Review Galaxy A7 (2017): convence, mas não empolga
Lançado por R$ 2.299, smartphone da Samsung tem bom conjunto de recursos, mas deixa a impressão de que poderia fazer mais
Lançado por R$ 2.299, smartphone da Samsung tem bom conjunto de recursos, mas deixa a impressão de que poderia fazer mais
Processador octa-core Exynos 7880, 3 GB de RAM, 32 GB para armazenamento interno de dados, câmera com 16 megapixels. Essa é a configuração básica do Galaxy A7 (2017) que, por sinal, é a mesma do Galaxy A5 (2017). Sim, por alguma razão, a Samsung vê vantagem em lançar aparelhos quase iguais na mesma família.
Quase porque o Galaxy A7 ganha na tela e na bateria: são 5,7 polegadas e 3.600 mAh, respectivamente, contra 5,2 polegadas e 3.000 mAh no Galaxy A5. Mesmo assim, eu topei a missão de descobrir se há diferenças de comportamento entre ambos os modelos ou se um é simplesmente uma versão maior do outro.
Para tanto, eu testei o Galaxy A7 (2017) por duas semanas. Conto todas as minhas percepções sobre o smartphone nas linhas logo abaixo.
Encontramos um bom trabalho de design aqui. Na comparação com a geração anterior, a Samsung preferiu deixar o Galaxy A7 (2017) com traços mais curvados, mas sem abusar. O resultado é um aparelho que, apesar de carregar o padrão visual que há tempos identifica a linha Galaxy, transmite um ar de sobriedade e sofisticação, características reforçadas pelas laterais de metal e a traseira (não removível) de vidro.
A tela de 5,7 polegadas já denuncia que estamos falando de um dispositivo grandalhão. A minha maior preocupação foi avaliar a ergonomia, portanto. Não me decepcionei: as bordas das laterais me pareceram ter curvatura na medida certa para os dedos se dobrarem sobre o aparelho.
O único problema é que, se você estiver usando o Galaxy A7 (2017) com apenas uma mão, provavelmente não vai conseguir alcançar todos os pontos do visor. Felizmente, há um modo de operação que reduz essa limitação: aperte o botão Home três vezes seguidas para o tamanho da tela diminuir virtualmente.
Esse monte de metal e vidro deixaram o modelo pesadinho: são 186 gramas ali. Mas sabe que essa não é, necessariamente, uma característica ruim? Reparei que, como a percepção de que ele é mais pesado é instantânea, automaticamente o pegava com mais cuidado para não deixá-lo cair. O mesmo aconteceu com amigos que, curiosos, pediram para dar uma olhada no aparelho.
Na parte inferior, temos uma porta USB-C e, sim, a entrada para fones de ouvido (boa, Samsung). Na geração anterior, essa parte também abrigava a saída de áudio. O recurso agora está no topo da lateral direita. No Galaxy J7 Prime, achei essa posição muito ruim, pois toda hora eu bloqueava o alto-falante com o dedo. Como o Galaxy A7 (2017) é grande, não tive problemas com isso. Meu dedo simplesmente não alcança a saída.
Assim como o seu irmão menor, o Galaxy A7 (2017) tem tela Super AMOLED. É garantia de cores com intensidade (mas sem exageros), brilho forte o bastante para ambientes abertos (o ajuste automático funciona bem) e boa visualização sob ângulos variados. E agora há um adendo: o modo Always On Display, que exibe horas e outras informações na tela de bloqueio sem ativar todos os pixels.
A resolução é de 1920×1080 pixels, de novo, a mesma do Galaxy A5 (2017). Só que este possui 424 ppi enquanto o A7 oferece 386 ppi. A diferença não é perceptível, porém. Na prática, assistir a vídeos ou jogar no Galaxy A7 são experiências muito boas. Sou do time que prefere telas menores (e você?), mas não nego que, no quesito conforto visual, displays maiores levam vantagem — as 5,7 polegadas do A7 não desapontam.
A linha Galaxy A é atualizada todo ano, logo, é de se esperar que os novos modelos tenham sempre os recursos mais recentes, correto? Pelo jeito, esse pensamento não vigora na Samsung, pelo menos no que diz respeito ao software: o Galaxy A7 (2017) vem com o Android 6.0.1 Marshmallow e, embora esta possibilidade não esteja descartada, não há previsão de atualização para a versão Nougat.
Pelo menos a interface TouchWiz vem sendo bem cuidada. No A7, os efeitos de transição são discretos e as alterações visuais consistem, basicamente, em menus com fundo branco e ícones com cantos arredondados — não há nada excêntrico, felizmente.
Há apps de terceiros pré-instalados, mas poucos, com destaque para as ferramentas do Microsoft Office (que aparecem na linha Galaxy há um bom tempo) e o Opera Max (muito útil para quem precisa economizar dados em redes móveis). Fora isso, temos os clássicos aplicativos do Google e algumas ferramentas da própria Samsung.
Vasculhando um pouco, você encontra outros recursos implementados pela companhia, como o modo Manutenção do Aparelho, nas configurações. Dá para conferir ali como está o uso de RAM e do armazenamento interno, por exemplo. O recurso também gera notificações: enquanto eu fazia um teste de benchmark, a ferramenta exibiu um alerta avisando que o AnTuTu estava exigindo muito da bateria.
