Internet via fibra ultrapassa cabo, cobre e rádio juntos no Brasil

Acessos de banda larga com fibra óptica supera soma de conexões por cobre, cabo coaxial e rádio no Brasil

Lucas Braga
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Operadoras querem remuneração de big techs por uso da rede
Fibra óptica já é maior que cabo, xDSL, rádio e satélite (Imagem: jarmoluk/Pixabay)

Os dados mais recentes da Anatel mostram que a fibra óptica passou a responder por mais da metade de todos os acessos de internet fixa no Brasil. Dos 36,3 milhões de contratos de banda larga contabilizados pela agência, 51,5% utilizam tecnologia FTTH, em que a fibra chega dentro da casa do cliente.

A fibra óptica já era a principal tecnologia de banda larga no Brasil desde março de 2020. Um ano depois, a modalidade FTTH (fibra até a casa do assinante) superou pela primeira vez a soma de todos os outros meios de acesso como cabos metálicos (xDSL ou Ethernet), cabo coaxial (HFC), rádio e satélite.

Vivo e Oi são grandes na fibra, mas regionais se destacam

De todos os 18,7 milhões de acessos de fibra óptica, a Vivo é a operadora líder no segmento, com 20,1% do mercado. A Oi aparece em sequência, com 14,9%, seguida pela Brisanet, com 3,6%. Das outras grandes empresas, a Claro aparece no ranking com 2,7%, seguida pela TIM com 1,8%.

Ainda que a fibra óptica tenha a maioria dos acessos, as grandes operadoras possuem participação de apenas 39,5% na tecnologia FTTH. Os provedores regionais são os verdadeiros protagonistas na popularização da fibra no Brasil, e juntos possuem 11,3 milhões de assinantes nesse meio de acesso.

Na prática o percentual de fibra óptica deve ser ainda maior, uma vez que nem todos os pequenos provedores reportam seus dados para a Anatel, o que causa subnotificação nos números de banda larga.

O crescimento da fibra óptica no Brasil

Há 10 anos, era praticamente impossível prever que a fibra óptica seria a principal tecnologia de banda larga residencial do Brasil num futuro próximo: o serviço até existia na época, mas era caro e tinha cobertura limitada a bairros mais ricos de grandes cidades.

De acordo com os dados da Anatel, o salto da fibra óptica começou no final de 2016, quando a tecnologia ainda disputava acessos com as conexões via rádio. O crescimento mais expressivo iniciou em 2017, quando a Anatel flexibilizou as regras para prestadoras de pequeno porte.

Acessos de banda larga por tecnologia (Imagem: Reprodução/Anatel)

Acessos de banda larga por tecnologia (Imagem: Reprodução/Anatel)

Os investimentos em fibra das grandes operadoras

Com exceção da Claro, as grandes operadoras têm encontrado dificuldade em manter clientes de banda larga com tecnologia antiga. O investimento em fibra óptica está no radar de investimento de todas as principais teles.

A Vivo é uma das principais operadoras de fibra óptica, mas ainda possui milhões de clientes no cobre, seja nas áreas da Telefônica ou da antiga GVT. A operadora aposta no modelo de franquias para pequenos provedores (Terra Fibra) e em uma rede neutra para cobrir até 5,5 milhões de domicílios.

A Claro já adota a fibra óptica como meio de acesso nas cidades onde passou a atuar a partir de 2018. A operadora atua com serviços de banda larga em 290 municípios brasileiros, e utiliza FTTH em 84 localidades. A empresa também começou a trocar o cabo coaxial pela fibra em alguns bairros de São Paulo (SP).

A Oi é outra protagonista quando se trata de fibra óptica, e também aposta no modelo de rede neutra para substituir a rede legada de cobre. A operadora deve arrecadar até R$ 2,5 bilhões por meio de debêntures conversíveis, e recentemente aceitou uma proposta bilionária do BTG Pactual, e quer levar a cobertura FTTH para 15 milhões de casas até 2021. Recentemente, a tele começou a vender banda larga em São Paulo (SP), com plano de 500 Mb/s pelo preço mensal de R$ 129,90.

Por fim, a TIM também aposta no modelo de rede neutra. Sem revelar valores, a tele firmou um acordo de exclusividade com uma empresa de infraestrutura que ficará responsável pela manutenção e expansão de toda a rede da TIM Live, inclusive a infraestrutura legada de cobre.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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