Review Realme 7 Pro: intermediário, mas invocado
Com tela Super AMOLED de 6,4 polegadas e carregador de 65 W, 7 Pro marca estreia da Realme no Brasil, mas preço atrapalha
Com tela Super AMOLED de 6,4 polegadas e carregador de 65 W, 7 Pro marca estreia da Realme no Brasil, mas preço atrapalha
Com um atraso de algumas semanas, a chinesa Realme fez, no comecinho de 2021, o anúncio de seus primeiros dispositivos para o Brasil. Entre eles, o que mais chama atenção é o Realme 7 Pro, smartphone com preço oficial (sem considerar descontos) de R$ 2.999.
Por esse valor, o modelo oferece tela Super AMOLED de 6,4 polegadas, chip Snapdragon 720G, 8 GB de RAM e quatro câmeras na traseira, a principal com sensor de 64 megapixels. Outros destaques incluem uma traseira com visual chamativo, leitor de digitais na tela e carregador rápido de 65 W.
Como é usar um celular com essas características? O desempenho geral é bom? A bateria dá conta do recado? As câmeras capricham nas fotos? Será que o smartphone representa uma estreia com o pé direito da Realme no Brasil? É o que você vai descobrir a partir de agora.
O Tecnoblog é um veículo jornalístico independente de tecnologia que ajuda as pessoas a tomarem sua próxima decisão de compra desde 2005. Nossas análises de produtos são opinativas e não possuem nenhuma intenção publicitária. Por isso, sempre destacamos de forma transparente os pontos positivos e negativos de cada produto.
Nenhuma empresa, fabricante ou loja pagou ao Tecnoblog para produzir este conteúdo. Nossos reviews não são revisados nem aprovados por agentes externos. O 7 Pro foi fornecido pela Realme por empréstimo por tempo indeterminado. O produto será usado em conteúdos futuros antes de ser devolvido à empresa.
Parece que marcas chinesas são mais ousadas no que diz respeito ao visual de seus celulares. O Realme 7 Pro é um exemplo perfeito. O modelo tem uma traseira com aspecto metálico gradiente e um efeito de corte assimétrico que causa ótima impressão, pelo menos “ao vivo”.
Apesar do brilho sugerir o contrário, a superfície da traseira é de plástico, não metal ou vidro. O mesmo vale para a moldura, com a diferença de esse componente ser mais rígido que o material da traseira. Esse detalhe dá ao smartphone um ar de produto bem construído e robusto.
O celular é grande, mas a traseira tem uma curvatura nas laterais que ajuda muito na pegada. Os botões físicos foram posicionados um pouco acima da metade do dispositivo, o que facilita o seu alcance até por quem tem mãos pequenas — liga / desliga à direita, controles de volume à esquerda.
Também à esquerda encontramos a gaveta. Boa notícia para quem usa dois chips: é possível inserir dois SIM cards mais um microSD de até 256 GB ali, simultaneamente.
A parte inferior abriga a porta USB-C, a conexão para fones de ouvido e o alto-falante que, aliás, funciona em conjunto com a saída de áudio no topo do aparelho para proporcionar som estéreo, com direito a Dolby Atmos.
Que conste desde já: juntos, os dois alto-falantes oferecem volume alto e som claro, mas alguma distorção é facilmente perceptível no nível máximo.
Um dos pontos fortes do Realme 7 Pro é percebido logo nos primeiros minutos de uso. O celular vem com uma tela de 6,4 polegadas, resolução full HD+ (2400×1080 pixels) e tecnologia Super AMOLED que é muito agradável aos olhos.
Como é de se esperar de painéis do tipo, a tela do modelo exibe cores vívidas e preto profundo, mas sem exageros na saturação, além de oferecer visualização sob ângulos variados bastante satisfatória.
O aproveitamento do espaço é bom, ficando pouco acima de 90%. Esse parâmetro só não é melhor porque a parte inferior do display tem uma borda um tanto generosa.
Curiosamente, a tela do Realme 7 Pro perde alguns pontos fora do Brasil pelo fato de a sua taxa de atualização ser de 60 Hz. O modelo anterior, o Realme 6 Pro, trabalha com 90 Hz, mas tem painel IPS LCD. Bom, entre contar com taxa de 90 Hz e ter um painel Super AMOLED, eu prefiro a segunda opção.
A minha única ressalva com relação à tela do smartphone é que o nível de brilho é bom, mas não excelente: tive um pouco de dificuldade para enxergar o conteúdo do visor enquanto testava as câmeras em um parque pela manhã.
Ah, o leitor de impressões digitais do smartphone é integrado à tela. Às vezes, a leitura demora, mas funciona na primeira tentativa na maioria das vezes.
O Realme 7 Pro vem com o Android 10 e a interface Realme UI 1.0. O visual é limpo, intuitivo e traz apenas personalizações discretas. É perceptível que, mais do que o aspecto estético, a Realme se preocupou em dotar a interface de funcionalidades.
Por exemplo, a interface traz uma pequena barra na lateral que, quando expandida, dá acesso rápido a aplicativos de sua escolha. Essa barra, encolhida, fica quase sempre visível, mas é tão discreta que não chega a atrapalhar nenhuma atividade.
Outro recurso digno de nova é a Esfera de Auxílio, que lembra o botão virtual do iPhone (AssistiveTouch). Ela pode ser arrastada pela tela e, quando pressionada uma vez, volta para a tela anterior; dois toques mostram a lista de aplicativos abertos.
Também existe uma função que clona apps que pode ser útil para, por exemplo, deixar duas contas do WhatsApp ou do Instagram ativadas no aparelho ao mesmo tempo.
