Review Samsung Galaxy Note 9: o celular para bolsos grandes
Com bateria maior e caneta S Pen mais inteligente, o novo celular flagship da Samsung é bom, mas cobra por isso
Todo ano é assim: no primeiro semestre, a Samsung lança um Galaxy S com as últimas novidades da empresa; seis meses depois, é hora de levar as melhorias para o novo Galaxy Note.
O Galaxy Note 9 segue esse histórico, trazendo a câmera com abertura variável, os refinamentos no design e o hardware poderoso do Galaxy S9. Mas ele também chega com uma bateria 21% maior que a do antecessor, um software atualizado e uma caneta S Pen mais inteligente para os fãs da linha Note.
Será que o Galaxy Note 9 é bom mesmo? Vale a pena gastar uma montanha de dinheiro para comprar um? Eu usei o lançamento da Samsung como meu smartphone principal nas últimas duas semanas e conto todas as minhas impressões nos próximos minutos.
Em vídeo
Design e tela
O Galaxy Note 9 é um Galaxy Note 8 com design consertado. O leitor de impressões digitais, que ficava posicionado ao lado da câmera traseira, foi parar embaixo dela. Isso não resolve totalmente a questão da ergonomia, porque o sensor continua bem alto para ser alcançado com o indicador, mas pelo menos evita que você suje as lentes com frequência. O reconhecimento facial e o leitor de íris continuam presentes.
Ele é construído com bordas de alumínio e traseira de vidro, o que passa uma sensação de elegância (pelo menos antes de ficar cheio de marcas de dedo!). A Samsung manteve os acertos dos topos de linha anteriores, como a proteção contra água, a entrada de fones de ouvido e os alto-falantes estéreo, mas também alguns pontos meio duvidosos, como o botão dedicado para a Bixby — que não pode mais ser desativado.
Em relação ao Galaxy Note 8, houve um pequeno aumento na espessura (de 8,6 para 8,8 mm) e no peso (de 195 para 201 gramas). Você deve sentir o aparelho no bolso a todo momento, mas só vai estranhar se este for o seu primeiro celular de tela grande. Na verdade, o maior estranhamento deve ser causado pelas cores: o Galaxy Note 9 azul, que ficou bem sóbrio, traz uma S Pen amarela, que destoa bastante do visual.
A frente é preenchida pela tela Super AMOLED de 6,4 polegadas, sem notch, com laterais curvadas, que apresenta qualidade impecável. O ângulo de visão impressiona, a gama de cores é ampla e o brilho atinge níveis bem altos, o que garante uma ótima visualização sob a luz do sol. Os pretos são perfeitos, ampliando o contraste e tornando excelente a experiência de consumir conteúdo no escuro.
O painel é de 2960×1440 pixels, mas a resolução padrão é menor, de 2220×1080 pixels, para poupar bateria e processamento. Independente da resolução que você escolher, é quase impossível enxergar pixels individuais a olho nu. E o modo de cor padrão, batizado de Exibição adaptável, deixa os tons saturados, mas sem exageros; quem prefere algo mais natural pode selecionar outros modos nas configurações de tela.
Software (e como funciona o controle remoto da S Pen)
O Galaxy Note 9 traz o mesmo sistema do Galaxy S9, mas com alguns recursos adicionais para a S Pen. Uma das funções que eu acho mais úteis é a que permite fazer uma anotação à mão rapidamente, sem desbloquear o aparelho — basta tirar a caneta do compartimento e começar a rabiscar. Para não esquecer do recado, é só tocar em um botão que a nota é exibida por meia hora no Always On Display.
No aplicativo Samsung Notes, você pode escrever em uma folha pautada ou desenhar livremente com pincéis, lápis e gizes de cera. No PENUP, dá para encontrar inspiração em ilustrações compartilhadas por outros usuários de Galaxy Note, ou colorir desenhos ao maior estilo Jardim Secreto (mas sem gastar papel ou lápis de cor). E, a qualquer momento, tem como tirar um print da tela e fazer uma marcação.
Mas a grande novidade é que a caneta ganhou conexão Bluetooth e pode funcionar a dez metros de distância. O software é personalizável e permite configurar para que um aplicativo seja aberto quando você manter pressionado o botão lateral: pode ser a câmera, o navegador ou até um recurso específico da S Pen, como a lupa ou a escrita na tela.
