Review Samsung Galaxy Tab S6: o tablet quase perfeito
Galaxy Tab S6 é um dos melhores tablets Android do mercado, mas cobra seu preço
Galaxy Tab S6 é um dos melhores tablets Android do mercado, mas cobra seu preço
Não teve S5. A Samsung pulou do Galaxy Tab S4, lançado em 2018, direto para o Galaxy Tab S6, que chegou ao Brasil em outubro de 2019. O novo grandalhão da Samsung promete ótima experiência para um tablet Android, desde que você esteja disposto a pagar por isso: o preço sugerido é de R$ 4.299.
Por esse valor, o modelo oferece tela Super AMOLED de 10,5 polegadas, processador Snapdragon 855, 6 GB de RAM, câmera dupla na traseira (pois é, em um tablet) e uma tradição na linha: a caneta S Pen, que agora tem Bluetooth e se prende magneticamente ao tablet.
Vale a pena? Eu testei o Samsung Galaxy Tab S6 por quase um mês. Confira as minhas impressões sobre ele nas próximas linhas.
Na comparação com o Tab S4, o Galaxy Tab S6 deu uma boa evoluída no design e no acabamento. Em vez da camada de vidro que caracteriza a geração anterior, o novo modelo traz tampa traseira de um metal fosco que, além de mais resistente (óbvio), não fica marcado de dedos facilmente.
Note também que a traseira tem uma área discretamente rebaixada que serve para fixação da S Pen. O encaixe é feito magneticamente. Só que a fixação não é muito firme. Um simples esbarrão pode ser suficiente para a caneta cair. Apesar disso, a situação aqui é melhor que a do Tab S4, que não tem nenhum mecanismo de encaixe para a S Pen.
O Tab S6 também ficou mais fino. Agora são 5,7 mm de espessura contra 7,1 mm da geração anterior. Mas essa não é, necessariamente, uma boa notícia, por um único motivo: acabou faltando espaço para o conector de fones de ouvido.
Olha, até hoje não simpatizo com a eliminação desse componente nos smartphones, mas até que dá para relevar. Agora, em um tablet, é mais difícil de aceitar essa condição, afinal, o dispositivo tem espaço para o conector. Se é para contar com esse recurso, eu não me importaria em ter um tablet mais grosso.
Dado o preço do tablet, a Samsung poderia pelo menos ter incluído fones de ouvido USB-C como acessórios do produto (não incluiu).
A lateral esquerda traz os encaixes da capa com teclado que “transforma” o Tab S6 em notebook (vendido à parte). Já a lateral direita traz os controles de volume e o botão liga / desliga, que também pode ser usado para acionar a assistente Bixby.
Por ali também encontramos a gaveta para microSD (de até 1 TB) e, olha só, SIM card: o Galaxy Tab S6 é compatível com 4G.
Uma das características mais legais que o Galaxy Tab S6 herda do S4 é o conjunto de quatro alto-falantes — dois na lateral superior, dois na inferior — que traz tecnologia de som imersivo AKG e suporte ao padrão Dolby Atmos.
O volume máximo é alto e o som é reproduzido com bastante clareza, o que deixa a experiência com filmes, jogos e músicas bastante envolvente. Dá até para notar detalhes que, normalmente, só percebemos com fones de ouvido.
É verdade que, ao segurar o tablet na posição horizontal, você pode acabar tampando uma das saídas de áudio com a mão, mas esse é apenas um detalhe.
Já a tela é um deleite para os olhos. Não poderia ser diferente: o Tab S6 traz painel Super AMOLED de 10,5 polegadas, formato 16:9 e resolução de 2560×1600 pixels.
As cores têm bastante vivacidade aqui (mas sem excessos na saturação), o preto é profundo, a visualização sob ângulos variados é muito boa e o brilho máximo é intenso, com o ajuste automático funcionando de modo rápido e preciso.
É lógico que a resposta da tela também é boa. Isso é importante porque o Galaxy Tab S6 vem com a S Pen. Eu não diria que esse é um acessório indispensável, mas ele não deixa de ser um bom incremento.
Por ter tamanho de caneta convencional, a S Pen é confortável de se usar. Você pode recorrer ao acessório para tomar notas, rabiscar em capturas de tela ou desenhar, por exemplo. O resultado pode não ser tão preciso quanto o de uma mesa digitalizadora, mas deve agradar aos artistas de plantão.
Se isso não te interessa, a S Pen ainda pode ser útil: como agora ela tem Bluetooth, você pode usá-la, por exemplo, como controle remoto em uma apresentação de slides ou para disparar a câmera remotamente: um clique no botão da S Pen faz o disparo; dois cliques seguidos mudam a câmera.
Também dá para usar a S Pen com gestos. Por exemplo, no YouTube ou Netflix, se você pressionar o botão da caneta e movê-la para cima (no ar mesmo), o volume aumenta; o movimento contrário reduz o volume. Achei bem legal.
Ah, eu não poderia esquecer: o Galaxy Tab S6 tem leitor de impressões digitais integrado à tela. Ele não é perfeito, mas funciona bem. O reconhecimento é rápido e faz o desbloqueio de primeira na maioria das tentativas — acerta em mais de 90%, eu diria.
Apesar de ter chegado em outubro de 2019 ao Brasil, a Samsung anunciou o Galaxy Tab S6 em agosto do mesmo ano. É por isso que o tablet vem com o Android 9.0 Pie em vez do Android 10 (anunciado em setembro). Mas isso não chega a ser ruim: assim como nos smartphones, a interface One UI presente aqui é bem organizada e traz um bom conjunto de recursos.
