Lumia 710, o smartphone básico com Windows Phone

"Quem utiliza outros sistemas móveis pode não se adaptar a algumas limitações do Windows."

Lucas Braga
Por
• Atualizado há 11 meses
Lumia 710 (Clique nas fotos para ampliar)

Depois de vários anos insistindo no Symbian e no Maemo (atual MeeGo), a Nokia decidiu que uma plataforma de terceiros era necessária para concorrer nos smartphones. É aquele breve ditado clichê: se você não pode vencer um inimigo, alie-se a ele. A Nokia se aliou à Microsoft e aposta em uma linha de smartphones com Windows Phone. Testei o Lumia 710, o smartphone mid-end com Windows Phone 7.5, para escrever este review, durante uma semana como meu telefone principal.

Tela e inferface

O Lumia 710 possui uma tela TFT capacitiva com exibição de até 16 milhões de cores. As cores são bem vívidas. Entretanto, o brilho desapontou um pouco. Como qualquer smartphone atual, o Lumia possui um sensor de iluminação. Quando o aparelho está em ambientes escuros, o brilho diminui automaticamente com o objetivo de melhorar a visualização e economizar a bateria. Em ambientes com muita luminosidade, o brilho aumenta e é possível visualizar a tela de maneira adequada. A transição do brilho não é tão suave como a de outros smartphones. É perceptível que o brilho se alterna de maneira bem lenta, e parece que a tela desliga e liga para cada nível de luminosidade diferente. Pode parecer bobo, mas ao longo do dia isso irrita muito.

Fora esse detalhe, a tela casa muito bem com a interface do sistema, o Metro. Os blocos dinâmicos aparecem na tela inicial com um contraste de azul com preto. É possível alterar a cor, mas o efeito do tema “Nokia Blue” ficou muito legal. Entretanto, esses blocos são animados até demais: o hub de contatos não para de mexer, causando incômodo depois de 10 minutos mexendo no telefone.

A tela é bem nítida, mas o brilho automático deixa a desejar

A interface Metro é muito bonita, mas pouco prática: as informações ficam distribuídas em várias telas. É bem fácil se perder em meio a diversas informações no smartphone. O sistema de notificações, por exemplo, é pífio: quando o aparelho está bloqueado, a tela acende com um banner no “cabeçalho” da tela (como no iOS). Depois de um tempo essa notificação some. Na tela de bloqueio, os únicos indicadores de notificação são para emails, mensagens de texto e ligações perdidas. Cansei de receber mensagens no WhatsApp e só ver a mensagem muito tempo depois.

Outra coisa chata é que os indicadores de sinal de telefonia e Wi-Fi ficam ocultado em vários momentos. Isso é chato para quem tem um pacote de dados pequeno, afinal, quando menos esperar o celular poderia perder o sinal Wi-Fi e passar automaticamente para o 3G, sem nem perceber a mudança.

Design e pegada

O Lumia está disponível em quatro cores: preto, azul, rosa e branco. A unidade que testei era azul, e eu não gostei: a cor é muito clara, e, por isso, o telefone chama muita atenção e aparenta estar sujo. Marcas e manchas são facilmente encontradas na tampa traseira do telefone, por estar em contato direto com superfícies ou seu bolso de cor diferente do telefone.

Lumia 710 Azul: suja demais

Na lateral direita se encontram-se o botão da câmera  e o controle de volume, que também aciona os controles de música caso o player esteja abertos. Na parte de superior do aparelho estão os conectores microUSB, do fone de ouvido no padrão de 3,5 mm e o botão Home. Na parte frontal, estão, além da tela, os botões, que na verdade são uma superfície gigante com os botões físicos de voltar, Home e pesquisar (Bing).

Lateral do Lumia 710 (clique para ampliar)
Lateral do Lumia 710
Topo do Lumia 710

O aparelho é todo de plástico. Achei o telefone bem leve, e isso pecou um pouco na hora de segurar o telefone. Pra falar a verdade, tive a sensação de que iria quebra-lo só por segurar em minhas mãos.

