Review Samsung Galaxy Tab S7: para quem faz questão de tablet Android
Samsung Galaxy Tab S7 tem hardware potente e S Pen na caixa, mas ecossistema do Android ainda é limitado para tablets
Samsung Galaxy Tab S7 tem hardware potente e S Pen na caixa, mas ecossistema do Android ainda é limitado para tablets
A linha de tablets da Samsung resiste e evolui. Em agosto de 2020, a companhia revelou o Galaxy Tab S7, um dos poucos tablets Android de alto desempenho disponíveis no mercado: o dispositivo tem chip Snapdragon 865 Plus e tela de 11 polegadas com taxa de atualização de 120 Hz.
Câmera dupla na traseira, bateria de 8.000 mAh, sistema de quatro alto-falantes e caneta S Pen estão entre os demais recursos que a Samsung oferece para dizer “bom, se você quer fugir do iPad, a melhor opção é o Galaxy Tab S7”.
Será? Eu usei o tablet por três semanas. Nos próximos instantes, conto tudo o que eu descobri sobre ele.
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Nenhuma empresa, fabricante ou loja pagou ao Tecnoblog para produzir este conteúdo. Nossos reviews não são revisados nem aprovados por agentes externos. O Galaxy Tab S7 foi fornecido pela Samsung por empréstimo. O produto será devolvido à empresa após os testes.
Provavelmente, o Galaxy Tab S7 é o modelo mais bem-acabado já lançado na linha. Aqui, a Samsung optou por deixar as laterais com uma superfície reta — dá até para manter o tablet “em pé”. A companhia também trocou o tom prateado fosco da geração anterior por um cinza “chumbo” que faz o tablet ter aspecto robusto e sóbrio ao mesmo tempo.
Existe uma versão na cor bronze que eu não testei, mas que parece ser igualmente bonita. Em ambos os casos, o tablet é constituído por uma estrutura única de alumínio.
A traseira tem uma textura fosca que, além de repelir marcas de dedos, faz o tablet aderir bem ao contato com as mãos. Apesar disso, é bom não descuidar: como o dispositivo é relativamente pesado (500 g), deixá-lo cair não é difícil.
Note que existe uma faixa preta saindo das câmeras. Trata-se de uma área magnetizada para fixação e recarga da S Pen. O encaixe é firme, mas não o suficiente para evitar que a caneta se solte com um esbarrão, por isso, convém não confiar muito nesse recurso.
Na lateral direita, a Samsung manteve os controles de volume e o botão de liga / desliga, que também faz leitura de impressão digital. No Galaxy Tab S6, o leitor é integrado à tela.
Penso que a mudança é bem-vinda, afinal, no Tab S7, o componente parece ser mais preciso. O problema é que o botão de liga / desliga foi posicionado em um ponto muito alto. Seria mais prático se ele estivesse no meio da lateral.
Ainda por ali, encontramos a gaveta de chips. Você pode inserir um microSD de até 1 TB e um SIM Card nela — esta versão do tablet é compatível com 4G.
O Galaxy Tab S7 herda do Tab S6 (que, por sua vez, herda do Tab S4) quatro alto-falantes AKG. Há um par na lateral inferior e outro na superior. Esse conjunto é um dos pontos fortes do dispositivo.
Não importa se você estiver jogando, assistindo a vídeos ou ouvindo música. O quarteto faz o áudio ficar imersivo, principalmente quando a função Dolby Atmos é ativada — você consegue até notar um efeito de direção do som.
É verdade que os graves são praticamente inexistentes, mas os tons médios e agudos são bem reproduzidos. Dá até para distinguir instrumentos que, normalmente, só notamos com fones de ouvido.
Queria ter essa qualidade de áudio em smartphones.
Só para constar, a lateral esquerda traz os encaixes da capa com teclado (vendida separadamente) que permite o uso do Galaxy Tab S7 como notebook.
11 polegadas, resolução de 2560×1600 pixels, espaço de cores DCI-P3 e taxa de atualização de 120 Hz. São características interessantíssimas. Apesar disso, não vou esconder: a tela do Galaxy Tab S7 me deixou um pouco frustrado.
