SlidePad, o dois-em-um da LG para o mercado brasileiro

Lucas Braga
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• Atualizado há 11 meses

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A LG nunca se deu muito bem no mercado dos tablets, mas agora aproveitou o Windows 8 e criou um produto dois-em-um que combina notebook e tablet. Se trata do SlidePad, produzido especificamente para o mercado brasileiro. O produto tem um formato curioso: basta apertar um botão e o teclado se abre automaticamente, transformando o set todo em uma espécie de ultrabook.

Passamos um mês testando o híbrido. Veja o que ele tem de especial além do design.

Design e tela

O formato do SlidePad é bem curioso e desperta a atenção. Ao apertar uma tecla, some o conhecido formato de tablet e surge um notebook bem curioso. Atualmente, é muito mais comum encontrar ultrabooks conversíveis com telas que giram e o próprio ultrabook vira um tablet. Com o SlidePad, é mais certo falar que se trata de um tablet que vira um notebook.

Ele pesa 1 kg, mas a tela IPS LED de 11,6 polegadas ajuda a distribuir o peso e o SlidePad não parece ser tão pesado assim na mão. Podemos dizer que ele não é fino, mas também não é espesso: seus 15 mm de espessura deixam o aparelho mais gordo que outros tablets, porém é algo completamente compreensível quando considerado que existe um teclado QWERTY físico disponível a qualquer momento.

O formato esquisito nos deixa a dúvida: será que isso é resistente? O SlidePad aparenta ser bem frágil, e com certa razão. As partes móveis ficam quase que completamente expostas e são bem finas. Mais do que isso, o cabo flat é visível a olho nu toda vez que você abre ou fecha a tela, e isso dá uma certa agonia e medo de tudo parar de funcionar. Essa sensação de fragilidade só aumentou quando um parafuso que prende a tela simplesmente soltou e caiu dentro do SlidePad. Acho que isso já é suficiente para responder a pergunta do início do parágrafo.

O mecanismo de abertura do SlidePad deixa o cabo flat exposto. Isso não é nem um pouco legal.
O mecanismo de abertura do SlidePad deixa o cabo flat exposto. Isso não é nem um pouco legal.

Usá-lo com muito cuidado é um requisito obrigatório para qualquer pessoa que manusear um SlidePad. Principalmente ao fechar a tela: não é possível fechá-lo segurando apenas as bordas laterais. É necessário segurar com a sua mão aberta no meio da tela e, nas primeiras vezes que fiz isso, tinha a sensação de que ia quebrar a tela no meio. É uma simples questão de jeito, com o tempo você se acostuma. Outra coisa sobre o formato é que usá-lo no colo com o teclado aberto não é uma experiência muito agradável: a tela fica mexendo e tampando algumas teclas. O ideal é que você o coloque em alguma mesa ou outra superfície plana para desfrutar do teclado.

Com o padrão QWERTY, o teclado ABNT2 é muito bom e as teclas são bem espaçadas e macias – estou acostumado com o teclado do MacBook Pro e posso dizer que o tamanho das teclas é bem similar. O que pode incomodar alguns é que para inserir uma interrogação ou uma barra ao digitar, é necessário apertar Alt GR + Q ou W. Além disso, as teclas F1 a F12 foram suprimidas e estão juntas com os numerais, e isso resultou na existência da tecla Esc antes da tecla das aspas. Mas layout de teclado é um exercício de costume, e a mudança da posição de algumas teclas é completamente aceitável especialmente para um dispositivo tão portátil como o SlidePad.

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Apesar de possuir um teclado, o SlidePad não possui um mouse: o dispositivo de ponteiro foi completamente substituído pela sua tela sensível ao toque com suporte a até 5 dedos simultâneos. Confesso que me impressionei sobre como o Windows 8 está bem preparado para esse tipo de telas, e os toques correspondem muito bem ao que você quer clicar. Se você está preocupado a respeito do botão direito do mouse, acalme-se: é perfeitamente possível fazer a ação com um clique um pouco mais longo. E se você é teimoso e quer utilizar um mouse tradicional, não tem problema: a conectividade do SlidePad permite que você faça isso.

Conectividade e Acessórios

Na lateral esquerda do SlidePad se encontra um slot para cartão microSD, os botões liga/desliga e um botão para travar a rotação da tela. Do outro lado, o botão para abrir o teclado. A conectividade do tablet se concentra na parte superior: por lá, são encontradas uma saída para fone de ouvido, uma porta microUSB, uma porta USB (fêmea), uma saída HDMI e o conector de energia, além de um botão de Reset. Por fim, o SlidePad também apresenta Bluetooth 4.0 e Wi-Fi b/g/n. Uma pena é a falta de suporte a redes de 5 GHz.

O mais curioso em tudo isso é a porta microUSB: ela não serve para ligar o SlidePad em outro computador e acessar a memória interna, nem para carregar o aparelho. Na verdade, a saída microUSB funciona com o a USB fêmea: é possível ligar dispositivos ali. Só que você não tem nenhum gadget com duas pontas microUSB, de forma que para usar aquela porta é necessário um cabo-adaptador, o que é um certo incômodo. Custava colocar outra porta USB fêmea?

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Possuir uma porta USB é algo extremamente interessante no quesito acessórios. Dá pra ligar muita coisa ali, como um pendrive ou HD externo e assistir um filme ou transferir arquivos.  Se você não gostar de utilizar a tela sensível ao toque mas gostou do tamanho do SlidePad, pode usar um mouse sem problema algum.

