Review Monitor QLED Samsung CHG90: o meu é maior que o seu

49 polegadas, ultrawide, curvo, proporção 32:9, pontos quânticos e 1,2 metro de largura: vai encarar?

Paulo Higa
• Atualizado há 5 meses

Nada parece ser grande demais para a Samsung. Prova disso é o CHG90, um monitor ultrawide curvo com proporção 32:9 e uma diagonal de nada menos que 49 polegadas. Ele é tão enorme quanto o preço e tem características que prometem agradar os gamers, como a taxa de atualização de 144 Hz, o tempo de resposta de 1 milissegundo e as funções de software para melhorar a jogatina.

Será que o CHG90 é realmente bom ou só tem tamanho? Vale a pena gastar os 10.999 reais que a Samsung anda pedindo por essa tela de pontos quânticos? Eu conto tudo nos próximos minutos.

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Design e conectividade

Um monitor enorme precisa de um espaço enorme. Primeiro, eu tive um pouco de dificuldade para montar essa telona, já que ela é bem pesadinha (15 kg) e comicamente larga, com 1,20 metro na horizontal. Depois, o problema foi colocar o monitor na mesa: a base de plástico com acabamento metálico, em formato de “Y” invertido, é bem espaçosa, e eu tive que invadir parte da mesa vizinha para não ficar com os olhos grudados na tela.

Nas primeiras horas de uso, o CHG90 me deu uma sensação meio claustrofóbica, porque todo lugar que eu olhava em volta tinha uma tela na minha frente. Esse é um detalhe com tom negativo que, na verdade, pode ser bem positivo se você estiver pensando em um monitor para games, já que a tela curva envolve todo o seu campo de visão. O fato de as bordas serem estreitas também colabora com a imersão.

Uma vez que você se acostuma com um monitor gigante na sua frente, o CHG90 se destaca pelas muitas opções de regulagem (dá para ajustar a altura, o ângulo vertical e o ângulo horizontal). Só não tem como deixar a tela no modo retrato como em alguns monitores gamers, por motivos óbvios. O controle é feito por meio de um botão em formato de joystick, que permite ligar/desligar o monitor e navegar pelos menus; e por três botões de atalho que alterna entre os modos de imagem.

Na traseira, um painel de plástico esconde as conexões, e você pode inclusive passar os cabos de modo que eles saiam discretamente por um buraquinho na torre que sustenta o monitor (mas isso dava trabalho e eu preferi deixar tudo bagunçado mesmo). Também existe um círculo de LEDs azuis que podem ficar acesos, porque aparentemente todos os produtos gamers do mercado precisam ser uma árvore de natal.

Qualidade de imagem

A tela de 49 polegadas tem resolução de 3840×1080 pixels, o equivalente a dois monitores Full HD de 27 polegadas lado a lado, com a vantagem de um display curvado de 1.800R (ou seja, com raio de 1.800 mm) e nenhuma moldura no meio da tela atrapalhando a experiência. A definição é satisfatória; é possível enxergar pixels individuais a distâncias normais, o que já era esperado de um monitor tão grande.

O contraste é excelente, o que permite tons bem escuros em condições normais de uso. No entanto, eu fiquei incomodado com a uniformidade do preto: a minha unidade tinha alguns vazamentos de backlight que deixavam manchas perceptíveis em cima e embaixo da tela. Claro que isso não deve fazer diferença a não ser em cenas muito escuras ou telas completamente pretas — mas um produto tão caro deveria apresentar um desempenho melhor.

Outro problema: o ângulo de visão horizontal é bem “mais ou menos”. Isso já era esperado, uma vez que o CHG90 tem painel VA, não IPS, mas pode incomodar alguns usuários mais exigentes. Como um monitor, especialmente um tão largo, é algo que normalmente você visualiza de frente e centralizado, esse não é um ponto que levo muito em consideração aqui.

Do lado positivo, temos as cores. Todos os tons, do vermelho ao violeta, são bem representados, um ponto que a Samsung gosta de destacar em painéis QLED. Em gradientes de cores, não se vê nenhum tipo de color banding, mesmo com conexão HDMI. Como o contraste também ajuda, as imagens escuras são exibidas com maestria, sem perda de detalhes em áreas de sombra.

