Governo dos EUA espiona empresas de tecnologia e registros telefônicos da população

Paulo Higa
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• Atualizado há 4 dias
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Um escândalo político envolvendo privacidade surgiu nos EUA. O governo americano foi acusado de monitorar registros telefônicos dos clientes da operadora Verizon, fato confirmado pela Casa Branca pouco tempo após a publicação da denúncia. Agências do governo também teriam se unido para obter acesso aos servidores de nove empresas de tecnologia, incluindo Facebook e Google.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, a Agência de Segurança Nacional (NSA) está “coletando registros telefônicos de milhões de clientes da Verizon”. Os dados incluem os números e a localização de quem fez ou recebeu a ligação, bem como a duração e a localização de todas as chamadas efetuadas. Os números IMSI e IMEI dos aparelhos também são colhidos.

Desde os atentados de 11 de setembro de 2001, a NSA possui autorização para coletar dados como registros telefônicos e relatórios de uso de internet para combater possíveis ameaças de terrorismo, mas pensava-se que essas informações eram obtidas apenas de pessoas suspeitas, não de toda a população.

A presidente do Comitê de Inteligência do Senado, Dianne Feinstein, confirmou que o monitoramento dos registros telefônicos da população acontece há anos, de forma secreta. A Casa Branca defendeu a postura da NSA, declarando que a coleta de dados é “uma ferramenta fundamental para proteger o país de ameaças terroristas”.

Guardian e Washington Post também quebraram o sigilo sobre o PRISM: trata-se de um programa secreto do governo dos EUA que deu à NSA o poder de acessar diretamente os servidores de grandes empresas de tecnologia.

Logo, se você usa produtos da Microsoft, Apple, Google, Facebook, Yahoo, AOL, Skype, PalTalk ou YouTube, seus dados privados poderiam ser acessados pelo governo. E como você está lendo o Tecnoblog neste exato momento, certamente usa os serviços de pelo menos uma dessas empresas. O Washington Post diz que a coleta de dados é feita quando, usando determinados algoritmos, o governo detecta que uma pessoa é estrangeira com pelo menos 51% de certeza.

O PRISM poderia coletar diversos tipos de informações, incluindo emails do Gmail, arquivos do Google Drive e termos de busca, além de áudio, vídeo, texto e arquivos transferidos pelo Skype. Isto não é ilegal: essa atividade é protegida por lei desde 2007, quando o congresso americano aprovou o Protect America Act.

Para obter acesso aos dados dos usuários, a NSA teria o apoio das próprias empresas de tecnologia. A Microsoft, primeira a entrar no acordo, supostamente iniciou sua participação em 2007. Nos anos seguintes, Yahoo (2008); Google, Facebook e PalTalk (2009); YouTube (2010); Skype e AOL (2011) e Apple (2012) aderiram ao PRISM. O próximo a entrar no programa do governo seria o Dropbox.

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De acordo com o diretor nacional de inteligência dos EUA, James Clapper, que confirma a história, a intenção do PRISM é “facilitar a aquisição de informações de inteligência estrangeira, relativas a pessoas não americanas fora dos EUA”. Esses dados seriam usados para proteger o país de “uma ampla variedade de ameaças”. Entretanto, Clapper afirma que as notícias de Guardian e Washington Post contêm várias informações erradas.

Em posicionamentos oficiais, todas as empresas citadas negam envolvimento com o caso. A Apple diz nunca ter ouvido falar do PRISM e afirma não fornecer “acesso direto aos servidores” para nenhuma agência governamental. O Google nega a existência de uma forma de acesso do governo aos dados dos usuários; e a Microsoft declara só entregar informações se for acionada judicialmente.

Não deixe de acompanhar os próximos capítulos.

Com informações: Associated Press, Gizmodo, Gizmodo Brasil, The Guardian, The Next Web, The New York Times, The Washington Post.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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