Que a situação da Huawei ficou complicada depois do bloqueio comercial imposto pelos Estados Unidos não é a novidade. O que não estava claro é o impacto desse problema nas finanças da companhia. Mas isso até agora: a empresa revelou recentemente que pode deixar de arrecadar cerca de US$ 30 bilhões devido à queda de produção.
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A informação vem de Ren Zhengfei, CEO e fundador da Huawei. Em conferência online realizada nesta segunda-feira (17), o executivo reconheceu que, por conta das restrições aplicadas pelos Estados Unidos, a capacidade de produção da companhia cairá de tal forma que as previsões de crescimento não serão alcançadas.
Vai ser o contrário: se a Huawei fechou 2018 com receita na casa dos US$ 105 bilhões, a previsão agora é a de que a companhia encerre 2019 com não mais que US$ 100 bilhões — a expectativa anterior era a de que esse montante chegasse a US$ 120-125 bilhões.
Caso as restrições sejam mantidas, o faturamento da Huawei também deverá ser afetado em 2020. Considerando o atual e o próximo ano, Ren Zhengfei estima que a capacidade produtiva da companhia terá sido reduzida em um valor equivalente a US$ 30 bilhões.
Na semana passada, a Huawei admitiu que cancelou o lançamento de um notebook por tempo indeterminado devido à impossibilidade de negociar software e componentes com empresas americanas.
Mas o segmento de dispositivos móveis é o que deve ser mais afetado. De acordo com a Bloomberg, a Huawei já se prepara para reduzir a produção global de smartphones em algo entre 40 milhões e 60 milhões de unidades só em 2019. Para fins de comparação, a companhia comercializou mais de 205 milhões de aparelhos em 2018.
Para amenizar as consequências da diminuição das vendas internacionais, a Huawei vai intensificar os esforços comerciais dentro da sua casa: a companhia espera dominar 50% das vendas de dispositivos móveis no mercado chinês até o fim de 2019.
Esse é um objetivo ousado, dada a ampla competitividade existente na China (com marcas como Xiaomi, Vivo e Oppo, por exemplo). Apesar disso, a Huawei tem a seu favor a liderança do mercado: no primeiro trimestre de 2019, a empresa respondeu por 34% das vendas de smartphones na China.
Ren Zhengfei disse que não esperava que os Estados Unidos fossem tão agressivos nas restrições. Apesar disso, a Huawei descarta demitir funcionários ou diminuir investimentos em pesquisa. E nem poderia: com as restrições, a companhia se viu obrigada a intensificar os esforços para desenvolver tecnologia própria em áreas como software e semicondutores.
Tecnocast 118 – Qual é a treta dos EUA com a China?
Estados Unidos e China estão travando uma guerra comercial e essa treta começa a respingar no mundo da tecnologia. A consequência dessa briga não é apenas o encarecimento de produtos tecnológicos, e as motivações vão muito além da “proteção dos postos de trabalho americanos”, como diz Donald Trump. A disputa também é pelo controle das redes 5G, que serão a via de tráfego dos dispositivos de Internet das Coisas.
Então, quem ficará no controle dos dados de todo o planeta: China ou Estados Unidos? Dá o play e vem com a gente!
Comentários
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As empresas ianques são bem vindas em solo chinês porque elas ajudaram e ajudam no desenvolvimento de diversas área sendo a automobilística a maior.
Será que a China chegaria a negociar com os EUA para reverter isso em troca de liberar empresas americanas no solo deles?
Eu duvido, o ego do baixinho não deixa nem ele ser chamado de ursinho Pooh.
Huawei deve acordar e botar todo esforço possível em reverter essa situação senão é tchau pro mercado fora da China.
Uma pena. Por pura hipocrisia dos estadunidenses. Eu que trabalho com comércio monitoro até meus clientes, todo mundo já deveria saber que isso é impossível não mensurar.