O brilho é extremamente forte, tanto que tive que reduzi-lo para trabalhar. Existe um modo de proteção ocular que diminui o brilho e reduz a emissão de cor azul para não prejudicar o seu sono. No entanto, ele não me agradou muito por deixar as imagens com um aspecto “lavado”; prefiro deixar que o próprio sistema operacional resolva essa questão.

Como eu não sou um exatamente um gamer, meus testes se concentraram principalmente em trabalho. Eu costumo usar duas telas para ter mais de uma janela visível ao mesmo tempo, mas esse monitor ultrawide de 49 polegadas levou a experiência a outro nível: dá para manter três janelas de navegador na tela, com uma largura bem grande (e ainda sobra espaço).

Na minha rápida sessão com jogos, o baixo input lag e a alta taxa de atualização de 144 Hz deixaram as imagens suaves como manteiga e com respostas ágeis em cenas rápidas. Eu só não gostei de um detalhe: para aproveitar de verdade as capacidades desse monitor, você precisa conectá-lo via DisplayPort, algo raramente disponível em notebooks gamers sem um adaptador. Por HDMI, o CHG90 fica limitado a 120 Hz.

Vale a pena?

O CHG90 parece mais uma demonstração do que a Samsung é capaz de fazer do que um produto para ser realmente comprado por uma quantidade relevante de pessoas. Ele é um produto de nicho, para pessoas que são gamers, têm bastante dinheiro, têm uma mesa bastante espaçosa e querem uma tela ultra-hiper-super-mega-wide. Se esse é o seu caso, ele pode ser uma opção interessante.

Quem é gamer fica totalmente imerso no jogo, considerando que uma tela de 49 polegadas com proporção 32:9 ocupa praticamente todo o campo de visão horizontal do usuário. Nem todos os jogos suportam um formato de tela tão larga, mas as empresas andam se adaptando ao mercado — até por causa da popularização de telas um pouco menos largas, em proporção 21:9.

Já para trabalhar, eu vi pouco sentido no CHG90 pensando no custo-benefício. Nas três semanas de uso, me senti subutilizando o produto, porque, embora ele seja o equivalente a duas telas Full HD de 27 polegadas, a sensação é de que o monitor é muito maior: eu sempre deixava espaço sobrando no desktop. Para quem trabalha com imagem, talvez um monitor com resolução maior (4K ou 5K) seja mais vantajoso; para quem é multitarefa, comprar dois monitores não curvos sai bem mais barato.

E, claro, esse é um monitor que fica longe de atender usuários “comuns”, até porque simplesmente não existe oferta de conteúdo em uma proporção tão larga; e o CHG90 me decepcionou por ser tão caro e deixar passar um recurso tão importante: ele simplesmente não possui alto-falantes embutidos. Poxa, Samsung!

A conclusão é que o CHG90 é um bom produto para um público extremamente específico. Ele não é perfeito: o ângulo de visão não é aquelas coisas, e a uniformidade de preto decepciona um pouco; em compensação, o contraste é incrível, as cores são bem representadas e você tem um espaço absurdo para fazer o que quiser. É um monitor que certamente deve aguentar anos na sua mesa — mesmo porque dá muita preguiça de tirar ele dali.

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Especificações técnicas

  • Tamanho: 49 polegadas
  • Resolução: 3840×1080 pixels
  • Taxa de atualização: 144 Hz
  • Tipo de painel: VA LCD com pontos quânticos
  • Brilho: 350 nits (típico); 250 bits (mínimo)
  • Taxa de contraste estático: 3.000:1 (típico); 2.400:1 (mínimo)
  • Ângulo de visão: 178 graus horizontal e 178 graus vertical
  • Tempo de resposta: 1 ms
  • Consumo de energia: 113 watts (máximo)
  • Conexões: 2 HDMI, 1 DisplayPort, 1 Mini DisplayPort, 2 USB 3.0, 1 entrada de áudio (3,5 mm), 1 saída de áudio (3,5 mm)
  • Dimensões: 120,3×52,5×38,2 cm (com a base); 120,3×36,9×19,4cm (sem a base)
  • Peso: 15 kg (com a base); 11,9 kg (sem a base)

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.