Foto por Blake Patterson/Flickr

Dan Luu, engenheiro de computação com passagem pelo Google e Microsoft, estava desconfiado. Ele sentia que os computadores atuais são, de alguma forma, mais lentos do que os PCs que ele usava quando criança.

Para ter certeza, Luu usou uma câmera de alta velocidade para medir a latência de resposta de vários computadores. Ele descobriu que o Apple IIe, lançado em 1983, é mais rápido em reagir a seus comandos que um PC lançado este ano.

“É um pouco absurdo que um PC de jogos moderno, com 4 mil vezes a velocidade de uma Apple IIe, com uma CPU que tem 500 mil vezes o número de transistores… talvez consiga a mesma latência que o computador antigo”, escreve Luu.

Na tabela abaixo, ele lista a latência entre o pressionamento de tecla e a exibição de um caractere em um terminal. Os resultados são classificados do mais rápido para o mais lento.

Há alguns detalhes a se atentar. Ele testou alguns computadores com sistemas operacionais diferentes (OS 9/OS X, Linux/Windows), e destaca isso em negrito. E algumas máquinas foram testadas com monitores diferentes; a taxa de atualização está em itálico.

A tabela reúne a latência (em milissegundos), ano de lançamento, clock e número de transistores

Para referência, Luu colocou a latência de transmitir um pacote de dados ao redor do mundo, através de fibra óptica, passando por Nova York, Tóquio e Londres até voltar aos EUA.

A latência é consistentemente baixa em computadores antigos, como o Commodore PET 4016, TI-99/4A, SGI Indy e o próprio Apple IIe — ela fica entre 30 ms e 60 ms.

Enquanto isso, PCs modernos têm grandes variações: o PowerSpec G405, com processador Intel Core i7-7700K, 16 GB de RAM e SSD, tem latência entre 90 ms e 200 ms, dependendo do sistema operacional (maior no Windows) e do monitor usado.

Até mesmo dispositivos móveis dificilmente atingem a latência dos PCs antigos:

Luu diz que essa discrepância tem alguns motivos. Teclados modernos possuem uma taxa de 100 Hz a 200 Hz para reconhecer seus comandos, enquanto o Apple IIe tem uma taxa efetiva de 556 Hz. Há também “o tempo que a tela demora para realmente mostrar um caractere”, ou seja, entre o primeiro traço que aparece no monitor e os pixels restantes para compor a imagem.

O principal motivo, no entanto, é a complexidade. Como lembra o ExtremeTech, um Apple IIe não lida com comandos sofisticados de multitarefa, nem faz malabarismo com threads em segundo plano. Ele não está conectado a múltiplos dispositivos como placas de vídeo ou discos externos, nem usa um gerenciador de composição de janelas, que aumenta a latência.

Ou seja, há uma troca entre complexidade e latência. Quem sabe nos próximos anos, as fabricantes consigam reduzir esse problema.

Com informações: Dan Luu, ExtremeTech.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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