Funcionalidades com essa são bem-vindas, mas uma atualização para o Nougat seria ainda mais. Também seria legal se a Samsung finalmente permitisse que seus smartphones atuais pudessem usar um microSD como extensão da memória interna.
A câmera traseira do Galaxy A7 (2017) é composta por um sensor de 16 megapixels e lente com abertura f/1,9. Esses números são adequados à categoria do aparelho. Na prática, dá para registrar boas fotos. Só que, frequentemente, você terá que tentar duas ou mais vezes para alcançar o resultado esperado.
Em ambientes claros, os níveis de ruído e perda de definição ficam em patamares aceitáveis. Mas basta estar em condições apenas um pouco menos favoráveis para se deparar com fotos ligeiramente borradas, mesmo quando você tenta segurar o smartphone com firmeza.
Tentar de novo pode resolver, mas nem sempre: com menos luz, o pós-processamento pode deixar a foto um tanto “lavada”. Ao menos isso ajuda a diminuir os ruídos das fotos noturnas.
O modo HDR está lá e pode mesmo melhorar algumas fotos, mas não espere perfeição: algumas vezes o modo causa tanta saturação que parece que você está aplicando um filtro do Instagram ou algo assim na imagem.
Na frente também há uma câmera de 16 megapixels e abertura f/1,9, mas fiquei com sensação de que o pós-processamento desperdiça todo esse potencial: em algumas fotos, houve tanta suavização que a imagem ficou embaçada.
Cheguei a zerar as configurações da câmera achando que eu tinha feito alguma coisa errada, mas nem isso adiantou. Parece que faltou algum refinamento de software por parte da Samsung. Curiosamente, o Paulo Higa não teve esse problema no review do Galaxy A5 (2017), que possui praticamente o mesmo sensor.
De qualquer forma, dá para fazer boas selfies. Mas, digo outra vez: esteja preparado para tentar duas ou mais vezes.
O Exynos 7880 — um octa-core (Cortex-A53) de 1,9 GHz — está longe de ser o processador mais rápido do mercado, mas é bem competente. Contando com uma GPU Mali-T830MP3 e 3 GB de RAM, o chip executou todas as tarefas sem apresentar travamentos ou lentidão, sendo convincente inclusive no multitarefa.
Testei os jogos Need for Speed No Limits e Unkilled. Ambos, pesados, também rodaram sem problemas, embora este último tenha tido uma perceptível queda na taxa de frames quando as configurações gráficas estavam no máximo. Mas isso é esperado para a categoria: configurações medianas são suficientes para garantir a diversão.
Gostei da bateria e os seus 3.600 mAh. É relativamente fácil sair de casa cedo e voltar à noite com carga nela. Testei o componente com as seguintes atividades: filme O Poderoso Chefão: Parte 3 (2h50min) via Netflix e tela no brilho máximo, Deezer (uma hora), Need for Speed No Limits (30 minutos), Unkilled (30 minutos), navegação web (30 minutos) e uma chamada (10 minutos).
Após essas tarefas, a carga da bateria caiu de 100% para 60%, havendo um intervalo médio de cinco minutos entre elas. Levei cerca de 1h45min para fazer uma recarga de 20% para 100% usando o carregador que acompanha o smartphone — o acessório suporta recarga rápida.
Fiquei convencido com a baterias, mas não com a saída de áudio: ela é mono e tem baixo volume. Use fones de ouvido ou uma boa caixinha de som Bluetooth para ser feliz.
Devo dizer que o Galaxy A7 (2017) tem sensor de impressões digitais no botão Home. Não é o mais rápido que eu já testei, mas ele funciona bem: não houve erros de leitura ou demora para desbloqueio do aparelho. E, sim, se o dispositivo estiver em standby, você consegue desbloqueá-lo só posicionando o dedo sobre o sensor, sem necessidade de pressionar o botão.
Quando você pega o Galaxy A7 (2017) pela primeira vez, tem mesmo sensação de estar segurando um smartphone arrojado. Bom, essa é a missão da linha Galaxy A: transmitir uma noção de sofisticação que faz o aparelho parecer ser algo que vai muito além de um intermediário, só não alcançando o aprimoramento de dispositivos high-end.
Encontramos no modelo recursos que correspondem aos padrões atuais, como certificação IP68 (o dispositivo tem proteção contra água e poeira), porta USB-C, leitor de digitais e bateria como boa autonomia. Por outro lado, há algumas deficiências que esfriam um pouco as boas impressões deixadas por esses e outros atributos.
Falo da não disponibilização do smartphone já com o Android 7.0 Nougat e, principalmente, da falta de refinamento nas câmeras. Repito que esses componentes não são ruins, mas não consegui me desvencilhar da sensação de que, por falta de mais cuidados com o software, o Galaxy A7 (2017) não consegue aproveitar todo o potencial dos sensores.
Aí, nas minhas divagações, me pergunto se isso acontece por causa de alguma limitação técnica (prazos apertados, por exemplo) ou porque a Samsung precisa, de alguma forma, lembrar o usuário que o A7 é um aparelho premium, mas de categoria intermediária.
De qualquer forma, quem comprar um Galaxy A7 (2017) levará para casa um bom aparelho. Mas só faça a aquisição seguindo a já clássica regra de dar uma boa pesquisada nos preços: o Galaxy A7 foi lançado em janeiro por R$ 2.299 (para variar, um exagero), mas já é possível encontrá-lo por cerca de R$ 1.800. Considerando o histórico dos smartphones da Samsung, os preços podem cair ainda mais.
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