Entre eles estão os aplicativos para uso da S Pen, como o Penup (para ilustrações), o Samsung Flow (para conectar o tablet ao PC) e o Gravador de Tela. Mas é o Samsung DeX que rouba a cena.
Para quem está por fora do assunto, o Samsung DeX é um modo que “transforma” o tablet em PC ao ativar uma interface que remete a um desktop. É legal? Bastante, e deve ser ainda mais se você colocar no tablet a capa com teclado do dispositivo (acessório não enviado para este review). Vale a pena? Depende.
Como a Samsung caprichou no hardware do Tab S6, o desempenho do Modo DeX agrada bastante. O problema é que muitos aplicativos para Android não são otimizados para esse tipo de interface, que permite o redimensionamento das janelas.
O Gmail é um exemplo: a falta de otimização de espaço no aplicativo faz a gente ter aquela sensação de estranheza de quando removemos um móvel grande da sala.
Apesar disso, o Samsung DeX consegue quebrar um galho para quem busca mais produtividade com o tablet em determinadas situações.
Está aí uma coisa que eu não esperava: câmera dupla em um tablet Android. A principal tem 13 megapixels e abertura f/2,0. A secundária é uma grande angular (123 graus) de 5 megapixels e abertura f/2,2.
Mesmo em um tablet topo de linha, como o Galaxy Tab S6, câmeras não são prioridade. Não espere muito delas, portanto. Não, o dispositivo não registra imagens ruins. Tanto com a principal quanto com a grande angular, os níveis de ruído são bem controlados e a definição é decente.
Porém, dá para notar um excesso de saturação em determinadas condições, o que acaba deixando áreas de sombra muito escuras, por exemplo. Eu percebi também que a nitidez da câmera grande angular é um pouco mais baixa.
Na frente, o Tab S6 abriga uma câmera de 8 megapixels e abertura f/2.0. Ela registra selfies interessantes, inclusive com fundo desfocado, mas é preciso tomar cuidado com o efeito de suavização: mesmo deixando esse parâmetro em nível baixo, o seu rosto pode ficar muito “lavado”.
A câmera frontal também pode ser usada para desbloqueio do tablet por reconhecimento facial. Funciona bem, mas esse modo falha mais do que o desbloqueio por impressão digital, principalmente em ambientes com iluminação reduzida.
Processador octa-core Snapdragon 855 com GPU Adreno 640, 6 GB de RAM e 128 GB de armazenamento interno de dados. Com esse hardware, seria impossível o Galaxy Tab S6 ter desempenho ruim.
O tablet conseguiu executar todos os apps testados com notável desenvoltura e sem demora na abertura ou alternância entre eles. Jogos como Asphalt 9: Legends e Breakneck com gráficos no nível máximo rodaram nos conformes, sem queda significativa na taxa de frames por segundo. Uma belezinha!
Com 7.040 mAh, a bateria também não desaponta. No dia de testes, rodei duas horas de vídeo via Netflix com brilho máximo na tela, joguei Asphalt 9 por meia hora, usei Chrome com várias abertas por uma hora e meia, deixei o Spotify tocando por uma hora via alto-falantes, acessei alguns apps a partir do Samsung DeX por meia hora e brinquei por uns 20 minutos no Penup.
Comecei pela manhã com 100% de carga e fiz os testes no decorrer do dia. Por volta das 22:00, o Tab S6 ainda tinha cerca de 60% de carga. Com base nesse resultado, dá para concluir que este é um tablet que pode ficar pelo menos dois dias seguidos longe da tomada com relativa facilidade.
O Galaxy Tab S4 é uma baita tablet, por isso, eu achei que a Samsung não teria muito o que melhorar na geração seguinte. Mas teve, sim: no Galaxy Tab S6, o acabamento é mais robusto, o desempenho proporcionado pelo Snapdragon 855 é inquestionável e a S Pen ficou mais interessante com Bluetooth.
Levemos em conta ainda que a tela, apesar de praticamente não ter mudado em relação à geração anterior, continua oferecendo ótima experiência, que a bateria faz bonito na autonomia e que o áudio só não é melhor por não ter reforço de graves.
O único ponto negativo que eu encontrei é mesmo a falta da tradicional conexão para fones de ouvido. Eu sei que dá para resolver isso com fones USB-C ou Bluetooth, mesmo assim, esse recurso faz falta, até porque tablets estimulam o consumo de mídia.
Vale a pena desembolsar R$ 4.299 pelo Galaxy Tab S6, então? Para a maioria das pessoas, não. O modelo é um produto de nicho, portanto, só compensa para quem encontrar um uso muito específico para ele (mesmo se ele for encontrado com um desconto generoso).
Pode ser o caso de quem trabalha com artes gráficas ou de quem procura um tablet para jogos pesados, por exemplo. Mas, para a maioria dos mortais, um dispositivo como esse só vai servir para atividades como leituras e vídeos, tarefas que podem ser executadas tranquilamente por tablets mais baratos, com o Galaxy Tab S5e.
Mesmo não sendo para todo mundo, não dá para negar: o Samsung Galaxy Tab S6 é um dos melhores tablets Android do mercado. Talvez ele não leve a melhor no quesito custo-benefício, mas no equilíbrio das especificações técnicas, o modelo é difícil de ser batido.