Review Xperia XA2 Ultra: grandalhão e equilibrado
Intermediário da Sony tem tela de 6 polegadas, câmera dupla na frente e bateria decente, mas cobra caro: R$ 2.399.
Intermediário da Sony tem tela de 6 polegadas, câmera dupla na frente e bateria decente, mas cobra caro: R$ 2.399.
A Sony foi uma das poucas companhias que anunciaram smartphones durante a CES 2018, no início do ano. O Xperia XA2 Ultra é um dos modelos que apareceram por lá. Ao lado do Xperia XA2 (seu irmão menor) e do Xperia L2, o modelo veio para reforçar a atual linha de intermediários da marca.
O nome dá uma pista bem clara da característica mais chamativa do Xperia XA2 Ultra: o tamanho. O aparelho tem uma tela de 6 polegadas que não segue a tendência das bordas fininhas, o que o faz ser grandalhão. Uma vantagem disso é que não falta espaço para entrada de fones de ouvido e uma bateria mais generosa, por exemplo.
Com 3.580 mAh, será que a bateria realmente capricha na autonomia? A tela só tem tamanho ou faz valer a pena um smartphone tão grande? O Snapdragon 630 e os 4 GB de RAM dão conta do recado? Eu usei o Xperia XA2 Ultra por duas semanas. As minhas impressões sobre o dispositivo você confere agora.
Chamado de Omnibalance, o design que a Sony criou para a linha Xperia traz traseira lisa ou com poucos detalhes, traços predominantemente retos nos cantos e laterais em boa parte dos modelos, além de bastante espaço acima e abaixo da tela.
É um padrão que, apesar de lembrar um HD externo compacto, tem lá seus fãs e cumpre a missão de dar identidade própria à linha Xperia. Só que o Omnibalance cansou. A boa notícia é que a Sony sabe disso e escolheu 2018 para renovar o design. A má é que o Xperia XA2 Ultra não foi incluído nessa: até agora, somente o Xperia XZ2 e suas variações Compact e Premium têm novo visual.
Se você se importa com isso, provavelmente vai querer passar longe do Xperia XA2 Ultra. Se não, ainda bem, pois o aparelho segue o padrão Omnibalance com muita fidelidade.
Para começar, a traseira (não removível) é lisa e feita de um plástico que fica manchado de marcas de dedos, mas não muito. Já as laterais são de metal e têm curvaturas bem discretas. As partes superior e inferior são retas, tanto que você pode deixar o Xperia XA2 Ultra “em pé” sem fazer esforço.
Mas, se você conhece a linha Xperia, vai notar uma mudança inusitada no design: o leitor de impressões digitais foi movido para a traseira. Eu sei, é assim com muitos smartphones, mas a Sony costumava colocar o sensor de digitais na lateral direita. Com essa mudança, o tradicional botão redondo de Liga / Desliga voltou. Ah, o sensor da traseira não requer que a tela seja ligada antes para funcionar.
Esteticamente, o XA2 Ultra não me desagrada. O design é repetitivo, mas sóbrio, o que para mim — para mim — soma pontos. A pegada é que me preocupa: lisa que é, a traseira não adere bem às mãos; já as laterais são curvadas de uma forma que facilita o posicionamento dos dedos, mas o encaixe, digamos assim, não vai funcionar bem se você tiver mãos pequenas.
Esse detalhe é um tanto óbvio, afinal, quem compra sabe que está levando um celular que não economiza nas dimensões: o Xperia XA2 Ultra tem 163 x 80 mm, além de 9,5 mm de espessura. Não é pouca coisa. O perigo está na combinação das dimensões generosas com os 221 gramas do aparelho. Sim, ele pesa um bocado.
Tudo é questão de costume e adaptação, bem sei, mas a impressão que eu tive é que manter o XA2 Ultra a salvo de escapadas da mão vai ser um teste até para o usuário mais cuidadoso.
São 6 polegadas, como você já sabe, em um painel IPS LCD com resolução de 1920×1080 pixels. Um trabalho mais apurado de aproveitamento de espaço seria bem-vindo aqui, pois as áreas acima e abaixo da tela sobram — dava até para a Sony ter colocado o leitor de digitais na parte frontal. Pelo menos as bordas à direita e à esquerda são bem contidas, vamos dizer assim.
