É possível apagar suas informações e “sumir da internet”?

Descubra se é possível apagar toda a sua presença online, seja em redes sociais, sites de compra ou mecanismos de busca

Ronaldo Gogoni
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• Atualizado há 1 ano e 7 meses
Botão delete (Imagem por: Alexei Kuznetsov)

Sim, é possível “sumir da internet“, apagando todas as suas informações, rastros e presença online. No entanto, esta não é uma tarefa simples ou rápida. Você também pode contratar serviços pagos para cuidar disso para você, que também podem rastrear e destruir dados coletados por empresas que você nunca ouviu falar.

É possível “sumir da internet”?

Sim, mas não é nada fácil. Será preciso seguir alguns passos, acessar serviços esquecidos, e bater cabeça com setores de suporte. Mas se a intenção é realmente cometer um “interneticídio“, é algo que será preciso ser feito. Confirma algumas dicas.

1. Saiba usar o Google

O Google será o seu maior aliado nessa empreitada. Faça buscas do seu nome ligado a serviços que você lembre ter utilizado, e acesse-os, um por um, e apague seus rastros.

Se você mora na Europa, ainda pode utilizar o Direito ao Esquecimento, e exigir que o Google, o Bing e outros serviços de busca apaguem todos os resultados ligados a você.

No entanto, deixe este passo para o final.

2. Delete suas contas de redes sociais, sites e serviços

Não existe um botão único para tudo, você vai precisar visitar os sites, um a um.

Twitter, Facebook, Instagram, WhatsApp, Telegram, Snapchat, LinkedIn e Messenger são as principais, mas há muitas outras. Podemos citar as redes para games do Steam, PSN, Xbox Live e Nintendo Switch Online, as contas em serviços de música como Spotify e Deezer, em redes menores, como o Untappd (para amantes de cerveja), o Pinterest, o Foursquare/Swarm, o Trello, o Slack, e etc. Priorize os que são indexados pelo Google.

Facebook / Unsplash

É importante também buscar e destruir contas em serviços pouco lembrados, ou que foram esquecidos com o tempo, como o Tsu, o Ello, o novo Orkut, e também serviços, sites e jogos que utilizam dados e permissões de outras redes sociais, em especial que usam login do Facebook, do Google e do Twitter. Busque e deletes todas as suas contas.

Você vai precisar entrar em cada um dos sites e redes, acessar suas configurações e verificar se é possível deletar todos os dados permanentemente. Em caso de dúvidas, entre em contato com o suporte dessas redes. Pode ser necessário enviar um e-mail.

Algumas plataformas, como o Facebook (e principalmente ele) não deleta dados de forma permanente, e possui até dados de quem nunca teve conta no serviço, o que já foi motivo de polêmica; nesse caso, pode ser necessário até mesmo entrar com uma ação na Justiça, para forçar as redes sociais a apagar as informações.

Se for o caso, consulte um advogado que entenda do assunto.

3. Apague todas as suas contas em lojas online

Este é um passo um pouco mais complicado: você terá que acessar todas as lojas online em que já fez um cadastro, não importa para que tipo de compra, e solicitar que o seu perfil seja apagado. Cheque seu e-mail e verifique quais lojas enviaram newsletter, e-mails de rastreamento de encomendas ou status de pedido para você.

4. Verifique se seus dados não vazaram

Sites como o HaveIBeenPwned e similares são úteis para identificar se seus dados vazaram na internet, tendo como base o seu endereço de e-mail usado em redes sociais, lojas online, fóruns e etc. Desde que você saiba quantos e-mails possui, poderá rastrear com mais facilidade todos os sites em que você já fez cadastro e apagá-los.

5. Apague a sua presença online em fóruns e comentários de sites 

Serviços como o Disqus possuem ferramentas para remoção de contas, mas para outros serviços, como fóruns (mesmo os mais antigos) e listas de discussão, talvez seja necessário localizar o responsável por cada um deles, e solicitar que apaguem.

Uma dica é acessar o Whois, consultar um site ou fórum, e identificar os responsáveis pelos mesmos, que poderão lhe ajudar a apagar essas informações.

6. Delete sua conta do Google, Microsoft, Apple e contas de e-mail (todas)

Se você já limpou tudo até aqui, é hora de remover suas contas de plataformas essenciais, como da Apple (para contas do iPhone ou Macs), da Microsoft (contas do Windows) e do Google, entre outros serviços mais abrangentes. Cada uma dessas empresas possui um processo para lidar com a remoção de contas, verifique-os.

O Google inclusive oferece um recurso, em que você pode fazer uma requisição formal para apagar determinados conteúdos, dependendo do serviço (ou todos, se for o seu desejo).

Para europeus, a solicitação ao Direito ao Esquecimento entra nesta fase; para todos os demais, apagar os rastros em mecanismos de busca pode exigir ações na Justiça.

Acesse também os servidores de suas contas de e-mail, e siga os passos de cada uma delas para deleta-las em definitivo. Certifique-se de que não precisa mais acessá-las.

Considere usar serviços pagos

Para quem não deseja ter muito trabalho para sumir da internet, e tem dinheiro para investir nessa empreitada, uma dica é contratar empresas especializadas, como a DeleteMe, que oferece serviços de rastreio e deleção de todos os seus rastros.

Tais companhias também têm o poder de rastrear e apagar dados coletados por empresas que fazem negócios com redes sociais, sites e etc., em troca de suas informações, e que você jamais teria acesso ou entraria em contato em situações normais.

E agora?

freephotocc / café / Pixabay

Se você seguiu todos esses passos, há grandes chances de que você conseguiu de fato sumir da internet, sem nenhum tipo de presença online, mas também tornou-se incapaz de usar qualquer um dos serviços, mesmo os mais básicos e necessários.

Você pode, a partir daqui, criar contas de e-mail para interações mínimas e essenciais online, e usar VPNs 100% do tempo para mascarar toda a sua vida de agora em diante ou chutar o balde e abraçar a vida offline, com todos os seus prós e contras.

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Ronaldo Gogoni

Ronaldo Gogoni

Ex-autor

Ronaldo Gogoni é formado em Análise de Desenvolvimento de Sistemas e Tecnologia da Informação pela Fatec (Faculdade de Tecnologia de São Paulo). No Tecnoblog, fez parte do TB Responde, explicando conceitos de hardware, facilitando o uso de aplicativos e ensinando truques em jogos eletrônicos. Atento ao mundo científico, escreve artigos focados em ciência e tecnologia para o Meio Bit desde 2013.

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