Sistema: Windows Phone

Apesar de ser um Windows Phone e a maioria desses smartphones serem praticamente iguais, a Nokia deu um jeito de deixar sua marca no aparelho. De fábrica, o Lumia 710 vem com vário aplicativos exclusivos. Dentre eles, devo destacar o Nokia Dirigir, que é um navegador GPS curva a curva (o sistema dita ao motorista por onde seguir durante o trajeto). Superou minhas expectativas, pelo fato dos mapas serem offline e a interface é bem tranquila de usar. Durante o trajeto que fiz, o smartphone acertou direitinho minha localização desde o ponto de partida e até o ponto de destino.

Vem também com o Nokia Música, que nada mais é uma loja de músicas com um link para o player Zune (nativo do Windows Phone); ESPN; e mais dois aplicativos “desnecessários” ao meu ponto de vista: Transferência de Informações e Configuração de Rede. O primeiro é voltado para donos de antigos celulares Nokia: o smartphone transfere contatos, agenda e mensagens do telefone antigo para o novo. Já o aplicativo de configuração é responsável por identificar a operadora do SIM Card e configurar as conexões de dados para a respectiva operadora. Isso seria útil só se estivéssemos em 2007. Em 2012 o próprio Windows Phone faz os ajustes sozinho.

Um detalhe chato é que o Lumia 710 (assim como o irmão maior Lumia 800) não possui o recurso de compartilhamento de internet, seja via USB, Bluetooth ou Wi-Fi. Quem tem em mente usar o telefone como modem vai quebrar a cara ao saber que a Nokia removeu o suporte ao tethering. Entretanto, desde o lançamento da linha Lumia a fabricante se propôs a liberar uma atualização e disponibilizar o recurso, o que não ocorreu até hoje, seis meses após o lançamento.

Entretanto, devo dizer que o Windows Phone me decepcionou bastante. O cliente de emails é bem fraco e apresenta algumas anomalias com codificação, conforme você pode ver nesse artigo. A sincronização com o Gmail também não é das melhores, apesar do hub de contatos ser genial. Diversos contatos não foram sincronizados e isso me deixou na mão algumas vezes, quando estava na rua e precisava de um telefone que não estava na agenda.

A Nokia poderia aproveitar um pouco mais a sua carta branca para modificar o sistema e incluir mais aplicativos ao aparelho, como um leitor de PDF. Assim que tentei abrir um arquivo nesse formato, o telefone me direcionou para o Windows Marketplace para baixar o Adobe Reader. Isso não seria um problema, se o aplicativo da Adobe fosse horrível no Windows Phone e ele travasse toda hora na rolagem da página ou no zoom.

É importante destacar que essa unidade testada era da operadora Vivo. Com isso, o smartphone veio repleto de wallpapers do Vivinho e um ícone no menu para o site móvel da operadora. Por sorte, remover toda essa tralha é muito fácil: basta segurar o ícone por alguns segundos e clicar no botão “Remover”.

Bateria e acessórios

O Lumia vem com o “kit padrão” de smartphones: aparelho (d’oh!), bateria (de 1.200 mAh), cabo microUSB, carregador e fone de ouvido. Esse último me decepcionou bastante: apesar de ser in-ear (com aquelas borrachinas que entram dentro do seu ouvido), o fone de ouvido é muito frágil. Dá a impressão que ele foi feito de plástico barato e vai se desmanchar dentro da sua orelha. A qualidade de áudio deixa a desejar: dependendo do volume, o áudio começa a distorcer e sua coleção dos Beatles fica cheia de ruídos. Sir Paul McCartney provavelmente isolaria o telefone para uma parede.

Fones de ouvido poderiam ser melhores

A bateria não surpreende. Fiz dois testes, um em uso moderado e outro no modo hard. Em uso moderado, o aparelho saiu da tomada às 07h12, com 3G e Wi-Fi ativos, notificações push e brilho automático. Durante o dia, fiz 22 minutos de ligações, conferi o Twitter por três vezes, fiz um check-in no Foursquare e respondi alguns emails. Às 17h13 o celular descarregou por completo. No modo hard, as condições de brilho, rede e notificações eram as mesmas. Entretanto, usei e abusei do player de música (ouvi dois álbuns completos), joguei Angry Birds por meia hora e assisti alguns episódios de “Community” no Netflix. O aparelho saiu da tomada às 09h56 e pediu arrego às 14h40.