A tela não é ruim, longe disso. As cores são exibidas com vivacidade aqui, a resolução é perfeita para o consumo dos mais variados tipos de conteúdo e a frequência de 120 Hz realmente consegue deixar a reprodução de determinados jogos ou vídeos mais fluída, como tem que ser.
Só que este é um painel LTPS LCD. O modelo anterior, o Galaxy Tab S6, tem display Super AMOLED, que é superior na vivacidade das cores e, sobretudo, no brilho — no Tab S7, você pode ter alguma dificuldade para enxergar o conteúdo da tela a céu aberto em um dia claro.
Depois que você se acostuma com Super AMOLED fica difícil aceitar LCD, mesmo quando este é um painel dos bons. Fica parecendo um retrocesso. Essa sensação só não é maior porque o Super AMOLED aparece no Galaxy Tab S7+, modelo que traz tela de 12,4 polegadas.
A S Pen que acompanha o Galaxy Tab S7 tem tamanho de caneta convencional e, por isso, é confortável de se usar, tenha você mãos grandes ou pequenas.
Um detalhe interessante é o botão na lateral que permite o uso do acessório como controle remoto. Você pode usar a S Pen para avançar de música no Spotify ou pausar um vídeo no YouTube, por exemplo. A comunicação é feita por Bluetooth.
Mais importante do que isso é o uso da S Pen como lápis ou caneta, de fato. As minhas habilidades artísticas são bastante limitadas, mas me pareceu que o Tab S7 responde muito bem a toques na tela feitos com o acessório. Isso me permitiu fazer anotações e ilustrações com facilidade, quase como se eu estivesse usando papel.
É possível simular canetas ou lápis com pontas de diversas espessuras com a S Pen, bem como trabalhar com níveis distintos de pressão: um toque suave com o acessório na tela gera um traço fino; um toque mais forte engrossa o traço.
Para quem não é artista, eu não diria que a S Pen é indispensável. De todo modo, que bom a Samsung inclui o acessório na embalagem do tablet.
O Tab S7 testado pelo Tecnoblog traz Android 10 e interface One UI 2.5. Aqui, é perceptível os esforços da Samsung para melhorar a experiência de uso da plataforma em tablets.
No visual, a One UI praticamente não muda em relação à interface dos smartphones atuais da marca, com óbvia exceção para o espaçamento maior entre os elementos da interface.
As diferenças aparecem nos recursos que a Samsung disponibiliza para o usuário tirar proveito da S Pen. É o caso do aplicativo de notas Samsung Notes e da ferramenta de ilustrações Penup. Ambas respondem bem aos toques com a caneta e até simulam o barulho de um lápis riscando o papel.
Complementam a experiência com a S Pen o Noteshelf (aplicativo mais completo de notas), o Canvas (ferramenta para trabalhos gráficos e design) e uma assinatura de seis meses do Clip Studio Paint (app para ilustrações).
O problema é que nem tudo depende da Samsung: se por um lado aplicativos como Microsoft Word e Amazon Kindle aproveitam bem todo o espaço da tela de um tablet, o mesmo não ocorre com vários outros apps. O Twitter é um bom exemplo: tudo fica esticadão por lá.
Os recursos da Samsung incluem o modo DeX, que transforma a One UI em uma interface para laptop: o modo permite que janelas fiquem sobrepostas ou posicionadas uma ao lado da outra. Basta conectar um teclado Bluetooth ao dispositivo para a experiência ficar realmente interessante.
Só que é bom não esperar milagres. O Android não foi preparado para funcionar desse jeito, logo, você perceberá que vários aplicativos não podem ser redimensionados e que a alternância entre eles fica prejudicada se muitos estiverem abertos.
De modo geral, o DeX é útil e apresenta bom desempenho, a despeito desses problemas. Mas essa ferramenta não substitui um notebook de verdade.
São duas na traseira, a principal com 13 megapixels, a secundária com 5 megapixels e lente ultrawide. Câmeras em tablets ainda causam alguma estranheza, ainda mais quando uma delas é grande angular. Mas faz sentido: se você estiver em um churrasco com os amigos (de preferência, quando aglomerações forem seguras), com ela, fica mais fácil todo mundo sair na foto.
