Galaxy A5 (2017): apenas bom

Por R$ 2.099, smartphone da Samsung faz bem tudo o que se propõe a fazer, mas não se destaca

Paulo Higa
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• Atualizado há 10 meses

Eu gosto dos smartphones da linha Galaxy A porque eles são o último passo antes dos Galaxy S e Note. Embora não tragam o hardware mais potente ou tecnologias inéditas da Samsung, os aparelhos oferecem tudo o que um usuário médio precisa e até alguns extras (e por um preço de lançamento bem menor). É nesse contexto que estão chegando as versões 2017 dos Galaxy A5 e A7.

O Galaxy A5 (2017) é a opção da Samsung para quem procura um bom smartphone, mas não quer gastar com um topo de linha. Em relação ao modelo do ano passado, ele ganhou proteção contra água, um hardware mais potente e atualizações na câmera — especialmente na frontal, que passou a ter resolução de 16 megapixels. Ficou bom? Eu conto minhas impressões nos próximos minutos.

Review em vídeo

Design e tela

Os smartphones da Samsung se parecem tanto entre si que chega a ser estranho dizer isto: o design do Galaxy A5 (2017) é um bom avanço em relação à geração anterior. Enquanto a versão passada adotava linhas retas e uma traseira plana, tornando o aparelho trambolhudo na mão, o modelo deste ano ganhou curvas que deixaram a ergonomia até boa, mesmo para um smartphone de 5,2 polegadas.

Há outras novidades bem-vindas: o antigo conector Micro-USB saiu para dar lugar ao USB-C; não há mais nenhuma saliência na câmera traseira; e a carcaça ganhou certificação IP68, protegendo o Galaxy A5 (2017) contra água e poeira. Mas a traseira de vidro e as bordas metálicas, que marcavam a geração anterior, continuam presentes — o que é bom por dar um aspecto elegante ao produto, mas ruim por resultar num ímã de marcas de dedo.

Uma característica peculiar é que o alto-falante não fica na borda inferior, nem na frente, nem na traseira. Por algum motivo, a Samsung decidiu colocá-lo na lateral direita, acima do botão liga/desliga. No final das contas, é uma posição que não resolve o principal problema dos speakers nas bordas: em vários momentos, ao segurar o aparelho no modo paisagem, eu cobria acidentalmente o som com o dedo indicador.

Outro detalhe do Galaxy A5 (2017) é que os slots de chip de operadora e cartão de memória são separados: o SIM card primário pode ser acessado por meio do compartimento lateral, enquanto o chip secundário e o microSD, para expandir o armazenamento interno de 32 GB, estão na bandeja superior. Bem melhor que uma bandeja híbrida.

A tela Super AMOLED de 5,2 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels não foge do padrão da Samsung em aparelhos intermediários. É um painel de boa qualidade, que exibe cores agradáveis e ajustáveis (você pode mudar até mesmo o balanço de branco nas configurações), tem brilho forte para enxergar bem sob a luz do sol e apresenta brancos que agradam por padrão.

O pequeno truque novo do Galaxy A5 (2017) em relação ao modelo do ano passado é que ele ganhou o recurso de Always-on Display, que mostra o relógio, prévias de notificações (inclusive de aplicativos de terceiros) e informações como data ou nível de bateria. Até então, a função estava restrita a modelos mais caros, como Galaxy S7 Edge e Galaxy Note 7. Isso deveria ser padrão em qualquer smartphone com tela AMOLED.

Software

A coisa mais sem sentido que a Samsung fez no Galaxy A5 (2017) foi lançá-lo com o Android 6.0.1 Marshmallow de fábrica — o aparelho foi anunciado pela primeira vez em janeiro, na CES, e a versão final do Nougat foi liberada pelo Google em agosto de 2016. É difícil entender por que a empresa não lançou um smartphone já atualizado e nem sequer divulgou uma previsão para a liberação da nova versão.

Apesar de rodar uma versão mais antiga do Android, o smartphone já traz a nova interface da Samsung, que ficou ainda mais limpa em relação à versão anterior. As telas são predominantemente brancas, os ícones estão mais sérios e há recursos novos, como o Filtro de luz azul (para não prejudicar a qualidade do seu sono) e a integração mais profunda com a Samsung Cloud, que faz backup dos seus contatos, notas e fotos para que você não tenha que começar do zero no aparelho novo.

Para a minha felicidade, o modelo brasileiro do Galaxy A5 (2017) não veio com o monte de bloatware das versões russa ou britânica, que tive contato na CES. Além dos pacotes do Google e da Microsoft, o aparelho vem de fábrica apenas com utilitários básicos (como um gravador de voz, um gerenciador de arquivos e um navegador próprio), o Samsung Notes (para fazer anotações em texto ou manuscritos) e o Opera Max, que comprime o tráfego da web para economizar seu plano de dados.

Câmera

A Samsung vem fazendo boas câmeras nos topos de linha, mas não parece estar aproveitando seu potencial nos segmentos menos caros. Parece ser o caso do Galaxy A5 (2017). Numa olhada rápida, as fotos até que parecem boas, mas a limitação do sensor fica bem clara em situações de baixa iluminação ou cenas com regiões de alto contraste, quando o alcance dinâmico restrito e a redução na definição saltam aos olhos.

