Memes com erro ortográfico me deixam #chatiada

"Sei que o erro é proposital, pelo menos na disseminação, porque na cabeça de quem fez a hashtag pela primeira vez, tenho lá minhas dúvidas."

Bia Kunze
• Atualizado há 1 ano e 3 meses

Queridos leitores do Tecnoblog, é muito bom estar aqui novamente! Por conta de novos desafios profissionais e as eternas idas e vindas na minha saúde tive que dar um tempo nas colunas. Felizmente tudo está entrando nos eixos agora. Mal via a hora de voltar!

Não sumi completamente: embora tenha deixado as colunas e o blog em segundo plano, sempre que posso compartilho informações nas redes sociais. É meu melhor canal de contato com leitores e ouvintes. E assunto nunca falta nesse nosso mundinho hi-tech, não?

E como esse mundinho muda depressa! Olhando os temas das últimos artigos postados, a impressão que tive é que parei de escrever por séculos. As coisas no mundo da tecnologia móvel acontecem na mesma intensidade dos virais de internet: num dia só se fala naquilo. De repente, todos esqueceram. A onda do momento é a Gina do Facebook. Mas há não muito tempo eram a Luiza do Canadá e o Pedro do chip. Alguém ainda se lembra deles?

Curiosa também é a vida útil das chamadas hashtags. Esses termos usados para classificar assuntos principalmente em microblogs como o Twitter. Mas que já saiu das redes sociais faz tempo. Usei no título deste post. Já usei até em SMS!

O primeiro a se popularizar, creio, foi o #prontofalei.

No início parecia uma maluquice, era difícil de explicar. Hoje todo mundo cria a hashtag que vier à cabeça na hora que quiser. Se uma hashtag “pega” no gosto do povo ou não, depende exclusivamente deles. Não há uma fórmula para um meme pegar, ou um assunto se tornar viral… mas sou capaz de entender.

Todavia, uma coisa que não sou capaz de entender é: por que as hashtags que nascem com erros de ortografia assim permancem, e ninguém que os dissemina corrige?

Começou com aquelas bobajadas do #comofas, quando alguém tinha uma dúvida técnica sobre qualquer assunto, e o #corrão, um aviso para que alguém aproveitasse uma oportunidade ou promoção imediatamente. Aí veio o #jênio, hashtag irônica para obviedades genéricas e os mais recentes, #querovernacopa e #chatiado. Autoexplicativos.

Quanto a mim? Bom, apesar da intimidade com o mundo digital, das hashtags, dos memes e virais, tenho uma resistência em usar modinhas com erros ortográficos. Sei que o erro é proposital, pelo menos na disseminação, porque na cabeça de quem fez a hashtag pela primeira vez, tenho lá minhas dúvidas. Bem… pra ser sincera, tenho dúvidas de alguns desses disseminadores também. Enfim, já tentei e não saiu. Não adianta: é mais forte do que eu.

A coisa é séria. Eu vinha lendo cada vez menos as seções de comentários de determinados sites e portais, em parte por causa do ódio e preconceito que as pessoas escancaram por se sentirem anônimas. Mas os maus-tratos à língua foram a pá de cal definitiva, porque são um espelho fiel da ignorância em seu estado mais bruto. Erros ortográficos, de sintaxe, de concordância, falta de pontuação… o que certos internautas escrevem acaba se tornando ininteligível.

E querem saber? Não vou aderir a memes que estupram a língua portuguesa, mesmo sabendo que são propositais e estão na moda. Aliás, isso é uma das coisas que não gosto na internet: as macaquices. Todo mundo imitando, disseminando, compartilhando coisas sem usar o par de neurônios. No dia que deixei o rascunho desse post salvo, Machado de Assis veio me assombrar num pesadelo em que derrubava uma Barsa completa na minha cabeça. E como sei que “consertar” a hashtag não tem graça, melhor simplesmente não usá-las.

#prontofalei

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Bia Kunze

Bia Kunze

Ex-colunista

Bia Kunze é consultora e palestrante em tecnologia móvel e novas mídias. Foi colunista no Tecnoblog entre 2009 e 2013, escrevendo sobre temas relacionados a sua área de conhecimento como smartphones e internet. Ela também criou o blog Garota Sem Fio e o podcast PodSemFio. O programa foi um dos vencedores do concurso The Best Of The Blogs, da empresa alemã Deutsche Welle, em 2006.