AMD está fornecendo menos chips, mas nega fazer isso para manter preços altos

Mesmo com queda na demanda, preços de CPUs e GPUs da AMD se mantiveram altos; companhia afirma ter ajustado fornecimento aos estoques

Emerson Alecrim
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AMD
AMD (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Se a oferta supera a demanda, o preço cai. E se houver um “mecanismo de controle”? Pelo jeito, a AMD tem. Em uma videoconferência sobre os últimos resultados financeiros, a CEO Dra. Lisa Su revelou que a companhia vem restringindo o fornecimento de CPUs e GPUs. É uma estratégia para evitar sobras no estoque. Mas isso também evita que os preços caiam.

O mercado de PCs não está em um momento favorável. Em 2020 e 2021, as vendas de computadores dispararam. Pudera: como consequência da pandemia de COVID-19, muita gente passou a trabalhar ou estudar em casa, e precisava de equipamentos para isso.

Em 2022, a demanda por novos PCs caiu. Não só porque houve um retorno gradual às atividades presenciais, mas também porque muita gente já havia comprado um computador. E, bom, convenhamos que esse não é o tipo de produto que trocamos todos os anos.

Eis a consequência: a Microsoft teve uma queda expressiva na venda de licenças do Windows. É claro que Intel e AMD também sentiram a demanda por seus chips cair.

Um exemplo: no último trimestre de 2022, a AMD viu as suas vendas de processadores para PCs caírem 51% em relação ao mesmo período de 2021. Isso fez a empresa ter um prejuízo operacional de US$ 152 milhões com esse segmento contra o lucro de US$ 530 milhões registrado um ano antes.

Também podemos colocar nesse cenário a queda nas vendas de placas de vídeo para mineração de criptomoedas.

O jogo da oferta e demanda

Quando os resultados financeiros sobre um trimestre são divulgados, é comum que CEO e outros executivos da empresa expliquem os números. Isso é mais importante quando há resultados negativos ou abaixo da expectativa. Assim, os investidores ficam cientes sobre o que foi ou será feito para o enfrentamento do problema.

Provavelmente, foi por isso que Lisa Su não hesitou em revelar que a AMD segurou as vendas nos últimos dois trimestres. E vai ser assim no atual:

Temos reduzido o sell-through [porcentagem de produtos vendidos no varejo após envio pelo fornecedor]. (…) Vendemos menos no terceiro trimestre, vendemos menos no quarto trimestre [de 2022]. Vamos vender menos, em nível menor, no primeiro trimestre [de 2023].

Em outras palavras, a AMD está enviando menos CPUs e GPUs para as lojas. Isso significa que, mesmo que a procura por esses componentes não esteja alta, os preços pouco ou nada caem para o consumidor final.

Chip AMD Ryzen Pro (imagem: reprodução/AMD)
Chip AMD Ryzen Pro (imagem: reprodução/AMD)

AMD nega controle de preço

Para veículos como PC Gamer e ExtremeTech, a declaração de Su foi entendida como uma confissão de que a AMD está controlando os preços. Teoricamente, a oferta reduzida de produtos permite que a companhia amenize a queda de receita ao manter os preços no mesmo patamar de quando há alta demanda.

Mas a AMD tratou de negar essa prática. Esta é a explicação enviada à PCWorld por Drew Prairie, vice-presidente de comunicações da AMD:

Estamos despachando [produtos] abaixo do que é consumido porque há muito estoque no canal [de vendas] e os parceiros [lojas] querem manter níveis menores de estoque com base na demanda que estão notando e em suas expectativas para o negócio. (…) A ideia de que estamos fazendo isso para manter os preços “elevados” não é precisa.

Embora o mercado de PCs esteja morno, 2022 não foi totalmente ruim para a AMD. A companhia fechou o ano com receita de US$ 23,6 bilhões, aumento de 44% na comparação com 2021. É verdade que o lucro líquido ficou em US$ 1,3 bilhão, baixa de 58% no ano a ano. Mesmo assim, esse não chega a ser um resultado trágico.

O bom desempenho da AMD nos segmentos de dispositivos embarcados, datacenters (servidores) e jogos foi o fator que mais contribuiu para os números não ficarem totalmente negativos.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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