O Galaxy J8 é um dos smartphones que compõem as opções intermediárias da Samsung para 2018. No primeiro contato, o aparelho causa boas impressões por apresentar uma tela ampla de 6 polegadas, câmera dupla na traseira e acabamento robusto.
Uma olhada nas especificações mostra, no entanto, que o modelo é menos avançado do que aparenta ser. Apesar de contar com quantidades decentes de memória RAM (4 GB) e armazenamento interno (64 GB), as tarefas são executadas pelo Snapdragon 450, um processador que não chega nem perto dos mais poderosos.
Aí surgem as dúvidas: como é o desempenho do Samsung Galaxy J8? As câmeras são boas? A bateria dá conta do recado? A tela é tão interessante quanto parece ser ou tem alguma pegadinha aqui? Eu usei o celular durante alguns dias e conto o que eu descobri sobre ele nos próximos parágrafos.
Em vídeo
Design
O tal do acabamento robusto mencionado no início do review é mérito do corpo do Galaxy J8. Apesar de o material usado nele ser o policarbonato, a construção aparenta ser bem reforçada.
Já o design externo segue o estilo que a Samsung vem adotando nos últimos meses: o botão físico frontal sumiu, os cantos são arredondados, a traseira (não removível) é lisa e as laterais têm uma curvatura não muito acentuada, mas suficiente para permitir um bom encaixe das mãos — ainda bem, pois eu achei a parte de trás escorregadia.
A exemplo do que tem sido feito em outros modelos da linha Galaxy J, a Samsung colocou o alto-falante do J8 na lateral direita, um pouco acima do botão liga / desliga. Em outros aparelhos da marca, essa posição me incomodava porque eu acabava tampando a saída com o dedo ao deixar o celular na horizontal. Aqui eu não tive esse problema.
Na outra lateral, a gente encontra os controles de volume e as gavetas. Sim, no plural: uma gaveta abriga um SIM card (nano); a outra, um SIM card e um microSD de até 400 GB.
Já a parte inferior reserva uma boa e uma má notícia, dependendo das suas preferências. A boa é que a conexão para fones de ouvido está lá. A má é que o Galaxy J8 conta com uma porta micro-USB. E o que tem de errado nisso? Para ser justo, absolutamente nada. Mas, se a indústria está adotando o USB-C massivamente, por que insistir em um padrão que está caindo em desuso?
Tela
São 6 polegadas de tamanho em um painel Super AMOLED. Isso significa que a tela do Samsung Galaxy J8 exibe cores fortes (mas sem saturação exagerada), tem preto profundo e proporciona boa visualização a partir de ângulos variados.
Essas características fazem o display ser um dos pontos fortes do J8, certo? Mais ou menos. A tela chama atenção porque aproveita bem o espaço frontal — embora não no nível de um Galaxy S9, por exemplo — e, bom, a saturação do Super AMOLED convence. Porém, a resolução é de 1480×720 pixels.
Um smartphone com tela de 6 polegadas merecia ser full HD. Como a resolução é apenas HD, o Galaxy J8 acaba sendo um smartphone com tela “esticada” — a proporção é 18,5:9 —, mas com um efeito de pixelamento que pode ser percebido pelos olhares mais atentos.
De modo geral, esse é um detalhe que não prejudica a experiência de uso, mas que pode atrapalhar em determinados momentos. Ícones ou detalhes de aplicativos podem perder definição por conta disso, ainda que discretamente.
Outro detalhe que me incomodou é a ausência de sensor de luminosidade. O brilho da tela é bem forte, garantindo que você enxergue o conteúdo da tela mesmo em ambientes muito claros. Porém, você precisa ajustar o brilho na mão e, se você já estiver em um lugar com bastante luz solar, por exemplo, vai ter trabalho para fazer isso.
Na minha opinião, não faz sentido economizar em um sensor que é tão útil e, ao mesmo tempo, não custa uma fortuna.
Software
No quesito software, o Galaxy J8 traz o Android 8.0 Oreo com a interface Samsung Experience que vem marcando presença nos smartphones da marca nos últimos anos.
Praticamente não há novidades, mas isso não é ruim. Você vai encontrar aqui menus organizados, aplicativos da própria Samsung (como o Health) e uma gama interessante de funcionalidades extras, como o Dual Messenger (para usar duas contas do WhatsApp ou semelhantes no aparelho), o Par de Apps (exibe dois aplicativos ao mesmo tempo) e o Pasta Segura (protege apps e arquivos selecionados).
Bixby? Tem, mas só na versão Home, que exibe cards com previsão do tempo, notícias, agenda e semelhantes.
Câmeras
As câmeras traseiras aparecem como os recursos mais notáveis do Galaxy J8, provavelmente. A primária tem 16 megapixels e abertura f/1,7; a secundária, 5 megapixels e abertura f/1,9. A principal finalidade do conjunto é permitir fotos com fundo desfocado.
Nas situações cotidianas, a dupla se sai bem para a categoria do smartphone. As fotos têm baixo nível de ruído e pouca perda de definição. Como esperado, esses aspectos pioram em condições de baixa iluminação, especialmente à noite, por conta da tentativa do pós-processamento de eliminar ruído.
No app de câmera, o HDR vem configurado como automático. Eu recomendo que esse modo seja mantido assim, pois, dependendo das circunstâncias, o HDR consegue dar outra vida para as fotos ao evidenciar pontos escuros e dar mais realce à cena, ainda que, eventualmente, possa haver excesso na saturação.
O único problema significativo das câmeras no J8 é que o foco frequentemente demora e você pode ter dificuldade para registrar imagens de objetos em movimento no modo macro, por exemplo.
