Review Samsung Gear IconX (2018): mais bateria, finalmente
Fones de ouvido totalmente sem fio da Samsung soam bem e corrigem os defeitos do antecessor, mas mantém preço alto
Fones de ouvido totalmente sem fio da Samsung soam bem e corrigem os defeitos do antecessor, mas mantém preço alto
Um ano depois de lançar o Gear IconX, fones de ouvido totalmente sem fio e com bastante tecnologia embarcada, a Samsung está trazendo uma versão atualizada ao mercado brasileiro. A segunda geração segue os princípios do antecessor, mas promete corrigir os pontos negativos, especialmente a baixa duração de bateria.
Com preço sugerido de R$ 1.499, ele é muito caro para a maioria das pessoas. É o que se paga pela miniaturização, afinal. Mas será que, pelo menos, o Gear IconX (2018) é um bom produto? A qualidade de som é boa? A bateria realmente melhorou? E o monitoramento de exercícios, funciona? Depois de dezenas de horas com o gadget nos ouvidos, conto todos os detalhes nos próximos parágrafos.
Conforto é o ponto mais crítico do Gear IconX (2018). Tem gente que não gosta de fones de ouvido intra-auriculares. Essas pessoas nunca se adaptarão, já que o par da Samsung é relativamente grande, envolvendo boa parte das orelhas; a borracha que entra no canal auditivo é justa; e existe uma asinha para manter os fones seguros durante os exercícios.
Meu intra-auricular preferido há muitos anos é o Etymotic hf5 (com a borrachinha de três aros dentro do canal auditivo), então é claro que eu não tive nenhum problema com os fones da Samsung. O design encaixou bem nos ouvidos e cumpre o propósito de se manter firme em atividades físicas: eu chacoalhei minha cabeça, pulei o máximo que pude, e o Gear IconX (2018) nunca ficou nem perto de cair. Em compensação, para um usuário médio, ele pode causar desconforto depois de algumas horas.
Nos dois lados, há uma superfície sensível ao toque para controlar o volume, a reprodução de música e um menu que aciona certos recursos, como o assistente pessoal Bixby (em inglês), o monitoramento de exercícios e um modo de som ambiente, que reproduz sons externos com a ajuda do microfone (para quem tem medo de ser atropelado).
O estojo para guardar os fones está maior e agora tem conexão USB-C, assim como os smartphones caros da Samsung. Ele é bem prático, recarregando os fones enquanto você não estiver com eles no ouvido. Quando quiser ouvir música, basta tirá-los do estojo: eles ligam automaticamente, pareiam com o smartphone e começam a tocar. Mais simples, impossível.
O som do Gear IconX (2018) não é nada de outro mundo, mas é aceitável para um produto voltado para o mercado fitness. Na verdade, a maioria das pessoas não notará nenhum problema na qualidade de áudio: são fones com bastante musicalidade, que não causam fadiga auditiva e têm apresentação bem agradável.
Os graves me pareceram na medida, sem muita presença ou impacto, mas suficientes para ouvir ritmos mais pesados; os médios são equilibrados, embora sem muitas texturas; e os agudos são um pouco recuados, mas pelo menos não têm picos desagradáveis. O nível de detalhes é ok.
O grande problema é que a conexão wireless ficou longe da perfeição durante os meus dias de teste. Com o Galaxy S8, houve mais travadinhas no áudio do que eu gostaria e, durante a reprodução de músicas, eram notáveis os momentos em que parecia que o Bluetooth não estava dando conta do recado, gerando um efeito desagradável de compressão e sumindo com a definição por um ou dois segundos.
O maior problema do primeiro Gear IconX com certeza era a duração de bateria, que sofria para chegar a duas horas quando pareado a um smartphone. Agora, finalmente temos uma autonomia decente.
Eu não consegui esgotar totalmente a bateria do Gear IconX (2018) em nenhum dia, já que colocava os fones dentro do estojo quando precisava fazer uma pausa (almoço, por exemplo). No meu dia de teste mais intenso, foram necessárias 4h40min até que um dos lados avisasse que havia 10% de bateria restante. É um resultado de acordo com as cinco horas prometidas pela marca.
