Nvidia não planeja lançar Shield TV no Brasil porque nossa internet é muito lenta
Bryan Del Rizzo, gerente-sênior de relações públicas da Nvidia, detalhou os planos da empresa para o Brasil
Bryan Del Rizzo, gerente-sênior de relações públicas da Nvidia, detalhou os planos da empresa para o Brasil
A Nvidia demonstrou alguns dispositivos para a imprensa durante a Brasil Game Show, incluindo um laptop com a placa GeForce GTX 980 (isso mesmo, sem o M no final) e o Shield TV, a set-top-box da empresa que roda Android TV. Bryan Del Rizzo, gerente-sênior de relações públicas da Nvidia, detalhou ao Tecnoblog os planos de lançamento da empresa para o Brasil.
Por alguns minutos, pude mexer no Shield TV, um pequeno set-top-box da empresa que ainda não está disponível no Brasil. A Nvidia lançou o produto nos Estados Unidos em maio e expandiu a entrega para a Europa na última semana, mas o Brasil não está nos planos da empresa, ao menos por enquanto.
“Não tem porque não [lançarmos o Shield TV no Brasil], mas, em meu entendimento vocês [brasileiros] têm uma internet muito lenta”, lamenta Del Rizzo. “E, com um produto como este, a experiência depende muito de quão boa a conexão à internet é”, completa.
Essa dependência se refere principalmente ao recurso GeForce Now, que Del Rizzo definiu como “Netflix para jogos”. Com o Shield TV, o usuário pode fazer streaming de jogos dos servidores da Nvidia por US$ 7,99 ao mês com um período de degustação gratuito de três meses.
O executivo ainda apontou como empecilho para trazer o Shield TV ao Brasil a instalação de servidores por aqui. Nos Estados Unidos, a Nvidia tem servidores nas costas leste e oeste para fazer streaming dos jogos. No Brasil, por “limitações na infraestrutura”, a experiência não seria muito boa, segundo ele. Del Rizzo ainda comentou que prefere não vender um produto a lançar o Shield TV com limitações em jogos e vídeos por streaming.
Ainda assim, questionei se não seria um investimento viável. Algumas placas de vídeo boas são pouco acessíveis no Brasil e, se houvesse um sistema de streaming de jogos por um preço mensal razoável, o GeForce Now poderia embarcar.
Para Del Rizzo, é importante que os jogos sejam acessíveis para o maior número de pessoas possível. No entanto, considerando todos os aspectos que dificultam a disponibilização da ferramenta no Brasil, uma saída, segundo ele, seria levar o GeForce Now para os computadores. A Nvidia revelou que está estudando essa possibilidade, mas até agora não tem nada a anunciar.
O principal foco do Shield TV são os jogos, vide o poder de processamento do Tegra X1, chip próprio da Nvidia e o mais rápido do mercado, segundo Del Rizzo. De resto, ele é mais um set-top-box que roda Android Lollipop e tem acesso ao Google Play para abrir aplicativos como Netflix e Plex.
Além do streaming no GeForce Now, os jogos podem ser acessados pela rede local. Imagine que você tem um jogo no desktop ou notebook, mas quer jogar no Shield TV: é possível, caso a sua placa de vídeo seja uma GTX 650 ou superior e sua rede Wi-Fi seja de 2,4 GHz. Naturalmente, Del Rizzo recomenda uma placa de vídeo da série 900 e um roteador com frequência de 5 GHz.
Também é possível, caso algum jogo não esteja disponível em nenhuma dessas duas opções, comprar direto da loja da Nvidia, que tem títulos curados para os consumidores. Batizada de Buy and Play, a ferramenta permite que o consumidor jogue o jogo comprado da nuvem e depois baixe no computador pelo software da Nvidia.
Se você for do tipo de pessoa que prefere jogos mais leves, como o Shield TV é baseado em Android, a maioria dos jogos no Google Play funciona nele. Ainda há uma parte da loja que é curada da Nvidia, com títulos que são totalmente compatíveis com o controle especial e otimizados para o processador Tegra X1.
