Após levar multa, Google faz acordo com Amazon e libera Android em Fire TVs

Amazon acusou o Google de práticas de abuso de mercado; justiça indiana concordou com a empresa de Bezos e multou a rival

Felipe Freitas
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• Atualizado há 5 meses

Uma das disputas entre Google e Amazon teve uma resolução — graças ao primeiro passo em processo na Índia. A Amazon e o Google chegaram a um acordo sobre o licenciamento de sistemas operacionais para televisores. Com a “trégua” entre as duas, a TCL, Xiaomi e outras fabricantes já anunciaram novos televisores com Fire OS instalado.

O motivo de alguns fabricantes de televisão não usarem o sistema operacional da Amazon em seus produtos é a parceria com o Google. A empresa impede que suas parceiras instalem variantes (também chamado de forks) não-oficiais do Android em TVs. Caso violem o acordo, o Google encerra o licenciamento da Android TV — e, em alguns casos, da versão mobile também.

Parceiras do Google preparam TVs com Fire OS

Em maio, as chinesas Xiaomi, Hisense e TCL abriram a porta para o início de uma “era” em que suas smart TVs terão duas opções de sistema operacional. Na época, a situação despertou curiosidade por causa do acordo (claramente injusto) entre o Google e as fabricantes. Agora, a divulgação da “trégua” entre duas big tech explica a situação.

No acordo, o Google pode até mesmo impedir o licenciamento do Android para smartphone, o que causaria um grande problema com a Xiaomi e TCL. Sem a versão oficial do SO mobile, as fabricantes não podem embutir a Play Store e apps do Google — como o Google Maps e YouTube — em seus celulares. 

Agora, com o acordo entre o Google e a Amazon, a interface Fire TV, presente no Fire Stick, deve ganhar mais espaço nas smart TVs. A TCL apresentou na semana passada, para o mercado europeu, a sua primeira linha com o Fire OS

Perfis do Google TV
Perfis do Google TV (Imagem: Divulgação/Google)

Governo indiano vê garfada do Google sobre os rivais

Em 2021, o Competition Commission of India (Comissão de Competição da Índia, CCI), órgão indiano de regulamentação de mercado, iniciou uma investigação contra as práticas do Google contra as fabricantes de televisores.

A CCI entrevistou até mesmo a Samsung, mas quem foi mais crítico contra o Google foi a Amazon — talvez reflexo das brigas de longa data. A empresa do Jeff Bezos informou o órgão indiano que, em seus contatos com as fabricantes, foram informados que estas tinham medo de sofrerem uma retaliação do Google caso lançassem smart TVs com o Fire OS.

Para o órgão, o Google utiliza a sua vantagem sobre o Android para realizar práticas abusivas de mercado. Além disso, na Índia, a empresa foi multada em US$ 162 milhões. 

Android 13
Android 13 (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Por que o Google proíbe forks?

As empresas que desejam usar o sistema Android em seus dispositivos, desde mobiles até smart TVs, precisam assinar o acordo conhecido como “Comprometimento de Compatibilidade Android”, impedindo o uso de forks do Android.

O sistema tem código aberto, mas o Google só permite o uso de versões “oficiais” (mais para “autorizadas”). Segundo a empresa, o motivo de proibir o uso de outras versões é evitar a fragmentação do Android. Para o Google, essas condições garantem que os consumidores tenham acesso a aplicativos que rodem em todas as versões de dispositivos com sistemas Android.

Seja qual for o motivo real para isso, o Google e a Amazon brigam desde 2015 — e justiça seja feita, a primeira pedra veio da Amazon. Naquele ano, a empresa de Bezos parou de vender o Chromecast e Google Home na loja online. A retaliação do Google foi tirar o YouTube dos dispositivos da Amazon.

Em 2019, as empresas chegaram em outro acordo. Agora você pode acessar o YouTube nos dispositivos da Amazon e comprar um Chromecast e Google Home na loja do Bezos. 

Com informações: FlatPanels HD, Tech Crunch e Protocol

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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