece essa possibilidade. Com ele, gastei cerca de duas horas e meia para fazer a carga ir de 10% para 100%.

Moto G5

Conclusão

Não é o Moto G5 que vai trazer de volta a sedução que as primeiras gerações da linha tinham em termos de custo-benefício. Mas, para quem está buscando um smartphone que não ultrapassa a barreira dos R$ 1.000, o G5 é uma opção a se considerar: o aparelho tem preço oficial de R$ 999, mas já o encontrei com uns R$ 100 de desconto no varejo.

O modelo tem um tamanho de tela que não é grande e nem pequeno demais — quem quiser algo maior pode recorrer ao Moto G5 Plus, por exemplo —, além de entregar bom desempenho nas aplicações mais comuns e oferecer um conjunto consistente de recursos, incluindo o sensor de digitais.

Outro detalhe: o G5 só tem resistência a respingos d’água; nada de certificação IP67
Outro detalhe: o G5 só tem resistência a respingos d’água; nada de certificação IP67

Provavelmente, o maior problema aqui é mesmo a sensação de falta de novidade: em relação ao Moto G4, a gente observa apenas algumas poucas melhorias, tanto que, se você tem um aparelho de quarta geração, a migração para o Moto G5 não deve valer a pena. Se você tem um Moto G3 ou anterior e quer continuar com um Moto, dá para pensar no assunto, do contrário, creio que compensará mais esperar pelo sucessor.

Encontramos aqui aquele tipo de smartphone que cumpre o que promete, mas não tem nenhuma característica que, por si só, pesa na decisão de compra. Para não dizer que não há inovação, temos os gestos no sensor de digitais, mas eles não são imprescindíveis.

No resumo da ópera, o Moto G5 é um intermediário que leva bem a sério o conceito de… intermediário. E só.

Especificações técnicas

  • Bateria: 2.800 mAh;
  • Câmeras: 13 megapixels (traseira) e 5 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, Glonass, Bluetooth 4.2, USB 2.0, rádio FM;
  • Dimensões: 144,3 x 73 x 9,5 mm;
  • GPU: Adreno 505;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 128 GB;
  • Memória interna: 32 GB (24,6 GB disponíveis);
  • Memória RAM: 2 GB;
  • Peso: 144,5 gramas;
  • Plataforma: Android 7.0 Nougat;
  • Processador: octa-core Snapdragon 430 de 1,4 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, giroscópio, luminosidade, impressões digitais;
  • Tela: IPS LCD de 5 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels (441 ppi) e proteção Gorilla Glass 3.

Moto G5

Prós

  • Leitor de digitais com gestos é uma ideia legal
  • Design externo proporciona boa pegada
  • Desempenho decente

Contras

  • Que tampa traseira chata de tirar
  • Som externo fraquinho
  • A câmera está longe de ser ruim, mas merecia uma incrementada
Nota Final 8.3
Bateria
8
Câmera
8
Conectividade
8
Desempenho
8
Design
8
Software
9
Tela
9

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Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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