Anatel opina sobre mapas de calor no combate à COVID-19
Anatel diz que uso de mapas de calor precisa ter motivação clara e respaldo jurídico, mas defende "custo-benefício"
Anatel diz que uso de mapas de calor precisa ter motivação clara e respaldo jurídico, mas defende "custo-benefício"
A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) publicou um comunicado sobre o monitoramento de redes móveis para o combate à pandemia de coronavírus (Covid-19). Vivo, Claro, TIM e Oi atualmente colaboram com estados e municípios para fornecerem mapas de calor, permitindo identificar a movimentação de pessoas.
No comunicado, a Anatel diz que os dados coletados através de redes móveis estão sujeitos à legislação vigente e à Constituição Federal, e lembra que ações para acompanhar a movimentação de pessoas vêm sendo adotadas por outros países.
A nota ainda afirma que “a ponderação de tutela entre saúde e privacidade encontra-se no mais alto grau de nossa hierarquia normativa”, e que o momento “comporta a harmonização entre os dois bens jurídicos, de forma motivada e transparente”, mesmo considerando que a cultura de proteção da privacidade ainda está começando no Brasil.
Além disso, a agência afirma que a relação de custo-benefício precisa ser levada em conta e comparada com outras soluções que estiverem à disposição do poder público.
A Anatel reconhece que não possui o mesmo papel da futura Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que deve ser formada quando a Lei Geral de Proteção de Dados entrar em vigor. Ela diz que “os mecanismos e dados coletados e processados constituirão uma base legada”, que eventualmente será submetida à disposição da LGPD.
As informações divulgadas pelas operadoras aos órgãos públicos criam um mapa de calor, permitindo medir deslocamentos. As operadoras garantem que dados individuais não são expostos, e sim tratados como um grande grupo.
Isso permitiria identificar em quais regiões o isolamento social não está sendo cumprido, para aplicar ações localizadas a fim de diminuir a circulação de pessoas.
O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) havia firmado um acordo com as operadoras Claro, Oi, TIM, Vivo e Algar para criação de um mapa de calor. No entanto, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, o monitoramento nacional foi suspenso.
Isso não impede, no entanto, que estados e municípios continuem utilizando mapas de calor fornecidos por operadoras, através de acordos individuais.
Sendo assim, continua em vigor a parceria do governo estadual de São Paulo, por exemplo: inicialmente isso valia apenas para a Vivo, mas depois se estendeu para Claro, Oi e TIM. O município do Rio de Janeiro firmou um acordo com a TIM, e a prefeitura de Recife conta com os dados da In Loco.
Com informações: Anatel.