Para mim, o ideal é que um fone tenha pelo menos 10 horas de bateria (oito horas de trabalho e duas de deslocamento). O Gear IconX (2018) não chega a tudo isso, mas, considerando que a recarga dentro do estojo é rápida (não consegui testar isso com precisão, mas a Samsung aponta para 1 hora de música com 10 minutos de recarga), ele deve ser suficiente para a maioria das pessoas.
A parte estranha é que, ao recarregar os fones (82 mAh em cada lado) e o estojo (340 mAh) simultaneamente por meio da conexão USB-C, foram necessárias algo entre 3 e 4 horas para enchê-los completamente, bem mais que um smartphone. Sozinho, os fones até que carregam rapidamente, mas o conjunto em si poderia ser mais ágil.
E, assim como na primeira versão, os fones descarregam lentamente a bateria ao longo dos dias. Então, se você deixar o Gear IconX (2018) sem uso por dois ou três dias, ainda que dentro do estojo, provavelmente deverá recarregá-los novamente quando quiser ouvir música. Poxa.
Além de funcionar como fone de ouvido, o Gear IconX (2018) serve como um gadget autônomo para ouvir música e monitorar exercícios físicos. O armazenamento de 4 GB (na verdade, 3,4 GB) pode ser preenchido com músicas em MP3 (nada de integração com serviços de streaming, infelizmente) por meio de um cabo USB ligado ao computador ou smartphone (com um adaptador incluso na caixa).
Um avanço da segunda geração é a possibilidade de transferir músicas por Bluetooth, algo que não existia no modelo original. Seria algo extremamente útil, mas infelizmente é uma função muito limitada: só é possível enviar uma única música (de até 60 MB) por vez. Funciona com podcasts (desde que eles não sejam muito grandes), mas é pouco útil para transferir músicas de fato.
Quando não está pareado por Bluetooth, o Gear IconX (2018) automaticamente entra no modo autônomo assim que você o coloca nos ouvidos. É possível ouvir as músicas armazenadas no aparelho (até sete horas de bateria) e iniciar um exercício físico, inclusive com alguns programas pré-definidos pela Samsung, como atividades para melhorar a resistência ou a velocidade em corridas.
Ele perdeu o sensor de batimentos cardíacos, mas, como o da primeira versão era muito impreciso (chegava a marcar picos de 210 batimentos por minuto, vinte a mais que qualquer outro relógio), não é algo que eu senti falta, ainda mais considerando o belo aumento na bateria.
O problema é que os dados não são muito precisos. Em uma corrida de 5 km (marcada com GPS em um Garmin Forerunner 235), o Gear IconX (2018) registrou 5,4 km. Na esteira, ele também informava velocidades até 2 km/h mais altas que as exibidas no painel do equipamento. É bacana para quem faz exercícios sem compromisso, mas pode não servir para quem está treinando para uma prova, por exemplo.
As empresas raramente acertam na primeira geração de um produto, seja porque a tecnologia não está madura, seja porque ainda não entenderem o que os consumidores precisam. No primeiro Gear IconX, eu fui categórico ao afirmar que não, não valia a pena comprá-lo.
Aqui, a conclusão é diferente. Sim, a versão 2018 tem seus problemas: o preço continua proibitivo (inclusive, aumentou 100 reais em relação ao antecessor); o recurso de transferir músicas poderia ser mais refinado (suportando um serviço de streaming ou melhorando o envio por Bluetooth); e, embora seja voltado para atividades físicas, ainda não consegue substituir um relógio inteligente.
Só que o Gear IconX (2018) já entra na categoria dos produtos “bons o suficiente” para serem comprados. A qualidade de som agrada aos ouvidos menos exigentes; a sensação de correr sem nenhum fio preso (e tendo certeza de os fones não vão cair no bueiro) é muito boa; e a bateria é suficiente para boa parte dos usuários.
É verdade que o brasileiro médio não está acostumado a pagar mais que R$ 100 em um par de fones, que dirá mais de R$ 1.000 (por motivos óbvios; isso é mais que um salário mínimo). Mas, se dinheiro não for um problema tão grande assim, eles podem ser bons companheiros musicais no dia a dia.