Tampa da bateria, bateria e aparelho (clique para ampliar)

Algo chato é a demora para carregar a bateria. A carga completa (de 0% a 100%) demora mais de três horas. É uma decepção para mim, que estou muitas vezes com pressa e desejo dar uma carga rápida antes de sair.

Câmera e multimídia

O aparelho tem câmera de 5 megapixels, capaz de gravar vídeos em HD. O sensor não faz milagres à noite, mas em ambientes iluminados as fotos são boas. O aparelho possui flash em LED simples, mas a distância alcançada pela luz é muito baixa. Para um smartphone do porte do Lumia, acho que está de bom tamanho, já que câmera de celular é meio quebra-galho mesmo.

Veja nas fotos abaixo. Todas elas foram feitas no modo automático. Basta clicar nas miniaturas para ampliar.

Nos ajustes, é possível controlar o zoom (digital), ajuste de cenas (luz de fundo, praia, luz de velas, macro, paisagem, noite, retrato, neve, esporte, pôr-do-sol), balanço de cor, efeitos (normal, preto-e-branco, sépia, negativo e solarizar), valor da exposição e, incrivelmente, a redução de cintilação (50 Hz ou 60 Hz). No modo filmadora os ajustes são os mesmos, além de alterar o foco (manual ou automático) e a resolução do video.

Confira abaixo um vídeo feito com o telefone.

https://www.youtube.com/watch?v=BVmJG5XfyZg&list=PL3EE0C4FB825B5762&feature=plcp


(Vídeo no YouTube)

Na parte de multimídia, o Lumia peca um pouco. Minha primeira queixa é no player de música: antes de usar o telefone, vários amigos elogiaram o Zune, principalmente em relação a sua interface e na organização de músicas. Tudo soou muito bem, o Windows Phone Connector sincronizou as músicas do iTunes do meu computador no aparelho. Só que todas as músicas sincronizadas no telefone ficaram com a cover art de um álbum da Nicki Minaj. Era esquisito ouvir Foo Fighters e ver aquela capa.

Em vídeos, o Windows Phone está engatinhando, bem devagarinho. O aparelho não foi capaz de rodar nenhum vídeo no formato DivX ou XviD, de forma que precisei converter todos eles para o formato específico do Zune. Isso é um tanto quanto chato, mas especificamente para o Lumia 710 não vejo como um problema: o smartphone só tem 5,87 GB disponíveis para o usuário, de forma que um filme completo vai ocupar boa parte do espaço do aparelho.

O aparelho também tem rádio FM integrado, com RDS. Para que ele funcione, é necessário um fone de ouvido estar conectado no jack 3,5mm que serve de antena. Para a nossa alegria, não é possível colocar o rádio para tocar no auto-falante.

Pontos positivos

  • Câmera de 5 MP com flash, gravação de vídeos em HD e botão dedicado;
  • Aplicativos exclusivos: Nokia Mapas e Nokia Dirigir;
  • É possível remover os arquivos da operadora.

Pontos negativos

  • Sem suporte a DivX, XviD e a maioria dos codecs;
  • Bateria demora demais para carregar;
  • Pouco espaço de armazenamento disponível.

Veredito

O Lumia 710 é um bom telefone para uso básico: mapas, suite Office, ouvir músicas e navegar na internet. Por culpa do sistema, a parte de multimídia deixa a desejar. Valem os R$ 799 cobrados, mas quem utiliza outros sistemas móveis pode não se adaptar a algumas limitações do Windows Phone.

Especificações

  • Processador single-core de 1,4 GHz;
  • Tela Gorilla Glass de 3,7 polegadas com resolução de 800×480 pixels;
  • Câmera de 5 MP com flash em LED e gravação de vídeos em 720p;
  • Windows Phone 7 Mango;
  • 8 GB de memória interna (5,87 GB disponíveis para o usuário);
  • Nokia Mapas e Nokia Dirigir;
  • Conectividade Wi-Fi, Bluetooth e HSUPA de até 14,4 Mbps.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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