Visitamos o centro de transmissão de TV da Sky em Jaguariúna
Operadora tem 3,6 milhões de clientes de TV via satélite. Tecnoblog mostra os bastidores da Vrio, que também é a controladora do DGO.
Operadora tem 3,6 milhões de clientes de TV via satélite. Tecnoblog mostra os bastidores da Vrio, que também é a controladora do DGO.
De Jaguariúna, SP — Quem trafega pela rodovia SP-340 em Jaguariúna pode perceber algumas antenas parabólicas localizadas em um condomínio empresarial. Ali fica o centro de transmissão da Vrio, empresa controladora da Sky e do DGO (antigo DirecTV Go). É nesse local onde ficam todos os equipamentos (são muitos!) que recebem os sinais das programadoras e os retransmitem até sua TV.
Na semana passada, a Vrio abriu as portas do centro de transmissão para um seleto grupo de jornalistas – inclusive eu e o Tecnoblog – e jovens participantes do VI Encontro Mundial da Juventude. Durante a visita foi possível compreender um pouco do funcionamento técnico e os bastidores do que acontece antes de sintonizar um canal na TV via satélite ou no serviço de streaming. É o que a gente vai te mostrar a seguir.
Apesar da Sky ter mais de mil funcionários, apenas cerca de 100 colaboradores ficam no prédio em Jaguariúna. Na maioria, são engenheiros que cuidam das transmissões. A empresa também possui outro teleporto localizado em Santana de Parnaíba (SP).
O CEO Gustavo Fonseca faz uma analogia entre o centro de transmissão e um fabricante de sanduíche, pois o local é responsável por receber o sinal das emissoras e juntar tudo num produto de TV por assinatura:
“Imagine esse prédio inteiro aqui como um fabricante de sanduíche. Cada camada do sanduíche vem por algum lugar. Alguns sinais vêm por fibra, outros por satélite. A gente faz a multiplexação dos sinais e joga para antena grande, que vai até o satélite.”
Gustavo Fonseca, CEO da Sky
Quem nos acompanhou durante a visita técnica foi o supervisor de operações técnicas Alexandre Moreira. O tour começou com a parte elétrica: para suportar as transmissões em caso de falta de energia da concessionária local, a companhia mantém cinco geradores de 2,5 MWh.
Cada gerador possui um tanque de 1.000 litros de combustível, mas isso não é suficiente: na área externa, o centro de transmissão possui outros dois tanques com capacidade para 60 mil litros de biodiesel.
No final das contas, trata-se de muita energia para fazer as transmissões. De acordo com Moreira, tamanha capacidade é capaz de atender 90% das residências do município de Jaguariúna.
Os geradores ficam em uma edificação separada para evitar prejuízos e acidentes em caso de incêndio. Além dos geradores, os servidores e equipamentos são alimentados por um banco de bateria que sustenta o funcionamento por até 45 minutos. É tempo suficiente para acionar os geradores, que levam até 12 segundos para entrar em funcionamento.
A empresa também se preocupa bastante com a refrigeração dos equipamentos, uma vez que são diversos servidores em uma operação crítica. O sistema funciona a base de água refrigerada entre 12°C e 15°C.
Grande parte da infraestrutura do centro de transmissão da Vrio é feita via satélite. Primeiro, porque a Sky é uma operadora de TV nesta tecnologia, com 3,6 milhões de assinantes que recebem os canais via antena parabólica. Segundo, porque diversas emissoras usam satélite para entregar o sinal à operadora.
Parece contraprodutivo, mas é isso mesmo: a emissora transmite o sinal da Terra para o satélite, depois a Vrio recebe o sinal via satélite para depois transmitir novamente para outro satélite. E ainda não acabou: se o cliente for da Sky, o sinal é enviado para o receptor da sua casa via satélite. É um enorme zigue-zague.
O parque de antenas do centro de transmissão de Jaguariúna acomoda 41 antenas. As 38 antenas menores servem para receber conteúdo das programadoras via satélite. Outras três parabólicas maiores, com 13,2 metros de diâmetro, são responsáveis por enviar o sinal ao espaço.
Das antenas menores, duas são parabólicas motorizadas, que permitem uma mudança automatizada de posição e servem como backup caso os equipamentos principais passem por algum problema.
A maioria dos datacenters reúnem servidores. No caso do centro de transmissão, além dos computadores, existem receptores de TV que recebem os canais enviados pelas emissoras, bem como equipamentos para transmissão para o satélite da Sky. O centro de Jaguariúna também faz a transmissão dos canais para o DGO de toda a América Latina
Cada canal possui o seu próprio receptor — nas imagens, é possível identificar uma pilha de aparelhos para diferentes afiliadas de emissoras de televisão. De acordo com Moreira, o centro de Jaguariúna transmite 350 canais, e outras 130 emissoras ficam no centro de Santana de Parnaíba (SP).
A conexão da antena até o receptor na sala de servidores é feita via cabo coaxial. No entanto, por se tratar de uma distância grande, o sinal é convertido em fibra óptica para evitar possíveis perdas no meio do caminho.
Vale lembrar que alguns sinais chegam das emissoras via fibra óptica, por meio terrestre. Nesse caso, toda a parte de recepção pelas antenas deixa de existir.
Com os sinais das emissoras em mãos, a Sky precisa adicionar criptografia e comprimir o bitrate, para então enviá-los para o satélite pelas três antenas transmissoras. No caso do DGO, o sinal passa pelos servidores e é distribuído para a internet, incluindo diversos CDNs espalhados pela América Latina.
O controle de todos os equipamentos é feito numa sala de comando bem parecida com o que vemos em filmes de ficção científica. Com um monte de telas que exibem informações do sistema e o conteúdo dos canais, a equipe de engenheiros consegue monitorar toda a transmissão, identificar problemas e efetuar correções.
Além de monitorar os sistemas, os engenheiros também possuem uma tela dedicada para monitorar as condições do tempo. Se está nublado, por exemplo, pode ser necessário modificar a potência das antenas transmissoras para evitar perdas de sinal.
O carro-chefe da Sky é o serviço de TV por assinatura. A operadora fechou o mês de agosto de 2023 com 3,59 milhões de clientes. No último ano, a empresa viu mais de 500 mil cancelamentos.
Com o surgimento dos serviços de streaming que oferecem ampla oferta de conteúdos não-lineares, diversas pessoas perderam interesse em um serviço de TV por assinatura. No caso da Sky, não dá para negar que se trata de um serviço caro.
Para conter a perda de relevância no mercado, a Vrio, controladora da Sky, aposta no DGO, serviço de TV paga pela internet. Em 2022, a empresa passou a oferecer banda larga por fibra óptica utilizando redes neutras.
Lucas Braga viajou a Jaguariúna (SP) a convite da Vrio