A Alphabet não perdeu tempo: depois de ter obtido autorização da FCC (órgão dos Estados Unidos equivalente à Anatel), a companhia precisou de cerca de dez dias para colocar os balões do Project Loon nos céus de Porto Rico. A missão é nobre: disponibilizar acesso à internet nas áreas atingidas pelo furação Maria em setembro.

O Project Loon, vale relembrar, começou a ser desenvolvido pelo Google em 2013 (bem antes do surgimento da Alphabet) e mantém seu propósito original: levar internet com auxílio de balões aerostáticos a regiões remotas ou que tiveram os serviços de telecomunicações comprometidos por causa de desastres.

Porto Rico atende a esses requisitos. Um documento divulgado pela FCC (PDF) no último dia 20 aponta que, um mês depois da passagem do furação Maria, 68,2% das torres de telefonia móvel da região continuavam sem funcionar.

A devastação foi tão grande que pode levar meses para os serviços de telecomunicações serem restaurados. Para piorar, boa parte da ilha ainda está sem eletricidade e, estima-se, 30% da população local segue sem água potável. Daí a importância do Project Loon: os balões podem ajudar as autoridades nos trabalhos de recuperação e atendimentos às vítimas, assim como permitir que moradores localizem parentes e amigos.

No comunicado oficial, a Alphabet afirma que está trabalhando em conjunto com a AT&T justamente para permitir que recursos básicos de comunicação estejam disponíveis, como mensagens de texto e navegação na web. Os serviços estão sendo oferecidos gratuitamente via rede LTE.

Não é possível garantir plena disponibilidade de acesso porque, tal como a própria Alphabet reconhece, o Project Loon ainda é uma tecnologia experimental. Mas a companhia espera que os balões possam ajudar a região pelo maior tempo possível.

Para tanto, a equipe responsável pela iniciativa está usando, pela primeira vez, um algoritmo de aprendizagem de máquina para o sistema de controle se antecipar às mudanças do vento e, assim, manter os balões devidamente agrupados sobre a região.

Project Loon

Os balões do Project Loon atingem altitudes de aproximadamente 60 mil pés (quase 20 quilômetros), podem ficar mais de 100 dias na estratosfera, são alimentados por painéis solares e disponibilizam redes com velocidade de até 10 Mb/s (megabits por segundo).

Apple também ajuda

A Apple está fazendo a sua parte na iniciativa. Engenheiros da companhia entraram em contato com a AT&T para desenvolver uma atualização que habilita o iPhone a trabalhar com a frequência de 900 MHz (banda 8). Essa não é uma faixa usual para a região de Porto Rico, mas é a que a Alphabet está usando como base para o Project Loon.

Como a faixa não é usada por padrão, a Apple a deixou desativada no iPhone para poupar bateria. Uma simples atualização desfaz essa medida. O problema é que, como a conectividade da região está comprometida, os usuários do iPhone podem ter dificuldades para baixá-la.

Com informações: The Verge, Mashable

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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