No meio de tantas confusões, Elon Musk é o novo dono do Twitter. E agora?

Elon Musk desembolsou US$ 44 bilhões para arrematar o Twitter, mas o que o bilionário vai fazer com todo esse poder em mãos?

Bruno Gall De Blasi
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• Atualizado há 11 meses
Elon Musk
Elon Musk (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Elon Musk está no centro dos holofotes. E não é por menos: o bilionário gastou US$ 44 bilhões para comprar o Twitter. No entanto, esta não é uma aquisição qualquer, pois estamos falando de um heavy user que assumiu a sua rede social favorita. E, agora, ele poderá fazer o que quiser com a plataforma, até mesmo destruí-la.

O Twitter é uma das principais redes sociais da atualidade. Através dela, diversas esferas da sociedade se reúnem em debates calorosos sobre inúmeros assuntos. A plataforma, na minha opinião, ainda consegue ser melhor que o LinkedIn em networking devido às interações completamente dinâmicas.

Ou, bem… é o melhor lugar para você encontrar memes.

De toda forma, tudo isso confere uma influência de peso ao que é compartilhado na plataforma. E Musk sabe muito bem disso: em janeiro, o executivo fez o preço de uma criptomoeda disparar 285.000% com uma simples piada. Afinal, além de ter cerca de 115 milhões de seguidores, trata-se de um dos nomes mais bem-sucedidos no mundo da tecnologia.

Diante destes fatos, não há dúvidas: o que Musk fala movimenta a internet. Seja de forma positiva ou negativa, suas ações causam um forte buzz, especialmente quando há pronunciamentos novos em seu perfil do Twitter. E é daí que vem a pergunta: se isso já acontecia antes, imagine agora, que ele é dono da rede social?

Elon Musk é o verdadeiro heavy user do Twitter (Imagem: Reprodução)
Elon Musk é o verdadeiro heavy user do Twitter (Imagem: Reprodução)

O heavy user comprou a sua rede social favorita

Bem, confusões não faltam. E tudo começou antes mesmo de o negócio ser fechado. 

Após a oficialização da intenção de compra do Twitter, não demorou para Musk acusar a empresa de esconder spam e desistir da oferta. O empresário, no entanto, voltou atrás e finalmente arrematou a rede social em 28 de outubro.

Obviamente, tudo isso gerou um imbróglio quase interminável, incluindo um processo. Mas o que chama a atenção é a atitude do empresário, que reagiu com ironia em uma publicação feita pelo Twitter: 

“Eles disseram que não eu poderia comprar o Twitter

Então, eles não deram informações sobre bots

Agora, eles querem me forçar a comprar o Twitter no tribunal

Agora, eles terão que dar informações sobre bots no tribunal”

E é exatamente dessa forma como o bilionário está administrando o Twitter. Peguemos o Blue, que custava US$ 4,99 ao mês na era pré-Musk, como exemplo: de início, esperava-se que o serviço custaria US$ 20. No dia seguinte, veio o valor de fato, confundindo usuários e jornalistas que acompanharam esta decisão de perto: US$ 8 ao mês. 

Twitter Blue oferece alguns recursos exclusivos, como a opção para desfazer tweets (Imagem:Twitter/Divulgação)
Twitter Blue oferece alguns recursos exclusivos, como a opção para desfazer tweets (Imagem:Twitter/Divulgação)

O Twitter Blue, que custaria US$ 20, saiu por US$ 8

Mas esta é só a ponta do iceberg. Primeiro, o anúncio do Twitter Blue aconteceu pelo perfil do executivo. Como era de se esperar, Musk não perdeu a oportunidade: “o atual sistema do Twitter de lordes e plebeus para quem tem ou não o selo azul é besteira! Poder ao povo, Twitter Blue por US$ 8 mensais”, disse.

A provocação tem um alvo claro: a verificação de contas. Afinal, o sistema será alterado porque… sim. Dessa forma, os usuários poderão pagar para ter o selinho azul ao lado do nome. E todo o propósito da ferramenta, que visa passar credibilidade, será descartado.

O Blue ainda terá outros recursos que vão contra a dinâmica da rede social. É o caso das prioridades em respostas e buscas, o que, nas palavras do novo dono da rede social, é fundamental para combater golpes e spams na plataforma. Resumindo: quer aparecer? Pague por isso.

Elon Musk quer alterar o funcionamento da verificação do Twitter (Imagem: Oberhaus/Flickr)
Elon Musk quer alterar o funcionamento da verificação do Twitter (Imagem: Oberhaus/Flickr)

A polêmica das verificações do Twitter

Ao anunciar a compra da rede social, Musk ressaltou seu desejo de resgatar a liberdade de expressão na plataforma. Não à toa, no seu primeiro dia, o CEO disse que montaria um conselho de moderação com “pontos de vista amplamente diversos”. A ideia, porém, permanece apenas na promessa.

