Oi estaria negociando venda da divisão móvel para TIM e Vivo

Fontes apontam negociações entre TIM, Vivo e Oi; operadora que comprar terá dificuldades na aprovação do negócio

Lucas Braga
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Oi

Fontes dizem à Reuters que a Oi negocia a venda de sua divisão móvel para TIM e Vivo: dessa forma, a operadora quer levantar mais de R$ 10 bilhões que seriam usados para fortalecer a expansão do serviço de banda larga via fibra óptica. Rumores também dizem que a espanhola Telefónica, dona da Vivo, contratou um banco de investimento para assessorar uma possível compra da Oi.

A agência de notícias diz que obteve as informações através de “cinco pessoas com conhecimento do assunto”, e que as fontes falaram na condição de anonimato, uma vez que as negociações são confidenciais. Representantes da Oi e Telefónica se recusaram a comentar o assunto, enquanto um porta-voz da TIM Itália negou que qualquer negociação com a Oi esteja em andamento. A TIM Brasil informou ao Tecnoblog que nega qualquer negociação.

A Oi passa por um delicado processo de recuperação judicial que começou com dívidas de R$ 65 bilhões. Na divulgação dos resultados financeiros do segundo trimestre, a operadora registrou prejuízo de R$ 1,5 bilhão. A operadora tenta levantar R$ 2,5 bilhões em caixa para não ficar sem recursos em 2020.

Desafios na incorporação da Oi Móvel

Qualquer uma das operadoras atuantes no Brasil enfrentará dificuldades para incorporar a Oi Móvel. O primeiro desafio é ter o negócio aprovado por reguladores. Na aprovação da compra da Nextel pela Claro, o Cade (Conselho de Administrativo de Defesa Econômica) informou que a redução de quatro para três grandes players “resultaria em uma clara preocupação quanto ao aumento da possibilidade de atuação coordenada entre eles”, como a formação de um “cartel”.

A Anatel também teria que aprovar o negócio, levando em conta os limites para incorporar o espectro da Oi. Nas frequências entre 1 GHz e 3 GHz, o limite por prestadora em um município é de 172,5 MHz, podendo ser estendido para 181,12 MHz mediante autorização da agência.

Veja abaixo o espectro de cada operadora em cada região, seguido da soma das frequências. As células em amarelo representam regiões onde o limite pode ser estendido pela Anatel; e em vermelho, onde o limite é ultrapassado. Neste último caso, a operadora teria que devolver o excedente à União.

Região Espectro da TIM Espectro da Vivo Espectro da Oi Espectro de TIM + Oi Espectro de Vivo + Oi
SP (Capital) 90 MHz 90 MHz 80 MHz 170 MHz 170 MHz
SP (Interior) 90 MHz 95 MHz 90 MHz 180 MHz 185 MHz
RJ/ES 80 MHz 90 MHz 95 MHz 175 MHz 185 MHz
MG 70 MHz 90 MHz 80 MHz 150 MHz 170 MHz
PR/SC 70 MHz 90 MHz 90 MHz 160 MHz 180 MHz
RS 85 MHz 90 MHz 95 MHz 180 MHz 185 MHz
Centro Oeste, RO/AC/TO 85 MHz 90 MHz 90 MHz 180 MHz 185 MHz
Norte, MA 80 MHz 95 MHz 80 MHz 160 MHz 175 MHz
BA/SE 60 MHz 90 MHz 90 MHz 155 MHz 185 MHz
Nordeste 60 MHz 120 MHz 80 MHz 140 MHz 200 MHz

Caso não haja qualquer mudança na atual regulamentação de espectro, apenas a TIM poderia comprar a Oi e manter todas as licenças de operação. Se a Vivo fizesse negócio, ela teria que lidar com 37 milhões de linhas adicionais sem absorver todo o espectro usado atualmente pela Oi.

Essa limitação não ocorreria com uma empresa nova ou estrangeira. Segundo a Reuters, a Oi estaria conversando com a AT&T; no entanto, a operadora americana pode não ter condições de fazer negócio, já que possui dívidas acima de US$ 160 bilhões.

Com informações: Reuters.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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