Mas o que importa é que a tela em si é bem interessante na qualidade de imagem. O painel é LCD, logo, o preto não é profundo. Mas as cores são fortes, especialmente se você ativar o Modo Super-vívido nas configurações. Por ali também dá para ajustar o balanço de branco, caso você ache que essa tonalidade está pendendo para o azul.
O brilho é suficiente para você enxergar a tela ao ar livre em um dia ensolarado e o sensor de luminosidade consegue proporcionar um ajuste automático decente, apesar de demorar um pouco para agir. Os ângulos de visão também são bons, embora alguma perda de tonalidade seja perceptível se você não estiver bem em frente à tela, como é típico de painéis LCD.
Vai soar como uma constatação do Capitão Óbvio, mas eu preciso dizer que jogar ou assistir a vídeos em uma tela grande é sempre uma experiência agradável. O Xperia XA2 Ultra não foi exceção.
Não foi só o design que a Sony preservou. A interface do XA2 Ultra segue o padrão anterior, o que não chega a ser ruim. Apps básicos, mas funcionais da própria Sony estão presentes, como os players de mídia e o álbum de fotos, bem como o tradicional Modo Stamina para economia de energia, que agora faz parte do Xperia Assist: ali também é possível limpar a memória e definir como o aparelho deve se comportar em certos horários.
Um recurso particularmente interessante é o modo de operações com uma mão. Com ele, você pode ajustar o tamanho da área útil da tela para alcançar qualquer canto com o polegar ou fazer o teclado numérico para desbloqueio aparecer mais para o lado, só parar dar alguns exemplos.
Outro ponto positivo é que a interface tem efeitos de transição leves e modifica pouco a experiência do sistema operacional. Falando nisso, o smartphone sai de fábrica com o Android 8.0 Oreo.
Mas teve uma coisa que me desagradou: os bloatwares. Há poucos, é verdade. Mas um deles, o AVG Protection, aporrinha a paciência com a quantidade de notificações. Dá para desativar, mas é chato ter que lidar com isso em um smartphone de 2018, convenhamos.
Sempre que eu testo aparelhos da Sony fico um pouco apreensivo com relação às câmeras, por um único motivo: apesar de a companhia ser um nome forte no segmento, as fotos de muitos aparelhos Xperia ficam para trás na comparação com concorrentes. Felizmente, o Xperia XA2 Ultra conseguiu me deixar despreocupado. As imagens geradas pelo aparelho não são aquela maravilha, mas também não desagradam.
A câmera traseira tem sensor Exmor RS de 23 megapixels, foco híbrido e lente grande angular com abertura f/2,0. Em boas condições de iluminação, ela gera fotos com níveis baixos de ruído e pouca perda de definição. Mas, se você prestar bastante atenção, vai notar uma discreta deformação nos pontos mais próximos das bordas. É um problema crônico da linha Xperia, mas que parece ter sido bem controlado no XA2 Ultra.
O modo automático entrega resultados interessantes e, como o disparo é rápido, o seu uso vale a pena nos momentos de pressa. Agora, se você não estiver apressado, fica a dica de usar o HDR. As fotos nesse modo são muito mais interessantes em ambientes abertos, mas, naturalmente, requerem que você segure o celular com firmeza por mais tempo.
Só é uma pena a Sony não ter feito o favor de melhorar o acesso ao HDR no app de câmera. Para usar o recurso, você precisa ativar o modo Manual e, então, habilitar o HDR nas configurações.
Você também vai conseguir fotos satisfatórias em condições de iluminação reduzida ou à noite. O pós-processamento pode suavizar demais a imagens em alguns momentos e tornar a perda de definição nas áreas próximas às bordas mais perceptível, mas não deve ser nada capaz de estragar a imagem.
A Sony aderiu à moda da câmera dupla, mas na frente do aparelho. Não é uma novidade. O Galaxy A8, por exemplo, também tem essa característica. Só que, ao contrário do aparelho da Samsung, o XA2 Ultra não usa as duas câmeras para criar um efeito de fundo desfocado, mas para que você possa fazer selfies com mais ou menos proximidade.