Não anseie por resultados impressionantes, todavia. O sensor da grande angular é simples, portanto, gera fotos com menos detalhes do que as imagens da câmera principal. Por outro lado, o controle de ruído é bem feito e os registros tendem a ter coloração vívida, mas que não desequilibram a saturação.
Pode-se dizer quase o mesmo da câmera principal, com a diferença de que ela se sai um pouco melhor na definição e registra cores com um tom um pouco mais frio.
A câmera frontal está lá, com seus 8 megapixels. Dá para tirar selfies interessantes com ela: no primeiro plano, a imagem fica nítida e a coloração é realista. O fundo pode perder detalhamento, porém.
Mas essa é uma câmera que a maioria dos usuários usará para chamadas em vídeo. É por isso, provavelmente, que a Samsung mudou a posição do componente: no Galaxy Tab S6, a câmera frontal fica no topo; no Tab S7, a câmera foi posicionada na lateral direita para facilitar as videoconferências quando o tablet estiver na horizontal.
O tablet conta com chip Snapdragon 865 Plus e 8 GB de RAM, além de 256 GB de espaço para armazenamento. Com um hardware desses, a Samsung teria que ter feito algo muito errado para o desempenho ser ruim. Não é, nem de longe.
A abertura de aplicativos é rápida, o tempo de resposta também. A alternância entre eles só fica prejudicada com o modo DeX e, ainda assim, somente quando muitos apps estão abertos. Jogos como Asphalt 9: Legends e Breakneck rodaram sem pestanejar, mesmo com gráficos no máximo.
Já a bateria, com seus 8.000 mAh, não me impressionou. Nos testes, rodei um vídeo de três horas na Netflix com brilho máximo na tela, joguei Asphalt 9: Legends e Breakneck por 20 minutos cada, ouvi Spotify via alto-falantes por uma hora, usei navegador e redes sociais também por uma hora e fiz uma chamada de 10 minutos (sim, é bizarro fazer ligação em um tablet).
Essas atividades foram feitas ao longo de um dia e começaram com a bateria em 100%. Por volta das 22:00, o componente ainda tinha 55% de carga. Não é um número ruim, mas essa é mais ou menos a média que o Tab S6 registra, com a diferença de que este último tablet vem com uma bateria menor, de 7.040 mAh.
Tem mais um detalhe: o Tab S7 suporta carregamento rápido de 45 W, mas traz um carregador de 15 W. Com ele, o tempo de recarga de 2% para 100% foi de duas horas e meia.
É visível que a Samsung se esforçou para tornar o Galaxy Tab S7 mais interessante que o seu antecessor. O acabamento ficou mais sofisticado, o desempenho é satisfatório até em aplicações pesadas, as câmeras são aceitáveis para um tablet, a bateria tem boa autonomia (apesar de ter evoluído pouco em relação à geração passada), os alto-falantes são de excelente qualidade e a S Pen é confortável de se usar.
A tela também é digna de nota. Não escondo que fiquei desapontado com a mudança para LCD. Acho que o Tab S7 também deveria ter Super AMOLED, não só o Tab S7+. Por outro lado, reconheço que este é um LCD muito convincente.
O problema é que o ecossistema do Android continua não sendo muito favorável a tablets. Boa parte dos apps para o sistema operacional não são otimizados para aproveitar telas grandes. Com o DeX e a oferta de aplicativos como Noteshelf e Canvas, a Samsung tenta compensar essa deficiência, mas a empresa só pode fazer isso até certo ponto.
Eis o efeito: para a maioria dos usuários, o Tab S7 só vai ser realmente útil para consumo de vídeo, jogos e leitura. Só que pagar R$ 6.599 por isso não compensa. Sim, esse é o preço oficial do tablet no Brasil.
Se é para pagar tão caro, pode ser melhor partir logo para um iPad, que tem um ecossistema de aplicativos mais otimizado para tablets.
No resumo da ópera, o Samsung Galaxy Tab S7 só vale a pena para quem, por alguma razão, faz questão de tablet Android. O modelo tropeça no fator custo-benefício, mas é, sem dúvida, um dos melhores tablets baseados na plataforma.
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