![](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2014/10/shared_economics_ad_revenue-e39964fdf52c21d98c028fde754c1f52-1060x649.jpg)
Depois de muita polêmica envolvendo privacidade e lucros incríveis de redes sociais em cima dos usuários, parece que realmente começamos a ver uma movimentação visando mudar a relação que nós temos com elas.
Começou com o Ello, a rede social que agora é legalmente proibida de exibir anúncios e vender dados de seus usuários. Ela ficou famosa após o êxodo da comunidade LGBT que foi forçada pelo Facebook a utilizar nomes reais, e não os pseudônimos pelos quais seus integrantes eram conhecidos.
Agora, uma nova ganha fama: o Tsu (se fala “su”). A intenção do Tsu é pagar o usuário pelo conteúdo que ele cria, como se ele recebesse dinheiro de direitos autorais por isso. Quanto maior o alcance, maior a grana.
Segundo consta no FAQ, somente 10% dos lucros ficam com o Tsu; 90% são repassados aos usuários. O algoritmo da rede social, então, divide entre a “árvore genealógica” do usuário – como o Tsu, igual ao Ello, também funciona na base do convite, o lucro que você gerar terá uma porcentagem repassada para quem lhe convidou. Quem convidou essa pessoa recebe um pouco menos e assim por diante.
É quase um esquema de pirâmide, mas não chega a ser porque os novos integrantes não precisam pagar para entrar; o dinheiro vem de propagandas espalhadas pelo site, patrocínios e parcerias, como o FAQ esclarece.
Para conseguir um convite, não tem fila de espera nem nada: basta utilizar um shortcode de alguém que já esteja cadastrado. O shortcode nada mais é que um link de referência para o perfil de cada um: tsu.co/nomedeusuário.
Quanto à interface, ele lembra bastante o Twitter. Nas páginas de perfis, você tem o header e informações sobre a pessoa no tipo, a timeline ao centro e outras informações do lado esquerdo, como fotos, aniversário, sites, etc.:
![tsu](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2014/11/tsu-700x451.jpg)
No feed, onde aparecem posts de seus amigos e pessoas que você segue, a coluna da esquerda vira uma espécie de painel de controle, onde você pode ter acesso às suas mensagens diretas, administrar o dinheiro que já foi recebido pela rede social, o alcance de seus posts e como vai sua “árvore genealógica”, que é a relação dos amigos que você trouxe para o Tsu.
De modo geral, é bem fácil de navegar e não precisa de mais que uma hora para saber onde encontrar tudo que você procura.
A não ser que o que você procura é dinheiro – e é isso que todos procuram no Tsu.
![tsu2](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2014/11/tsu2-700x451.jpg)
No screenshot acima, dá para ver uma postagem com um enorme blur verde. Esse blur disfarça dezenas de pessoas que foram citadas por um único usuário em busca de mobilizá-las para segui-lo, curtir e compartilhar seus posts, de modo que ele ganhe dinheiro na rede social. Não é difícil achar uma variação do famoso “sdv”, ou “sigo de volta”, por lá: é meio que um contrato social no qual todo mundo curte e compartilha todo mundo e, no fim, todo mundo ganha.
Esse é o principal problema do Tsu: ao anunciar que as pessoas com mais “relevância social” – isto é, mais seguidores, amigos, curtidas e compartilhamentos – ganham mais dinheiro, não importa o que elas dizem, mas sim o alcance que suas postagens conseguem ter. E isso é bem irônico, considerando que o Tsu se vende como a rede social na qual você é pago pelo seu conteúdo.
Em pouco tempo no ar – o Tsu ficou famosinho há cerca de uma semana – , a rede social já se tornou um amontoado de contas falsas sem produção real de conteúdo. Ele ficou nas outras redes sociais, como o Facebook e o Twitter, que são justamente as que o Tsu quer combater ao tentar transformar os usuários não em mercadoria, mas numa espécie de sócios da rede social. A ideia é boa, mas a execução, por enquanto, falha. Falta incentivo para que o conteúdo de qualidade, com compartilhamento orgânico, surja.
Assim como o Ello, o Tsu ainda é bem novo, então não dá para crucificar ou para consagrar como o algoz do Facebook e dos modelos tradicionais de rede social. Mas, no mínimo, essas duas novas redes demonstram que há, sim, espaço para criar uma economia melhor e menos abusiva tanto para quem provê o serviço como para quem o usa; só falta descobrir qual (ou quais) será ela.