Em cenários favoráveis, o aparelho entrega boas fotos de 16 megapixels capturadas por sua lente com abertura f/1,9. Em algumas ocasiões, senti um excesso de saturação, uma tentativa falha de tornar o céu e as árvores mais “bonitas” do que elas realmente são, mas nada que não possa ser ajustado posteriormente via software.

Com menos iluminação ou em ambientes internos, a câmera sofre um pouco para manter boa definição, suavizando demais as cenas para tentar reduzir o ruído. Além disso, como o obturador fica significativamente mais lento e não há uma boa estabilização de imagem, é comum ter que tirar a mesma foto mais de uma vez para descartar as que ficaram borradas ou tremidas.

O problema, mesmo, é quando há regiões de alto contraste — nem o HDR parece ajudar a equilibrar a exposição das fotos, subexpondo demais as áreas de sombra e estourando os pontos iluminados. Esse também era um ponto fraco do Zenfone 3, mas que o Moto Z Play conseguia lidar melhor, para citar os aparelhos na mesma faixa de preço.

Ao menos a câmera frontal agrada, apresentando selfies com definição acima da média, mostrando que os 16 megapixels não são apenas números sem valor.

Hardware e bateria

Como já vem fazendo em outras linhas, a Samsung colocou um processador próprio dentro do Galaxy A5 (2017), o Exynos 7880. Produzido em 14 nanômetros, ele tem oito núcleos Cortex-A53 de até 1,9 GHz e acompanha uma GPU Mali-T830MP3. Na prática, é uma espécie de concorrente do Snapdragon 625, que não oferece tanto desempenho, mas tende a apresentar boa eficiência energética.

Nos benchmarks, o modelo com Exynos 7880 obteve resultados semelhantes aos do Zenfone 3, que acompanha o Snapdragon 625. Na prática, a performance também ficou dentro do que espero para um intermediário premium, na faixa dos 1,5 a 2 mil reais — ele não roda qualquer jogo pesado com os gráficos no máximo, mas faz praticamente qualquer coisa sem reclamar.

O Galaxy A5 (2017) lida bem com tarefas pesadas, não apresentando engasgos em nenhum momento. Os 3 GB de RAM que equipam o aparelho também são suficientes para oferecer um bom desempenho multitarefa. Não há a ocorrência de travadinhas em animações, e a Mali-T830MP3 se mostrou bastante competente em jogos mais elaborados, como Unkilled (com os gráficos no médio) e Need for Speed No Limits.

Quanto à bateria, a autonomia foi satisfatória nos testes, mas não acima da média, como acontecia nos concorrentes lançados em 2016. No meu dia de testes, tirei o smartphone da tomada às 9h, escutei duas horas de música por streaming no 4G e naveguei por 1h30min, também no 4G, com brilho no automático. Às 23h10, a bateria chegou a 37%. É uma boa marca, que deve ser suficiente para a maioria dos usuários.

Conclusão

O Galaxy A5 (2017) chegou ao Brasil com preço sugerido de R$ 2.099, mas é claro que o valor despencou no varejo em poucas semanas, como é de praxe em lançamentos da Samsung — você já pode encontrá-lo por R$ 1,7 mil em grandes lojas. Nessa faixa de preço, o intermediário premium concorre com aparelhos como Zenfone 3 e Moto Z Play.

O problema do aparelho da Samsung é não oferecer algo que encha os olhos: ele faz bem tudo o que se propõe a fazer, mas não impressiona em nada. Enquanto o concorrente da Asus se destaca por entregar mais hardware e um generoso armazenamento de 64 GB, e o Moto Z Play impressiona pela duração da bateria e qualidade de câmera, o Galaxy A5 (2017) é um produto mediano em todos os quesitos.

O design da Samsung é um belo avanço em relação a qualquer aparelho de dois anos atrás da marca, a qualidade da tela AMOLED continua boa e o software vem melhorando substancialmente — aqui, há uma pontinha de decepção pela presença do Android velho. Bateria, hardware e câmera são apenas ok, dentro do que se espera na categoria. Mas, considerando o que a Samsung vem fazendo nos topos de linha, eu confesso que esperava muito mais da câmera traseira.

Quem optar pelo Galaxy A5 (2017) provavelmente não vai se arrepender. Mas a sensação de “ok, é só isso?” permanece.

Especificações técnicas

  • Bateria: 3.000 mAh;
  • Câmera: 16 megapixels (traseira) e 16 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11ac, GPS, Bluetooth 4.2, USB-C, rádio FM, NFC, MST;
  • Dimensões: 146,1 x 71,4 x 7,9 mm;
  • GPU: Mali-T830MP3;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 256 GB;
  • Memória interna: 32 GB;
  • Memória RAM: 3 GB;
  • Peso: 157 gramas;
  • Plataforma: Android 6.0.1 Marshmallow;
  • Processador: octa-core Exynos 7880 de 1,9 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, giroscópio, bússola, impressões digitais;
  • Tela: Super AMOLED de 5,2 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels e proteção Gorilla Glass.

Galaxy A5 (2017)

Prós

  • Câmera frontal de alta qualidade
  • Design elegante e resistente à água
  • Desempenho consistente
  • Tela com alta definição e boas cores

Contras

  • Câmera traseira decepcionante
  • Marshmallow em pleno ano de 2017?
  • Preço de lançamento alto demais
Nota Final 8.3
Bateria
8
Câmera
7
Conectividade
10
Desempenho
8
Design
9
Software
7
Tela
9

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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