Essa semana minha coluna aqui no Tecnoblog atrasou um pouquinho… é que eu estava esperando algumas novidades importantes, como a MP do Bem para tablets e o lançamento do Ypy da Positivo, e algumas respostas de emails que encaminhei a especialistas com dúvidas sobre o tema.
Vocês, leitores do Tecnoblog, já sabem o quanto desejo ver nossa indústria nacional prosperando, mais pessoas sendo incluídas no mundo digital — que nos dias de hoje é questão de cidadania — e nossos índices educacionais saírem dos números vergonhosos que temos hoje.
No meu blog, reagi com entusiasmo ao anúncio do Ypy, da Positivo, o primeiro tablet brasileiro. Mas é preciso deixar bem claro algumas coisas:
1. O Ypy não foi feito para competir, em termos de hardware, com o Xoom ou o Galaxy Tab da Samsung. O acabamento é bem feitinho, mas por dentro, certamente não terá o poder de processamento dos concorrentes. O público é outro. O objetivo é levar os tablets à classe C.
2. O que mais me animou no Ypy não foi o hardware. A Positivo Informática tem longa tradição em softwares educacionais, e eu os conheço há décadas. Aliás, cresci acompanhando-os, aqui em Curitiba. E a empresa sinalizou que pretende portar seus softwares para o tablet, além de estimular terceiros a desenvolverem os seus — vide a Loja Positivo de apps. Sempre falo isso isso aqui no blog: o maior potencial dos tablets está na educação, desde, lógico, que sejam inseridos em rígidos protocolos pedagógicos.
O que me desanimou um pouco foi o preço. Claro que R$ 999 a R$ 1.299 já é um grande começo, ainda mais com as possiblidades de parcelamento a longo prazo, que o brasileiro tanto gosta. Mas sinceramente, acho que poderiam cair ainda mais. Agora que o Senado aprovou a inserção dos tablets na Lei do Bem (falta só a sanção presidencial), finalmente veremos a tão aguardada queda de preços.
Perguntei a diversos especialistas como poderíamos enxugar ainda mais os valores dos tablets brasileiros, e recebi as mais diversas respostas. Alguns falaram em aumentar mão de obra qualificada, que está em falta. Outros disseram que é preciso promover ainda mais políticas fiscais, principalmente no estímulo à contratação. Contratar funcionário no país continua sendo caro. E antes que alguém atire a primeira pedra, não estou falando em abolir direitos trabalhistas, e sim, do recolhimento dos tributos que nem meu contador sabe explicar para onde vão. E por fim, uma terceira vertente aponta a faminta margem de lucro das empresas, que se defendem dizendo que não é tão grande assim, pois apostam mais no volume das vendas, diferentemente da Apple.
Falando em Apple, o iPad também deve cair de preço, mas não muito. Ele será montado no Brasil e não “fabricado”. Além de tudo, o foco da Apple não é popularizar seus produtos, e sim criar uma aura de diferenciação, transformando-os em objetos de desejo. Tanto que o lucro impressionante que a empresa vem alcançando é pela alta margem de lucro, e não pelo volume de vendas. Mesmo assim, fazendo algumas contas por cima, presumo que o iPad brasileiro continuará sendo o mais caro do mundo.
Pela simplicidade, portabilidade e facilidade de uso, aposto muito nos tablets como a principal janela de todas as pessoas comuns ao mundo. Em especial, aposto nas crianças e na terceira idade — uma categoria culturalmente muito esquecida e até desprezada no Brasil.
Portanto, passo a bola para vocês, leitores: como podemos baratear mais ainda os tablets, tornando-os verdadeiramente acessíveis a todos?