Na frente, a câmera conta com 16 megapixels, abertura f/1,9 e flash LED. Você vai conseguir fazer boas selfies com ela, inclusive com fundo desfocado, apesar de esse efeito nem sempre ser perfeito.
Em condições de boa luminosidade, a coloração é decente, há pouco nível de ruído e baixa perda de definição, como tem que ser. Mas o problema do foco demorado também se manifesta aqui, portanto, é bom ter um pouquinho de paciência.
Hardware e bateria
O processador Snapdragon 450 (e sua GPU Adreno 506) que equipa o Galaxy J8 deu conta de todas as atividades testadas, mas não espere milagres. Eu não me deparei com travamentos ou fechamentos inesperados, mas pude notar alguma demora na abertura de aplicativos ou nas respostas a determinadas funções (como abertura de menus em apps).
As demais especificações incluem 4 GB de RAM e 64 GB de espaço para armazenamento de dados. São números condizentes com o que se espera de smartphones intermediário atuais. A quantidade de RAM, por exemplo, provavelmente ajudou o multitarefa a não ter engasgos, apesar de eu ter notado uma ou outra lentidão na alternância entre apps.
Aplicações exigentes deixam o Snapdragon 450 ofegante. Em jogos como Unkilled e Asphalt 9, dá para notar queda importante na taxa de frames. Deixar as configurações gráficas no nível médio ou automático resolve o problema, ainda que, mesmo assim, você possa notar um tropeço aqui, outro ali.
Aparentemente, é a limitação de processamento que faz o desbloqueio por reconhecimento facial ser um tanto lento. O recurso funciona bem no Galaxy J8, inclusive em condições medianas de iluminação, mas demora. O desbloqueio via impressão digital acabou sendo mais prático para mim, ainda que essa funcionalidade pareça ser mais lenta do que em outros celulares da Samsung.
Com 3.500 mAh, a bateria cumpre bem o seu papel — talvez a resolução menor da tela ajude nesse aspecto. No dia de testes, rodei cerca de três horas de vídeo via Netflix com brilho máximo na tela, joguei Unkilled por 20 minutos e Asphalt 9 pelo mesmo período de tempo, fiquei uma hora e meia usando redes sociais e Chrome, ouvi música via Spotify por uma hora e finalizei com uma chamada de 10 minutos.
Esses testes começaram pela manhã com carga em 100% e foram sendo executados ao longo do dia. À noite, por volta das 22:00, a bateria ainda tinha 45% de carga. O tempo de recarga de 20% para 100% foi de 2h15min, aproximadamente. O J8 não suporta recarga rápida.
O alto-falante, que eu sempre avalio durante os testes de bateria, tem volume máximo alto e agradavelmente claro. Apesar disso, o som pode ficar excessivamente estridente no volume máximo, por isso, fica valendo a velha recomendação de usar fones de ouvido para ter uma experiência mais proveitosa com músicas, filmes e afins.
Conclusão
O grande problema do Galaxy J8 não é a configuração. Se você é um usuário avançado, muito provavelmente, vai torcer o nariz para ele. Mas a gente precisa ter em mente que existe um público enorme que não precisa de hardware poderoso e pode se dar bem com o aparelho.
Esse público consegue se beneficiar de uma quantidade decente de espaço para armazenamento de dados, de um bom conjunto de câmeras (pelo menos para a categoria do J8) e de uma bateria que pode passar um dia inteiro longe da tomada sem grandes sacrifícios.
É claro que uma resolução full HD faria diferença aqui, bem como um processador mais potente, mas ambos os componentes conseguem ter o mínimo de dignidade, digamos assim. Por outro lado, a Samsung deixou uma condição importante de lado: o preço não corresponde a essa economia de recursos.
Não corresponde mesmo. O Galaxy J8 foi lançado no Brasil por R$ 1.899. Já é possível encontrá-lo com valores que variam entre R$ 1.150 e R$ 1.300, dependendo da loja.
Com essa faixa de preço, já dá para pensar no assunto. Mas pensar bem, pois, olhando para modelos concorrentes, podemos encontrar conjuntos mais completos de recursos por valores próximos. Um bom exemplo é o Moto G6 Plus, que ganha na tela (full HD) e no processador (Snapdragon 630).
No fim das contas, o Galaxy J8 e outros modelos recentes da Samsung, como o Galaxy A6+ e o Galaxy J4, acabam sendo afetados por uma estratégia esquisita de precificação, mais do que pelas limitações de hardware que cada um possui.
Se você não tem um perfil de uso muito exigente, vá em frente. Possivelmente, o Galaxy J8 vai te atender bem. Mas só o leve para casa se encontrar um desconto bem generoso.
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Especificações técnicas
- Bateria: 3.500 mAh;
- Câmera: 16 + 5 megapixels (traseira), 16 megapixels (frontal);
- Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, GLONASS, Bluetooth 4.2, micro-USB, rádio FM;
- Dimensões: 159,2 x 75,7 x 8,2 mm;
- GPU: Adreno 506;
- Memória externa: suporte a cartão microSD de até 400 GB;
- Memória interna: 64 GB (51 GB livres para o usuário);
- Memória RAM: 4 GB;
- Peso: 177 gramas;
- Plataforma: Android 8.0 Oreo;
- Processador: octa-core Snapdragon 450 de 1,8 GHz;
- Sensores: acelerômetro, proximidade, impressões digitais;
- Tela: Super AMOLED de 6 polegadas com resolução de 1480×720 pixels (274 PPI).
Review Samsung Galaxy J8
Prós
- As câmeras fazem um bom trabalho
- Bateria com autonomia decente
Contras
- Uma tela de 6 polegadas merecia resolução full HD
- Ainda sem sensor de luminosidade?!
Nota Final
8
Bateria
9
Câmera
8
Conectividade
8
Desempenho
7
Design
8
Software
8
Tela
8