Se um aplicativo compatível com a S Pen já estiver aberto, você pode executar alguma ação pressionando uma ou duas vezes o botão lateral: dá para tirar uma selfie ou foto em grupo à distância; voltar ou avançar de slide no PowerPoint; ou rolar a tela para cima e para baixo no Chrome. A API é aberta, então os aplicativos de terceiros podem ser atualizados para se tornarem compatíveis com o controle remoto da S Pen.
Para o controle remoto funcionar, a S Pen precisa estar carregada — ela tem um capacitor que, segundo a Samsung, dura 200 pressionamentos ou 30 minutos. Mas eu percebi que esse capacitor descarrega mesmo se você não apertar o botão lateral, por isso, o controle remoto não deve dar conta de uma apresentação mais longa no PowerPoint, por exemplo. Felizmente, é só deixar a caneta no compartimento por 40 segundos que ela volta com 100% de carga.
O Android 8.1 Oreo personalizado pela Samsung continua sendo um dos melhores sistemas operacionais móveis: ele tem uma interface limpa e fluida, aplicativos bem desenvolvidos (como o Samsung Health, a galeria de fotos e o navegador Samsung Internet) e várias funcionalidades que já deveriam ser nativas do Android, como o Pasta Segura, o Dual Messenger e a ferramenta de screenshots.
Mas é claro que a personalização da Samsung não é perfeita: ela tem alguns recursos de utilidade duvidosa e que não funcionam direito. O My Emoji, que surgiu no Galaxy S9, continua sendo uma coisa falha e assustadora. E a assistente pessoal Bixby, quase dois anos depois, ainda tenta se meter em todo lugar, apesar de só suportar três idiomas (e nenhum deles é o português).
Câmera
O hardware da câmera do Galaxy Note 9 é o mesmo do Galaxy S9+, o que é excelente. As fotos geradas pela câmera traseira de 12 megapixels, que é equipada com uma lente de abertura variável (f/1,5-2,4), têm qualidade muito boa em qualquer condição de iluminação.
Em ambientes claros, o alcance dinâmico se destaca, mantendo todos os detalhes bem visíveis, com um pós-processamento equilibrado e cores sob controle. No escuro, a câmera se mostra bastante confiável, com foco rápido, baixo ruído e ótima nitidez. A estabilização óptica de imagem, presente tanto na lente principal quanto na lente com zoom, funciona bem para evitar borrões nas fotos.
A câmera frontal de 8 megapixels com lente de abertura f/1,7 também apresenta ótimos resultados, embora suavize um pouco a pele mesmo com o recurso de embelezamento desativado. O algoritmo da Samsung sempre tenta deixar o rosto mais homogêneo e com um tom mais frio, o que pode não agradar todo mundo.
As novidades estão mais relacionadas ao software. Tem uma tecnologia que identifica 20 tipos de cenas, como flores, comida ou paisagem, para ajustar as cores automaticamente (mas isso já existia até na época das câmeras compactas). O legal é um recurso que detecta falhas humanas, como lente suja, contraluz ou se alguém piscou — assim você não descobre só depois que a foto não saiu boa.
A falta de uma grande atualização pode decepcionar, mas o fato é que a Samsung continua tendo uma das melhores câmeras de smartphones do mercado.
Hardware e bateria
Assim como aconteceu com o Galaxy S9, a versão do Galaxy Note 9 que está vindo para o Brasil é a equipada com o processador Snapdragon 845 — e não com o Exynos 9810, que está na minha unidade de review e será adotado na maioria dos países. Existem algumas diferenças entre os chips: basicamente, o Qualcomm costuma ser mais rápido em aplicações reais, enquanto o Samsung tende a economizar bateria.
Mas esse detalhe não influenciou significativamente nos meus testes. O Galaxy Note 9 entregou o que eu esperava de um topo de linha: o desempenho foi impecável e eu não notei nenhum sinal de engasgo, nem no dia a dia, nem tentando forçar a barra rodando jogos pesados com os gráficos no máximo. O multitarefa foi muito responsivo com 6 GB de RAM, de modo que eu não espero nenhum grande avanço na versão de 8 GB.
