Review Sony Xperia XA1 Ultra: gigante de 6 polegadas
Tela gigante de boa qualidade da Sony agrada, mas cadê o leitor de impressões digitais?
Tela gigante de boa qualidade da Sony agrada, mas cadê o leitor de impressões digitais?
A linha Ultra da Sony é composta por smartphones com telas enormes. O membro mais recente da família é o Xperia XA1 Ultra: ele tem painel IPS LCD de 6 polegadas, bordas laterais compactas e um conjunto de câmeras que promete capturar boas fotos.
Com preço sugerido de R$ 2.299, o Xperia XA1 Ultra tem hardware que bate de frente com os intermediários premium, trazendo processador MediaTek Helio P20, 4 GB de RAM e 64 GB de armazenamento interno. Será que é uma boa opção? Eu conto neste breve review.
Eu gosto bastante do design da linha XA porque a Sony elimina as bordas laterais do aparelho, o que melhora a ergonomia e facilita a digitação, já que o dedão alcança facilmente o outro lado do visor. Isso faz bastante diferença no Xperia XA1, mas não no Xperia XA1 Ultra: a tela de 6 polegadas te obriga a utilizar o smartphone com as duas mãos. Não tem jeito.
O Xperia XA1 Ultra é um smartphone bem construído. A traseira é de plástico e acumula marcas de dedo com facilidade; em compensação, ele tem bordas de metal e peças bem encaixadas, além de passar uma boa sensação de robustez, que parece ser reforçada pelo peso de 188 gramas. Bons detalhes dos Xperias continuam presentes, como o alto-falante boa qualidade e o botão de duas fases para tirar fotos.
Mas a ausência mais notável, sem dúvidas, é o leitor de impressões digitais — eu não passei um segundo sem sentir a falta dele. Até o Moto E4, que custa menos de um terço do valor pedido pela Sony, tem o sensor essencial. E quase todos os smartphones da mesma categoria do Xperia XA1 Ultra tinham o leitor desde o ano passado, por isso, não colocá-lo em pleno ano de 2017 foi uma tremenda bola fora da Sony.
A tela é de boa qualidade. O painel IPS LCD de 6 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels entrega uma definição dentro do que esperamos para um intermediário premium; o brilho é alto e o nível de preto também agrada, considerando os limites tecnológicos de uma tela retroiluminada. Fica claro que o Xperia XA1 Ultra é um smartphone pensado para consumo de conteúdo — e é bom ver que alguém continua apostando nesse nicho.
O Android do Xperia XA1 Ultra é o 7.0 Nougat e tem a mesma interface que você encontra em outros smartphones recentes da empresa. O software tem modificações nos ícones, bem como algumas animações extras aqui e acolá, mas ele é bem parecido com o Android desenvolvido pelo Google.
A Sony continua colocando alguns aplicativos de utilidade duvidosa, como um atalho para o blog da empresa, um trial de 180 dias do AVG Antivirus e um editor de vídeos. De qualquer forma, os bloatwares não são muito numerosos e podem ser desativados rapidamente.
A câmera frontal de 16 megapixels do Xperia XA1 Ultra é bem chamativa, mas não só isso: ela realmente entrega resultados acima da média da categoria. As selfies têm boa definição, praticamente sem ruído, e se dá muito bem inclusive em ambientes internos.
Já a câmera traseira tem sensor de 23 megapixels — o mesmo que equipa o Xperia XA1 e o Xperia Z5, que foi o topo de linha da Sony em 2015. Os resultados não são impressionantes, mas até que agradam.
Com bastante iluminação, a câmera faz um bom trabalho e tira fotos com definição excelente. No entanto, é muito perceptível que o algoritmo da Sony força demais a saturação e o contraste da imagem. Isso acaba prejudicando o alcance dinâmico e, por vezes, cria áreas de sombra muito fortes, o que fica claro quando comparamos com uma câmera realmente boa de 2016.
Em ambientes internos, a ótima definição é mantida e o nível de ruído não aumenta. Já em cenários noturnos, o Xperia XA1 Ultra decepciona por não ter ruído nenhum, mas também sumir com a definição. O pós-processamento tenta enganar os olhos com um sharpening para forçar uma nitidez que o sensor não conseguiu capturar, mas basta uma olhada por mais cinco segundos para ver que os detalhes sumiram da cena.
Em resumo, não é uma câmera ruim, mas também não é uma câmera sensacional. Ela tira fotos com qualidade satisfatória e, se você acompanhou outros reviews de intermediários premium, já sabe que a melhor opção para quem realmente se importa com fotografia ainda é pegar um topo de linha da geração passada.
O processador MediaTek Helio P20 do Xperia XA1 Ultra é bem parecido com o Snapdragon 625 ou 626 que equipam os smartphones da mesma categoria, tanto na CPU quanto na GPU.
Por isso, você já sabe o que esperar: o desempenho é bom no dia a dia, as animações são fluidas, e os 4 GB de RAM colaboram pra manter o multitarefa bem ágil. Games como Unkilled e Breakneck rodam bem, desde que você não force muito os gráficos — se o objetivo é jogatina no nível hard, só indo para um topo de linha mesmo.
Bons destaques são o armazenamento interno de 64 GB, que felizmente já virou padrão entre os Androids na faixa de preço, e para a entrada de cartão de memória, que não é híbrida — você pode colocar dois chips de operadora e um microSD ao mesmo tempo, sem nenhuma gambiarra.
A bateria com capacidade de 2.700 mAh, pelo número, pode causar uma primeira impressão ruim (e injusta), já que ela é responsável por manter um smartphone de 6 polegadas ligado. Poderia ser melhor? Poderia. Mas, na prática, a autonomia deve satisfazer a maioria dos usuários.
Nos meus dias de teste, eu tirei o Xperia XA1 Ultra da tomada às 9h da manhã, ouvi duas horas de streaming de música no 4G e naveguei na web por duas horas, também na rede móvel, sempre com brilho no automático. Às 22h, eu sempre tinha algo em torno de 30 a 35% de bateria.
Não é uma autonomia que smartphones da categoria, como Galaxy A7, Zenfone 3 ou Moto Z2 Play, costumam apresentar. Mas é uma duração parecida com a dos topos de linha, que trazem baterias maiores, mas hardware mais poderoso — o Xperia XA1 Ultra deve aguentar até o final do dia com carga na maioria das vezes.
O Xperia XA1 Ultra acaba sendo um smartphone de nicho. Ele é interessante desde que você faça questão de uma tela realmente grande.
O smartphone da Sony entrega um desempenho na média da categoria, câmera satisfatória e uma bateria ligeiramente abaixo dos concorrentes, mas não exatamente ruim. O maior problema, com certeza, é a falta do leitor de impressões digitais, que já virou item essencial até para smartphones mais básicos, abaixo dos mil reais.
Além disso, ele sofre a concorrência de gigantes do ano passado, notavelmente o Galaxy A9, que também possui uma tela de 6 polegadas. Embora tenha apenas 32 GB de armazenamento, seja bem pesado e também tire fotos medianas, o aparelho da Samsung oferece bateria melhor (5.000 mAh), sensor biométrico e processador levemente superior. Apesar de ter sido lançado por R$ 2.799, ele já pode ser encontrado na faixa dos R$ 1,5 mil.
Pensando em tela, o Xperia XA1 Ultra é uma das poucas opções dessa faixa de preço. Para consumir conteúdo, especialmente vídeos, é um dos melhores smartphones do mercado. Mas, sinceramente, eu prefiro ter meia polegada a menos e um conjunto melhor no geral.