5 fatos que marcaram a Apple em 2018: bateria do iPhone, briga com a Qualcomm, US$ 1 trilhão e mais

Apple precisou lidar com acusações de obsolescência programada, brigou feio com a Qualcomm e lançou produtos de sucesso

Paulo Higa
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• Atualizado há 1 ano e 6 meses
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A Apple termina 2018 como uma das empresas mais valiosas do mundo, lucros bilionários a cada trimestre e uma linha de produtos renovada, com lançamentos de smartphones, relógios e até computadores que pareciam esquecidos pela companhia de Tim Cook há anos.

Muita coisa aconteceu nos 12 meses. A Apple precisou lidar com problemas que se arrastaram desde o ano anterior, fez história ao se tornar a primeira empresa americana a atingir um valor de mercado de US$ 1 trilhão e, claro, encontrou uma nova inimiga para protagonizar brigas ferrenhas na justiça: a Qualcomm.

Relembre o ano da Apple na primeira de uma série de retrospectivas de 2018 que publicaremos nos próximos dias!

Obsolescência programada na bateria

iPhone - Bateria (Foto por Kārlis Dambrāns/Flickr)

A Apple começou o ano resolvendo uma pendência de 2017. Em dezembro, usuários haviam descoberto que a empresa reduzia a velocidade de iPhones com baterias desgastadas. A companhia explicou que limitava o desempenho porque certos picos de tensão não eram suportados por baterias antigas, o que causava desligamentos inesperados nos celulares. Mas a prática teve repercussão negativa, o que resultou em programas de troca de bateria, atualizações de software e multas.

Durante todo o ano de 2018, donos de iPhone 6 ou posterior pagaram R$ 149 para substituir a bateria do aparelho, um desconto de quase 70% em relação ao valor normal. Quem gastou a mais em 2017 foi reembolsado. No final de março, o iOS 11.3 teve como principal novidade o recurso Saúde da Bateria, que mostra a capacidade atual do componente, informa se o iPhone está sofrendo limitações no desempenho e permite desativar a redução de velocidade.

As atitudes não foram suficientes para tirar completamente a Apple da berlinda: na Itália, a empresa foi multada por obsolescência programada pelo equivalente a R$ 22 milhões, em uma ação que também acabou respingando na Samsung. Ela ainda precisou lidar com processos de consumidores nos Estados Unidos que pediram reparação de danos.

Qualcomm: a arqui-inimiga da vez

Qualcomm

Eu me lembro muito bem de quando comecei a trabalhar no Tecnoblog, em 2012: a maior inimiga da Apple era a Samsung, acusada de copiar os iPhones nos primeiros Galaxy S em um processo que se desenrolou por anos e finalmente foi resolvido em 2018. Parece que os advogados de Cupertino ficaram com saudade de processar uma grande empresa, e a Qualcomm acabou se dando mal.

A Apple sustenta que a Qualcomm cobra valores abusivos por royalties, e declara que a dona do Snapdragon lhe deve cerca de US$ 1 bilhãoque foram obtidos por meio de vantagens indevidas. Do outro lado, a Qualcomm acusa a Apple de não ter pago US$ 7 bilhões em royaltiesde modems, antenas e outras tecnologias. Durante a disputa, a empresa de Tim Cook parou de repassar taxas de licenciamento e utilizar componentes da Qualcomm em seus produtos.

A Qualcomm, sem sucesso, tenta impedir as vendas dos iPhones em diversos países do mundo. Até agora, ela parece ser o lado mais fraco da corda, especialmente por ter perdido uma grande cliente e uma importante fonte de renda: todos os modems nos iPhones novos são da Intel, em vez da Qualcomm. As estimativas apontam que isso deve gerar uma queda de 7,5% no faturamento da companhia de San Diego.

Nos bastidores, o Tecnoblog apurou que a expectativa de executivos da Qualcomm é que o imbróglio seja resolvido, no máximo, no começo de 2019. Daqui um ano eu volto aqui.

US$ 1.000.000.000.000,00

Painéis de energia solar no Apple Park

Os negócios da Apple foram bem em 2018, com o valor de mercado da empresa atingindo uma marca histórica de US$ 1 trilhão. Trata-se da primeira companhia americana a conquistar tal feito, embora o montante tenha caído nas últimas semanas do ano (mais por não ter atendido às expectativas dos otimistas do que por ter apresentado resultados financeiros ruins).

