Avanço da IA pode ameaçar o lucro do Google, diz Bill Gates

Em entrevista, Bill Gates considera que a inteligência artificial é a "maior coisa nesta década", mas observa que o avanço da tecnologia pode prejudicar o Google

Bruno Gall De Blasi
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Google (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

As ferramentas de inteligência artificial (IA) deram um salto imenso nos últimos tempos, com destaque ao sucesso do ChatGPT. Todo esse avanço deu um empurrão nas empresas para otimizar seus produtos, especialmente buscadores. Mas Bill Gates tem uma visão um pouco pessimista para o futuro do Google: para o bilionário, a companhia deve sofrer um impacto no seu bolso com a evolução desses sistemas.

A fala do executivo veio à tona em um episódio do podcast In Good Company, liberado nesta segunda-feira (20). Ao falar sobre inteligência artificial, Gates se mostrou surpreso com o avanço da tecnologia e ainda disse que é a “maior coisa nesta década”. O magnata também observou que não dá para saber quem será o campeão neste momento.

O cofundador da Microsoft, em seguida, fez considerações sobre o mercado. Na fala, ele lembrou que o Google “possui todos os lucros de busca”, pois é a maior empresa desse segmento. Mesmo assim, a companhia tende a ser impactada negativamente com os avanços da inteligência artificial.

“Os lucros de busca serão baixos e a sua participação no mercado pode ser baixa, porque a Microsoft foi capaz de se mover bastante rápido nisso”, disse no podcast.

E não é por menos. Desde que a onda do ChatGPT começou, a Microsoft, que possui um pézinho na OpenAI, começou a se movimentar. Para se ter ideia, enquanto o Google e a Tencent estavam preocupados com o chatbota responsável pelo Windows já pensava em levar a novidade ao Bing. Não demorou muito e tudo isso ganhou forma tanto no buscador quanto no Microsoft Edge.

Claro, tudo ainda é recente e não está completo. Por exemplo, a própria Microsoft avisou que a nova versão do Bing pode dar respostas erradas de um jeito convincente. Mas já mostra o potencial que todo esse avanço vai trazer.

Bill Gates (Imagem: Red Maxwell/Flickr)
Bill Gates (Imagem: Red Maxwell/Flickr)

O Google já está se movendo

O Google, é claro, já apresentou a sua resposta: o Bard. A empresa também já está encarando algumas dificuldades, como a oferta de respostas erradas. Mas já há alguns questionamentos da internet em relação ao futuro dos buscadores, principal produto da companhia.

O que não é inesperado. Conforme observado pelo Business Insider, em 2022, o Google arrecadou US$ 224 bilhões com anúncios na internet. Enquanto isso, a Microsoft reembolsou US$ 18 bilhões ao veicular propagandas.

A grande questão é que essa montanha de dinheiro tem uma relação próxima com buscadores. Segundo um relatório feito pelo banco de investimento Jefferies, cerca de 40% da receita de anúncios digitais do ano passado veio de publicidade relacionada a busca no ano passado. Ou seja, se as ferramentas de IA ganharem mais força, a gigante das buscas corre o risco de encarar alguns problemas no futuro.

Mas daí vem a pergunta: o impacto na receita seria tão grande assim? Pois o Google não depende apenas do buscador para ganhar dinheiro. Além de ter uma plataforma de anúncios gigante, que não se limita apenas à ferramenta de pesquisa, a empresa vende outros serviços, como o Workspace e o Cloud para empresas.

Todavia, mesmo que o lucro do Google com buscas seja reduzido, a Microsoft ainda tem um longo caminho a percorrer. Afinal, segundo o Statista, em dezembro de 2022, o Google tinha 84,08% de market share. O Bing vinha bem atrás, com 8,95% de participação de mercado.

Com informações: Business Insider (1 e 2) e In Good Company (Podcast)

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Bruno Gall De Blasi

Bruno Gall De Blasi

Ex-autor

Bruno Gall De Blasi é jornalista e cobre tecnologia desde 2016. Sua paixão pelo assunto começou ainda na infância, quando descobriu "acidentalmente" que "FORMAT C:" apagava tudo. Antes de seguir carreira em comunicação, fez Ensino Médio Técnico em Mecatrônica com o sonho de virar engenheiro. Escreveu para o TechTudo e iHelpBR. No Tecnoblog, atuou como autor entre 2020 e 2023.

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