A Opera lançou nesta segunda-feira (9) um aplicativo de VPN para iPhones e iPads. A empresa promete melhorar a privacidade, bloquear anúncios e permitir o acesso a conteúdos restritos por região: basta ativar o Opera VPN e escolher um IP dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Países Baixos ou Singapura. O melhor é que o aplicativo é totalmente gratuito: não possui mensalidades e nem limite de tráfego.

Mas espere: manter um serviço de VPN custa dinheiro. Como a Opera vai pagar os servidores e o tráfego consumido pelos usuários? A resposta está nos termos de serviço do Opera VPN, que revela que os dados gerados pelos usuários, incluindo os endereços das páginas acessadas por meio do VPN, poderão ser coletados pela empresa e divulgados a terceiros.

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Essa é uma característica incomum nos serviços pagos de VPN, normalmente criados para proteger a conexão dos usuários e impedir a coleta de dados por pessoas não autorizadas. Como o túnel entre o seu dispositivo e o servidor de destino é criptografado, um VPN impede que suas informações sejam interceptadas, o que pode ser útil ao acessar uma rede Wi-Fi pública, por exemplo.

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A maioria dos serviços limita explicitamente os dados que coletam. O Private Internet Access, por exemplo, diz que só obtém as informações essenciais para o funcionamento: o endereço de email, os dados de pagamento e, se o cliente utilizar o painel opcional, um cookie temporário. Alguns vão mais além: o AnonVPN funciona por meio de cartões pré-pagos, que não são vendidos diretamente pela empresa, assim, fica muito difícil rastrear quem está utilizando o serviço.

Outros serviços de VPN gratuitos têm modelos de negócio diferentes. O famoso Hola, que funciona com uma simples extensão no Chrome, opera no modelo colaborativo e vende a conexão dos usuários para fornecer o serviço: quem acessa sites por meio do VPN e não paga a mensalidade do Hola Plus tem sua conexão utilizada por outro cliente. Dessa forma, seu IP é “emprestado” para desbloquear páginas restritas a brasileiros ou para fins menos nobres, como atacar servidores e acessar conteúdos ilegais.

No blog da SurfEasy, empresa da Opera que fornece o serviço de VPN, o presidente Chris Houston explica que os dados são coletados anonimamente e que os servidores do Opera VPN são diferentes dos utilizados para fornecer o VPN integrado ao Opera para desktops e o serviço pago da própria SurfEasy, que não coletam nenhum dado de navegação. O Opera VPN também planeja mostrar anúncios no futuro, o que é irônico para um aplicativo no qual uma das funções é justamente bloquear propagandas.

Claro que a empresa sabe que o Opera VPN não é para todo mundo, por isso, continuará oferecendo serviços pagos (ou limitados ao navegador) que não coletam dados. De qualquer forma, este é mais um exemplo da máxima de que, no produto gratuito, o produto é você.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.