Pelo pouco que mexi no Shield TV, gostei da experiência de uso do software e o ecossistema pareceu bem organizado. Infelizmente, não pude jogar algum título pelo GeForce Now porque a internet na BGS não colaborou, então tive que me contentar com Leo’s Fortune.
De fábrica, o Shield TV vem com um controle de jogos; o controle remoto, como de qualquer outro set-top-box, deve ser adquirido à parte, por US$ 49. Nos Estados Unidos, o modelo básico custa US$ 199 e vem com 16 GB de armazenamento em flash mais uma entrada para cartão microSD de até 128 GB.
Antes de apresentar outra novidade da Nvidia, Del Rizzo falou um pouco da GTX 980, placa de vídeo da empresa lançada ano passado com arquitetura Maxwell. No lançamento, a GTX 980M também foi apresentada e era direcionada para os laptops, com uma performance 30% menor para se adaptar à mobilidade desse tipo de dispositivo.
Desde então, a Nvidia lançou a GTX 980 Ti e a GeForce Titan X, duas placas superiores à GTX 980 e que oferecem mais poder de processamento para os jogos. Agora, a empresa resolveu trazer a GTX 980 para os laptops, sem o corte na performance e mantendo a mesma autonomia de bateria, segundo Del Rizzo.
No estande da Nvidia, em uma sala reservada, pude conferir um notebook da MSi com essa GPU. Segundo o AnandTech, o modelo é o GT72 G-SYNC e custa cerca de US$ 3,2 mil. Del Rizzo ainda achou interessante entrar no Google e me mostrar o GX700VO, da ASUS, que tem uma base de watercooling. Outra fabricante que pretende trazer um notebook com a GTX 980 para o Brasil é a Avell, segundo Del Rizzo. “Acho que em novembro ou dezembro, a tempo dos feriados de fim de ano”, completou.
Cabe às fabricantes desenharem o notebook em volta da placa: a maioria é feita da mesma forma que era fabricada com a GTX 980M, mas, com um produto como esse, a Nvidia recomenda que outros componentes de alta qualidade sejam embutidos. Como exemplos um sistema de alimentação de quatro a oito fases, memória de 7 Gb/s e potência de pico 50% maior.
Também é possível fazer overclock no processador da GPU se os 1,25 GHz não forem suficientes: Del Rizzo conseguiu aumentar até 1,4 GHz mais ou menos; quando ele tentou colocar um clock maior, o driver travou.
Para esse tipo de notebook, os componentes não são facilmente intercambiáveis, mas, em vez de selar a GTX 980 na placa-mãe, as fabricantes parceiras da Nvidia também podem usar módulos MXM para trocar a GPU com facilidade.
Se você está disposto a pegar uma fila de, em média, duas horas, a Nvidia tem uma sala aberta ao público dentro do estande na BGS para demonstrar o Oculus Rift. A seção VR Experience permite ao visitante jogar Eve: Valkyrie ou Air Mech, dois jogos adaptados à realidade virtual, em uma gameplay de no máximo dez minutos.
Decidi jogar o Eve: Valkyrie para inaugurar minha primeira vez com um óculos virtual. O jogo se passa num ambiente espacial, no qual você está dentro de uma nave para destruir os inimigos a tiros. Olhando para baixo, pude ver um corpo com uniforme e os controles da nave.
No geral, achei uma experiência bem imersiva; é interessante poder olhar para os lados ou para cima para ver se uma nave inimiga se aproxima, por exemplo. A resolução também não deixou a desejar.
Se você quer saber mais sobre realidade virtual, demos o nosso pitaco no Tecnocast 019: realidade aumentada e o futuro dos wearables.
Outra atração do bonito estande da Nvidia na BGS é a demonstração de uma partida do jogo Project Cars, rodando em um computador com nada menos que três placas GTX para manter a taxa de atualização estável e os gráficos em boa qualidade em três TVs 4K, totalizando uma resolução de vídeo de 12K (!).
O estande da Nvidia fica aberto durante toda a Brasil Game Show, das 13h até ás 22h. A feira termina nesta segunda-feira (12). Quem não quiser esperar para ter acesso às demonstrações citadas acima também pode se divertir com 28 desktops e 8 notebooks disponíveis para o público. Todos os computadores rodam as GPUs da série 900 para cima.