Calma que eu explico. A câmera principal tem 16 megapixels e abertura f/2,0. Ela é indicada para selfies “normais”, com uma ou duas pessoas e, assim, pode evidenciar mais os rostos. A outra tem 8 megapixels, abertura f/2,4 e lente grande angular de 120 graus: ela consegue capturar uma área maior e, assim, incluir mais gente na selfie — é para fotos com a galera.
De modo geral, os resultados são interessantes, mas o pós-processamento pode ser exagerado em determinadas circunstâncias.
Rodar Facebook, Twitter, Instagram, YouTube, Chrome, Netflix e outros aplicativos comuns foi uma experiência tranquila: com chip Snapdragon 630 de 2,2 GHz, GPU Adreno 508 e 4 GB de RAM, o Xperia XA2 Ultra lida com todas as aplicações de maneira estável, inclusive no multitarefa.
O hardware é equilibrado, mas não faz milagres. Aplicações pesadas podem exigir bastante do aparelho. Jogos como Mario Run rodaram numa boa, mas em Real Racing 3 e Dead Trigger 2 dá para notar diminuição na taxa de frames em cenas muito movimentadas, além de um ou outro elemento gráfico que atrasa para aparecer. Mas são problemas discretos e pontuais, que não atrapalham a diversão.
Como o Xperia XA2 Ultra é grande, a Sony pôde colocar uma bateria generosa aqui. Relembrando, são 3.580 mAh. Faz diferença? Se faz! A não ser que você rode algum aplicativo pesado por bastante tempo, dá para deixar o smartphone longe da tomada por pelo menos um dia e meio.
No teste mais rigoroso que fiz, executei três episódios de Perdidos no Espaço via Netflix (pouco mais de 3 horas), meia hora de Real Racing 3, meia hora de Mario Run, uma hora de YouTube, cerca de uma hora de Chrome e redes sociais, 40 minutos de Spotify e finalizei com uma chamada de 10 minutos.
Tudo isso foi feito no decorrer de um dia. Por volta das 22:00, a bateria estava em 46% (de 100%). Não é ruim, não. O XA2 Ultra suporta recarga rápida, mas o carregador que acompanha o modelo é comum. Isso sim é ruim. Com ele, precisei de 3h10min para fazer a batera ir de 4% para 100%.
Aproveitei esses testes para avaliar o áudio. Curti. O volume máximo é alto, o som é claro e em nenhum momento notei distorções. A experiência seria perfeita se o aparelho tivesse dois alto-falantes. Só tem um, na parte inferior, assim como a maioria dos smartphones.
De todo modo, a experiência é sempre melhor com fones de ouvido. Isso vale para todo tipo de dispositivo móvel, mas é particularmente interessante na linha Xperia por conta da otimização de áudio que a Sony faz, especialmente se você ativar o ClearAudio+ nas configurações. Você tem que usar fones dos bons, é claro.
Este é o smartphone Xperia com o qual eu mais me dei bem. E olha que eu já testei vários. O motivo é o equilíbrio: aparelhos com tela grande são ótimos para jogos e consumo de mídia e, de modo geral, o XA2 Ultra lida com tudo isso de maneira consistente.
Outros aspectos que devem ser levados em conta: a bateria não desaponta, os 64 GB de armazenamento estão dentro dos padrões atuais, a câmera traseira parece ter sido otimizada e a câmera dupla na frente para selfies com mais ou menos distância é uma boa sacada.
É claro que há pontos fracos. O tamanho generoso da tela também implica em um dispositivo que pode ficar desajeitado nas mãos de muita gente. Já o software, apesar de bem trabalhado, precisa de alguns retoques: apps como AVG Protection existem só para irritar e o aplicativo de câmera poderia ser reformulado para explorar o HDR mais facilmente.
Mas esses pontos não são nada perto do grande problema do Xperia XA2 Ultra: o preço oficial de R$ 2.399. Não é do feitio da Sony lapidar bem o custo-benefício, então não surpreende. Vale então a regra de só comprar com um bom desconto. Por até R$ 2 mil eu diria que dá para pensar no assunto. Por mais que isso, é uma boa ideia dar uma olhada na concorrência, incluindo topos de linha de geração anterior.