A autonomia foi boa, mas não tanto quanto eu esperava. A Samsung perdeu o medo do fantasma de 2016 e aumentou a capacidade da bateria para 4.000 mAh, 21% a mais que os 3.300 mAh do Galaxy Note 8. Mas ele continua sendo um smartphone topo de linha, com uma tela muito brilhante e um processador que consome bastante energia se você exigir muito dele.
Nos meus testes, tirando o aparelho da tomada às 9h da manhã, ouvindo 2 horas de streaming de música no 4G e navegando na web por cerca de 2 horas, também pela rede móvel, sempre com brilho no automático, eu chegava ao final do dia com bateria entre 30 e 35%. Nas mesmas condições, um Galaxy Note 8 ficava com cerca de 20% de carga, então houve um avanço bem-vindo — mas não uma revolução.
É um smartphone que continua pedindo tomada todos os dias, mas eu me sinto muito mais seguro em não levar uma bateria externa comigo do que se estivesse com um Galaxy Note 8 ou mesmo um Galaxy S9+, que é o meu aparelho atual.
Vale a pena?
A Samsung continua com a estratégia de lançar um Galaxy Note que é basicamente um Galaxy S+ com caneta. O Galaxy Note 8 era um Galaxy S8+ com câmera dupla e tela ligeiramente maior, mantendo o hardware. No Galaxy Note 9, existem mudanças importantes em relação ao Galaxy S9+, como a bateria maior e uma versão com 512 GB de armazenamento para quem estiver disposto a pagar o preço de uma moto.
Mas, na essência, ele e o Galaxy S9+ são o mesmo produto para nichos diferentes: as telas são as melhores que você vai encontrar em um smartphone; as câmeras tiram fotos com qualidade superior às de qualquer outro Android vendido no país; e eles têm o mesmo poder de processamento, que deve apresentar um ótimo desempenho por alguns anos.
Então, surgem algumas questões.
Pensando no custo-benefício, entre os topos de linha, eu ainda sou do time do Galaxy S, que não vê tanta vantagem na caneta e nos recursos de produtividade da linha Note, por isso, a minha escolha de compra no momento em que escrevo este review seria um Galaxy S9+: você não perde em câmera, nem em tela, nem em hardware, mas economiza um bom dinheiro para gastar em outra coisa.
Outras opções de smartphones potentes seriam o Motorola Moto Z2 Force e o Asus Zenfone 5z. O aparelho da Motorola perde pontos comigo por causa da duração da bateria e pela câmera inferior; eu só recomendaria ele para alguém que gosta dos Moto Snaps e da interface mais limpa. Já o da Asus, embora não tenha uma tela ou uma câmera de Galaxy S9+, pode ser interessante para quem faz questão do melhor desempenho sem gastar os olhos da cara.
E, para quem gosta dos recursos da linha Note, não há muito para onde correr. O Galaxy Note 8 chegou caro ao Brasil, e o Galaxy Note 9 segue a tradição. Vale a pena gastar mais de quatro ou cinco mil reais em um celular? Eu acho que nenhum aparelho vale tudo isso, mas esse é o preço a se pagar para ter a última tecnologia no bolso. E se você tem esse dinheiro, ótimo: o Galaxy Note 9 é o melhor smartphone Android à venda no mercado brasileiro.
Especificações técnicas
- Bateria: 4.000 mAh;
- Câmera: 12 megapixels f/1,5–2,4 (traseira) e 8 megapixels f/1,7 (frontal);
- Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11ac, GPS, GLONASS, Galileo, BeiDou, Bluetooth 5.0, USB-C, NFC, ANT+, MST, rádio FM;
- Dimensões: 161,9×76,4×8,8 mm;
- GPU: Adreno 630;
- Memória externa: suporte a cartão microSD de até 512 GB;
- Memória interna: 128 ou 512 GB;
- Memória RAM: 6 ou 8 GB;
- Peso: 201 gramas;
- Plataforma: Android 8.1 Oreo;
- Processador: octa-core Snapdragon 845 de 2,8 GHz;
- Sensores: acelerômetro, proximidade, giroscópio, bússola, barômetro, impressões digitais, íris, batimentos cardíacos;
- Tela: Super AMOLED de 6,4 polegadas com resolução de 2960×1440 pixels.