O fato de rodar Windows como um desktop e possuir uma porta USB torna o SlidePad compatível com praticamente qualquer impressora, algo difícil em tablets com Android e iOS por falta de padrões universais. Sabe o que também é legal? Como o produto não tem suporte a redes móveis, é possível usar a conexão do seu celular por USB e ainda por cima carregar a bateria dele. Na pior das hipóteses, é possível usar um modem USB e conseguir usar até 4G no SlidePad.

Na caixa, o aparelho vem apenas com seu carregador – que se difere muito com o que encontramos em notebooks, uma vez que ele é bem compacto – e um bonito estojo em couro.

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Aplicativos embutidos

Assim como qualquer computador de varejo, o SlidePad também vem com um monte de softwares de utilidade questionável. AccuWeather, Evernote Touch, Line, Music Maker Jam e Skype são os aplicativos Modern já embarcados no SlidePad. Já no ambiente desktop, é encontrado o Norton Internet Security e o LG SmartShare, aplicativo que compartilha conteúdo multimídia através do protocolo DLNA.

Ele também acompanha o Office 2013 pré-instalado e, para usá-lo, é necessário adquirir uma licença. Mediante um cadastro, é possível degustar o Office 365 por até 45 dias. Não há nenhum codec de vídeo adicional instalado no SlidePad, mas você pode instalar o VLC gratuitamente e reproduzir os arquivos de vídeo mais comuns.

Desempenho

O SlidePad não é um dispositivo agraciado com excelentes especificações. Ele traz um processador Intel Atom Z2760 com clock de 1.8 GHz, 2 GB de memória RAM e armazenamento em memória flash de 64 GB. Desses 64 GB, apenas cerca de 34 GB são disponíveis para o usuário, uma capacidade baixa para quem quer utilizá-lo para substituir um ultrabook. O problema não é apenas armazenamento: a memória interna de 64 GB é conectada ao SlidePad por meio de uma interface MMC, que é um tipo de cartão de memória. Isso resulta em baixas taxas de transferências, inferiores a até mesmo um HDD comum conectado em interface SATA II.

Apesar desses entraves, o SlidePad não é lento. Assistir filmes em alta definição é perfeitamente possível (acho que foi o que mais fiz enquanto estive com o aparelho) e o sistema só travou a ponto de reiniciar uma vez comigo – ironicamente, jogando Paciência do Windows 8. Navegar pela internet é muito bom, principalmente com o Internet Explorer, que está bem melhor adaptado a telas touch do que outros navegadores. Não é o objetivo do nosso review falar de números, mas confira alguns benchmarks sintéticos:

Bateria

No evento de apresentação do SlidePad, a LG prometeu a autonomia de até 12 horas de uso com o aparelho em modo avião. Fiquei bem cético em relação a autonomia anunciada e incrivelmente fui surpreendido positivamente. Sim, a bateria do SlidePad é essa Coca-Cola toda, de forma que consegui assistir três filmes em alta definição e ainda havia sobrado pouco menos da metade da bateria.

Em um modo de uso básico (o que eu costumo chamar que é o modo tablet), que significa utilizar o tablet por um total de 3 horas durante um dia com Wi-Fi ligado, algumas verificações em redes sociais, assistir dois vídeos no YouTube e ler notícias, eu consegui deixar o SlidePad por quase 3 dias longe da tomada. Em uma situação mais intensa e ininterrupta, usando-o como computador convencional, também com Wi-Fi ligado, navegação constante na internet, ouvindo músicas por streaming e assistindo um capítulo da novela no site da Globo, a bateria durou 8 horas e 45 minutos. Portanto, bateria não deve ser um problema para um dono de um SlidePad.

Especificações técnicas

  • Processador: Intel Atom Z2760 de 1.8 GHz
  • Memória RAM: 2 GB
  • Armazenamento: 64 GB de memória MMC, 34 GB disponíveis para o usuário
  • Tela: 11,6 polegadas sensível ao toque, suporte de até 5 pontos de toque
  • Conectividade: Bluetooth 4.0, Wi-Fi b/g/n, USB, microUSB, HDMI e slot para cartão microSD
  • Câmera: frontal, de 2 megapixels
  • Peso: 1 kg
  • Bateria: até 12 horas de uso em modo avião
  • Preço sugerido: R$ 2.499,00

Considerações finais

O fato de um tablet ter Windows 8 e um teclado físico muda muita coisa. Primeiro porque o aparelho roda um sistema completo de um computador, com processador Intel e todo o ambiente desktop que você já está acostumado. Isso abre um mar de possibilidades muito maior do que o que já estamos acostumados com um tablet Android ou iOS, principalmente quando você pode contar com o Microsoft Office, que é a suite de produtividade mais utilizada no mundo.

Entretanto, o SlidePad possui um hardware fraco e isso desqualifica quem quer utilizá-lo como único computador. Tarefas como edição de vídeo, por exemplo, são impossíveis com um processador Atom e seu chip de vídeo integrado. Talvez o maior dos problemas seja a baixa disponibilidade de armazenamento interno, impossibilitando que você mantenha todos os seus arquivos no próprio tablet.

Apesar de todos os contras, confesso que gostei muito do SlidePad. Ele é perfeito para utilização em viagens, a bateria dá conta do recado com muita folga e o teclado é muito confortável. Só que o preço de R$ 2.599,00 é salgado o bastante para pensar duas vezes na compra do gadget. Para quem depende muito de mobilidade se trata de um excelente investimento, mas não vale muito a pena para quem quer simplesmente um computador para usar em casa.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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