Com a polêmica da verificação, donos de contas com o selo azul decidiram provar o quão complexo é esse tipo de confirmação. Para isto, alguns usuários mudaram o nome dos seus respectivos perfis para “Elon Musk”. A brincadeira durou até o CEO se incomodar: “daqui para frente, qualquer personificação no Twitter sem especificar claramente ‘paródia’ será permanentemente suspensa”, tweetou.

E o que aconteceu? Os perfis que fizeram a brincadeira foram retirados do ar. Tudo isso antes mesmo da formação do conselho de moderação diverso que bilionário prometeu há alguns dias. Aliás, cadê o Musk que, em 2021, disse “legalize a comédia” e, em maio de 2022, se proclamou “um absolutista da liberdade de expressão”? 

Funcionários da SpaceX que criticaram postura de Elon Musk foram demitidos (Imagem: Divulgação/SpaceX)
Funcionários da SpaceX que criticaram postura de Elon Musk foram demitidos (Imagem: Divulgação/SpaceX)

Se questionar, está fora!

A grande questão é que nada disso é novidade. Antes mesmo de imaginarmos que Musk compraria o Twitter, o executivo se envolveu com outros problemas na SpaceX. Em junho, funcionários da companhia divulgaram uma carta aberta que questionava a maturidade do executivo. O resultado? Os colaboradores envolvidos foram demitidos logo em seguida

As observações da carta não eram nada exageradas. “O comportamento de Elon na esfera pública é uma fonte frequente de distração e constrangimento para nós”, diz o documento. Mas o apelo não adiantou: em reação, a presidente Gwynne Shotwell disse que não havia “necessidade desse tipo de ativismo exagerado”.

E onde estamos vendo uma história parecida? No Twitter. E, novamente, lidamos com outro caso de pura confusão. 

Primeiro, Musk pensou em demitir 75% da empresa. Depois, o empresário voltou atrás, mas disse que faria os cortes. Em seguida, negou. E adivinha o que aconteceu? Metade da força de trabalho foi desligada

Agora a empresa quer recontratar os funcionários desligados. Segundo a Bloomberg, algumas pessoas foram demitidas “por engano”. Uma atitude bem cruel, especialmente ao considerar que alguns colaboradores só descobriram que foram demitidos porque perderam o acesso ao e-mail corporativo.

Twitter
Twitter (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Como será o amanhã?

Enquanto tudo isso acontece, Elon Musk segue no Twitter… ou melhor, no seu perfil do Twitter. Como era de se imaginar, o executivo está fazendo as brincadeirinhas de sempre: “O Twitter é o pior!”, publicou nesta terça-feira (8). “Mas também o melhor”. 

Ou fazendo piadinhas envolvendo o Twitter Blue e a verificação de perfis:

Essas atitudes, no entanto, jogam a rede social em um futuro de incertezas. Afinal, nem duas semanas se completaram e o Twitter mergulhou em um mar de caos. Especialmente ao considerar uma observação muito bem feita pelo The Verge: Musk comprou uma empresa de moderação de conteúdo, e não de tecnologia. Ou seja, isso vai muito além de todos os desafios enfrentados tanto na Tesla quanto na SpaceX.

Os usuários também não estão muito confortáveis com as decisões que o empresário pode tomar daqui para frente. No próprio dia 28, Zack Nelson, do canal JerryRigEverythingafirmou que sairia do Twitter caso as contas de Donald Trump e Kanye West sejam restauradas. “Não vou participar de uma plataforma onde o discurso de ódio e a violência são um jogo”, tweetou.

A grande questão é que ainda não há um verdadeiro substituto para o Twitter. Por enquanto, temos o Mastodon, que alcançou 1 milhão de usuários ativos no meio dessa confusão toda. Mas será que a plataforma vai oferecer todas as necessidades de quem utiliza a rede social comprada por Elon Musk?

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Bruno Gall De Blasi

Bruno Gall De Blasi

Ex-autor

Bruno Gall De Blasi é jornalista e cobre tecnologia desde 2016. Sua paixão pelo assunto começou ainda na infância, quando descobriu "acidentalmente" que "FORMAT C:" apagava tudo. Antes de seguir carreira em comunicação, fez Ensino Médio Técnico em Mecatrônica com o sonho de virar engenheiro. Escreveu para o TechTudo e iHelpBR. No Tecnoblog, atuou como autor entre 2020 e 2023.

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