Admito que fiquei um pouco incomodado com alguns aplicativos pré-instalados na unidade testada. O player de vídeo e o gravador de áudio são úteis, por exemplo, mas eu dispensaria o WPS Office. Felizmente, há poucos bloatwares e eles podem ser removidos.
Quanto ao Android 11, o update para o Brasil está previsto para ser liberado no segundo semestre de 2021, de acordo com a própria Realme.
O Realme 7 Pro segue a tendência das quatro câmeras na traseira. A principal tem sensor de 64 megapixels (Sony IMX 682) e é acompanhada de uma grande angular de 119 graus e 8 megapixels, além de dois sensores de 2 megapixels cada para profundidade e macro.
A câmera principal faz um trabalho muito convincente. De modo geral, as fotos registradas com ela apresentam níveis muito bem dosados de contraste, coloração, definição e controle de ruído.
É uma pena eu não poder dizer o mesmo da grande angular. Embora os registros aqui não sejam ruins, é perceptível que a definição das fotos feitas com essa câmera é muito inferior na comparação com o sensor principal, sem contar que, frequentemente, as mesmas imagens apresentam tons mais “lavados”.
Um detalhe interessante é que o app de câmera tem um modo de inteligência artificial (AI) que deixa a imagem um pouco mais clara e brilhante. Funciona bem. Às vezes, a saturação passa um pouco do ponto, mas os resultados tendem a agradar a quem curte tons mais vívidos.
O modo noturno também está presente e é eficiente na tarefa de remover ruídos e ao mesmo manter uma coloração intensa. O problema é que o pós-processamento é demorado e a definição da foto cai de maneira perceptível. Apesar disso, os resultados não são ruins com a câmera principal.
Da câmera de profundidade há pouco sobre o que falar. Ela está lá e realmente ajudar a câmera principal a fazer fotos com fundo desfocado, sem demora na focagem em primeiro plano.
Já a câmera de macro, quando muito, é apenas ok. A focagem é um tanto demorada e, como o sensor tem apenas 2 megapixels, a definição das imagens acaba sendo muito baixa.
Sobre a câmera frontal, ela tem 32 megapixels e registra selfies muito interessantes. Em primeiro plano, a definição é decente, a fidelidade de cores agrada e o modo retrato, totalmente realizado por software, quase não tem falhas de focagem.
O octa-core Snapdragon 720G complementado com a GPU Adreno 618 é o motor do Realme 7 Pro. O modelo conta ainda com 8 GB de RAM e 128 GB de armazenamento. Esse conjunto deixa claro que estamos diante de um intermediário premium.
No dia a dia, o Realme 7 Pro se comporta bem. A abertura de aplicativos dificilmente demora, o tempo de resposta a comandos é rápido e travamentos não foram notados nenhuma vez. Só a alternância entre apps é que, ocasionalmente, demora um pouco, mas não a ponto de estragar a experiência de uso.
A letra ‘G’ em Snapdragon 720G faz referência à otimização para jogos promovida pela Qualcomm. De fato, o Realme 7 Pro rodou a contento todos os games testados, incluindo Breakneck e Asphalt 9: Legends. Porém, neste último, quedas nas taxas de frames eram perceptíveis com os gráficos no máximo.
Bom, não dá para esperar uma experiência de topo de linha aqui. Deixando as configurações no médio ou em automático, os jogos fluem com dignidade.
Já a bateria tem 4.500 mAh e, com uso moderado do celular, pode chegar a mais de um dia de autonomia com facilidade. Testei o componente com um vídeo de duas horas na Netflix com brilho máximo na tela, cerca de 40 de Breakneck e Asphalt 9: Legends somados, uma hora de Spotify via alto-falante, redes sociais e Chrome por uma hora e meia e, para encerrar, uma chamada de dez minutos.
Comecei os testes pela manhã. Às 22:00, o Realme 7 Pro ainda tinha 41% de carga. É um número muito bom.
Agora, a parte impressionante. O smartphone é acompanhado do SuperDart, um carregador de 65 W que promete até 42% de carga com apenas 10 minutos de tomada ou recarga de 0 a 100% em 34 minutos de tomada.
Olha, eu não obtive esses números. Mesmo assim, registrei tempos de recarga notáveis: com 10 minutos de tomada, vi a carga ir de 12% para 45%; mantive o aparelho na tomada até completar 100% e precisei de apenas 42 minutos para isso. Parece bruxaria ver a porcentagem aumentado tão rápido.
Uma observação importante: o carregador enviado ao Tecnoblog é do tipo A, com pinos achatados, mas as unidades do 7 Pro vendidas oficialmente no Brasil seguem o padrão adotado no país.
É natural desconfiar de marcas que são pouco conhecidas, mas o 7 Pro mostra que a Realme está se esforçando para ocupar algum lugar de destaque no mercado.
O aparelho é bem construído, tem um visual ousado, a tela é excelente para um modelo de categoria intermediária, o conjunto de hardware convence, a câmera principal faz um trabalho caprichado e o carregador rápido impressiona — e muito.
Apesar de todos esses esses atributos, o preço oficial de R$ 2.999 acaba sendo muito alto. Nessa faixa de preço você já pode encontrar um Samsung Galaxy S20 FE, por exemplo, que não tem carregador ultrarrápido, mas ganha no processamento e nas câmeras.
Por conta disso, o Realme 7 Pro só vale a pena se você conseguir um bom desconto por ele. Tecnicamente, ele é bem feito. O fator custo-benefício é que dá uma esfriada nos ânimos.
Para uma marca que está dando os primeiros passos no complicado mercado brasileiro, tratar a questão do preço é um desafio. Mas eu espero que a Realme consiga elaborar uma estratégia comercial realmente eficiente, afinal, o 7 Pro prova que a marca sabe construir bons celulares.