Europa quer porta de carregamento única em todo celular; Apple se opõe

União Europeia quer padronizar conectores para carregar bateria de celulares e tablets; Apple diz que isso prejudica a inovação

Felipe Ventura
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Porta USB-C
Porta USB-C no Xperia XZ1

A União Europeia voltou a discutir um assunto que vem se arrastando há uma década: a padronização de conectores para carregar a bateria de celulares, tablets, leitores de e-book e outros dispositivos. A Apple se opõe à proposta, dizendo que isso prejudicará a inovação; enquanto o restante da indústria vem fazendo a transição do microUSB para USB-C.

Em comunicado nesta segunda-feira (13), a Comissão Europeia diz que as fabricantes foram estimuladas a adotarem um só padrão para carregamento, mas essa abordagem “ficou aquém dos objetivos dos colegisladores”, e os acordos assinados pelas empresas “não produziram os resultados desejados”.

O objetivo, além de melhorar a interoperabilidade entre celulares de diferentes marcas, é reduzir o lixo eletrônico: estima-se que mais de 51 mil toneladas de carregadores antigos são jogadas fora todo ano.

A ideia vem sendo questionada pela Apple há anos. Em 2019, ela escreveu à Comissão Europeia: “regras que unifiquem o tipo de conector incorporado em todos os smartphones congelam a inovação, em vez de incentivá-la”.

Apple tenta impedir porta única de carregamento na UE

Essa história começa em 2009, quando existiam mais de 30 tipos diferentes de carregadores: celulares da Samsung tinham um conector, dispositivos da LG tinham outro, a Sony Ericsson tinha um terceiro, e assim vai. Era péssimo.

Então, a Comissão Europeia propôs que o mercado deveria se autorregular, e as fabricantes aceitaram: a lista inclui Apple, Motorola, Nokia, RIM, Samsung e Sony Ericsson. Elas assinaram um memorando dizendo que seus celulares seriam lançados com porta microUSB, ou teriam um conector próprio e a empresa venderia um adaptador — uma exceção aberta por causa da Apple.

O iPhone era vendido com o conector de 30 pinos, que foi substituído pela porta Lightning em 2012. Para cumprir o acordo, a Apple passou a vender um adaptador de microUSB para Lightning apenas na Europa, cobrando € 19 (cerca de R$ 50 na época).

Apple iPhone 11 Pro / adaptador de 18 watts

Em 2014, o assunto voltou à tona quando o Parlamento Europeu aprovou a Diretiva sobre Equipamentos de Rádio, que pedia por um “esforço renovado em desenvolver um carregador comum”.

A Apple defendia a ideia de que a porta USB-C se torne obrigatória na ponta do carregador, não no celular em si, para “preservar a inovação”. Ela passou a oferecer carregadores USB-C na caixa com o iPhone 11 Pro e Pro Max (o iPhone 11 ainda é acompanhado por um acessório USB-A).

A empresa disse em 2016 que “o USB Type-C continua as inovações desenvolvidas pela Apple em seu conector proprietário Lightning usado em iPhones e iPads”. Isso está em um dos documentos enviados pela empresa à Comissão Europeia e obtidos pelo site alemão Netzpolitik.

Para a Apple, as melhorias trazidas pelo Lightning e incorporadas no USB-C “não teriam sido possíveis se o conector no lado do dispositivo tivesse restrições”. Ela estima que, ao impor um mesmo carregador para todo celular, o custo aos consumidores seria de € 500 milhões a € 2 bilhões, “muito maior que o potencial benefício incremental ao meio ambiente”.

Com informações: MacRumors.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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