Advogada é impedida de entrar em show nos EUA por reconhecimento facial

Kelly Conlon trabalha em escritório de advocacia envolvido em processo contra dona do Radio City Music Hall, mas não participa do caso

Giovanni Santa Rosa
Por
Representação de reconhecimento facial (Imagem: Gerd Altmann/Pixabay)
Representação de reconhecimento facial (Imagem: Gerd Altmann/Pixabay)

A advogada Kelly Conlon foi impedida de ver o show de Natal da companhia de dança Rockettes no Radio City Music Hall, em Nova York. Conlon trabalha em um escritório envolvido em um processo contra a empresa que administra a casa de shows, e esse foi o motivo da remoção. Ela acredita ter sido identificada por uma tecnologia de reconhecimento facial.

À NBC, Conlon diz que seguranças a removeram do lobby do Radio City Music Hall. Eles disseram que ela tinha sido “pega pelo reconhecimento”. A advogada também conta que eles sabiam seu nome e a empresa em que ela trabalhava, antes mesmo de ela dizer.

Impedida de assistir ao espetáculo, Conlon teve de esperar no lado de fora. Sua filha entrou apenas com as colegas de turma.

MSG proíbe entrada de advogados; juízes discordam

O Radio City Music Hall é de propriedade da Madison Square Garden Entertainment. A empresa não confirma que Conlon foi removida após ter sido identificada pelo reconhecimento facial, mas diz deixar claro que a tecnologia é utilizada.

O Verge pondera que Conlon pode ter sido identificada de outras formas: se ela teve que apresentar algum documento, ou se seu nome estava no ingresso, isso pode ser suficiente para alertar sistemas de segurança. A advogada, porém, diz ter sido abordada logo após passar pelos detectores de metal.

Conlon não participa do caso em que seu escritório de advocacia processa a MSG. Ela trabalha no escritório Davis, Saperstein & Solomon, de Nova Jersey, que está em um caso contra um restaurante da MSG por lesões pessoais.

A empresa, porém, tem como política proibir a entrada de advogados de escritórios envolvidos em ações contra ela, até que o caso seja resolvido.

Essa prática já foi questionada nos tribunais. A juíza Kathaleen McCormick disse que se tratava da “coisa mais idiota que ela já leu”. Em outro caso, o juiz disse que a entrada não poderia ser proibida caso o advogado tivesse um ingresso válido, mas a MSG tinha o direito de não vender ingresso para essas pessoas.

Reconhecimento facial é alvo de críticas e proibições

Sistemas de reconhecimento facial estão cada vez mais comuns, sejam usados por empresas ou governos, em lugares públicos ou privados.

A tecnologia, porém, é constantemente criticada. Entre os questionamentos, estão as incertezas sobre como as informações serão armazenadas e gerenciadas, e a falta de precisão dos mecanismos, principalmente quando se trata de pessoas não-brancas, o que pode levar a erros nas abordagens.

A Universidade de Essex, por exemplo, afirma que 81% dos alertas feitos pelo reconhecimento facial usado em Londres estavam incorretos. Já a polícia local diz que houve apenas um falso positivo a cada mil pessoas.

Algumas cidades e estados, nos EUA e em outros países, proibiram ou restringiram o uso do reconhecimento facial. San Francisco, no estado da Califórnia (EUA), por exemplo, impede que órgãos do governo contratem serviços do tipo sem aprovação prévia.

Em Nova York, as empresas que usam a tecnologia são obrigadas a sinalizar isso para o público. Essa norma foi cumprida pela MSG.

Com informações: The Verge, NBC New York.

Receba mais sobre Reconhecimento facial na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

Relacionados