Os fortes lucros da Apple vêm do fato de a empresa ter conseguido aumentar o preço médio de venda dos iPhones, atualmente em US$ 793, impulsionado pelos bons resultados do iPhone X de mil dólares. Mas foi com uma estratégia oposta que a empresa fez o improvável: no segundo trimestre fiscal de 2018, houve crescimento de 6% no faturamento com iPads, após o lançamento de um modelo mais acessível. A categoria de tablets em si continua em queda, mas a Apple não pode reclamar.

iPad (2018)

Só que a Apple termina 2018 com a dura tarefa de fazer melhor em 2019 — o que é extremamente complicado para quem já domina 86% do lucro do mercado de smartphones. E isso vai ser ainda mais difícil porque a quantidade de iPhones vendidos tende a diminuir nos próximos trimestres, devido ao aumento no tempo que as pessoas passam com o mesmo aparelho. A estratégia de lançar celulares mais caros deu certo para aumentar a receita, mas até quando?

Até por causa das dúvidas, o valor de mercado da Apple diminuiu nos últimos meses do ano, caindo para abaixo dos US$ 800 bilhões. Nas primeiras semanas de dezembro, a Microsoft chegou a ultrapassar a empreitada de Tim Cook para se tornar a empresa de capital aberto mais valiosa do mundo.

iPad Pro mais Pro, Apple Watch encontrando seu caminho e os três iPhones

Em uma das maiores mudanças desde o primeiro iPad, o iPad Pro ganhou o Face ID, abandonando o botão Home; as bordas ficaram bem mais finas; e o conector Lightning saiu para dar lugar ao USB-C (e todo mundo sabe que é difícil a Apple adotar um padrão de mercado). O A12X Bionic está tão potente que a empresa mostrou como ele lida com aplicações ridiculamente pesadas, como um arquivo de 3 GB sendo editado no Photoshop sem nenhum engasgo. Claro que tudo isso tem um preço.

iPhone XS Max

O produto mais vendido da Apple recebeu três variantes em 2018: o iPhone XS, uma mera atualização do celular do ano passado; o iPhone XS Max, que trouxe uma tela maior de 6,5 polegadas no design quase sem bordas; e o iPhone XR, que tinha tudo para ser deixado de lado, mas recebeu boas críticas por oferecer uma experiência muito próxima do XS custando bem menos. Analistas dizem que o XR está com vendas baixas, enquanto a Apple afirma que ele é o mais vendido desde que foi lançado.

Apple Watch Series 4

E o Apple Watch parece ter encontrado seu caminho. Claro, o mercado de smartwatches ainda não é tão grande como o de smartphones (e provavelmente nunca será), mas a Apple tem seus méritos. Primeiro porque já é a maior fabricante de relógios do mundo, tanto em quantidade quanto em faturamento, ultrapassando toda a indústria suíça. Segundo porque ele encontrou seu foco: só se fala sobre saúde.

Macs são renovados e deixam expectativas para 2019

MacBook Pro (15 polegadas, 2018)

A Apple renovou sua linha de Macs com três produtos, sendo que dois não recebiam mudanças há anos.

O MacBook Pro foi atualizado como de praxe, com hardware mais potente, incluindo 4 TB de armazenamento em flash, 32 GB de RAM DDR4 e GPU Radeon Pro 560X, além de um processador six-core Core i9 bem poderoso que chegou a causar problemas de superaquecimento nas primeiras semanas. Recentemente, ele recebeu uma versão com chip gráfico AMD Vega para aplicações mais profissionais e com preços ainda maiores: até R$ 58.599.

O Mac Mini estava esquecido pela Apple desde 2014, sem receber nem sequer uma atualização de hardware. Embora o formato da carcaça seja parecido com o anterior, o material agora é um alumínio 100% reciclado, em linha com o que a empresa vem apresentando para se tornar mais “verde”. Tecnologias antigas, como o disco rígido, foram completamente eliminadas, e agora existem quatro portas USB-C, processadores Intel Core de oitava geração e chip de segurança Apple T2.

MacBook Air (2018)

E olha só: quem pensou que o MacBook Air morreu com a chegada do MacBook de 12 polegadas se enganou. O ultrafino e ultracaro da Apple recebeu a repaginada que merecia, com uma tela Retina de 13,3 polegadas pela primeira vez no modelo, design renovado e leitor de impressões digitais Touch ID (sem precisar da Touch Bar e nem remover a tecla Esc física).

Os novos Macs e MacBooks deixam um mistério para o futuro: será que estamos diante da última geração de computadores da Apple com processadores da Intel? Há anos se fala em Macs com chips da própria Apple, mas os rumores se intensificaram em 2018, com o Projeto Kalamata sendo apontado como a mudança na arquitetura; e o afastamento entre Apple e Intel para os próximos iPhones.

2019 promete.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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