Apple pode deixar de produzir até 10 milhões de iPhones devido a lockdown

Produção de iPhones e de outros produtos da Apple já seria prejudicada pela escassez de chips, mas lockdown na China e fechamentos de fábricas agravam situação

Bruno Ignacio

O novo lockdown na China devido ao mais recente surto de COVID-19 está afetando duramente a produção de eletrônicos, e a Apple é uma das afetadas. Agora, estima-se que até 10 milhões de iPhones poderão deixar de ser produzidos com a interrupção das atividades de três de seus principais fornecedores no país. Entre outros produtos, iPads e computadores Mac também devem sofrer limitações na fabricação.

iPhone 13 Pro Max (Imagem: Ehimetalor Akhere Unuabona/Unsplash)
iPhone 13 e iPhone SE são alguns dos produtos afetados pelo lockdown na China (Imagem: Ehimetalor Akhere Unuabona/Unsplash)

A taiwanesa Pegatron Corp, a segunda maior fabricante de smartphones da Apple, anunciou nesta semana o fechamento de grandes fábricas em Xangai e Kunshan. Essa empresa é uma das principais fornecedoras da Apple na China e produz aparelhos como os iPhone 13, iPhone SE, e outros modelos da companhia americana, de acordo com especialistas ouvidos pela Reuters.

Outra fornecedora, a Quanta Computer, responsável por cerca de 25% de toda a produção global de MacBooks, também interrompeu suas operações em Xangai. Na prática, mesmo com os planos de contingência da Apple e com a migração da demanda de produção para outras instalações que ainda não foram afetadas pelo lockdown, como em Shenzen, o impacto ainda deve ser forte na capacidade de entrega de novos produtos.

Escassez de chips já afetava produção de iPhones

Com a escassez de chips, já era esperado uma redução na produção de diversos aparelhos da companhia americana, incluindo os iPhones. No entanto, a atual situação pandêmica na China parece ter agravado o quadro. Agora, os números começam a tomar forma, de acordo com análises de especialistas entrevistados pela Reuters.

Na pior das hipóteses, a Apple poderá deixar de produzir 10 milhões de unidades de iPhones. O impacto na cadeia de produção dos celulares e de outros produtos da marca ainda são incertos e dependem da duração do novo lockdown da China. iPads e MacBooks também entram na conta, e MacBooks Pro feitos sob encomenda já tiveram suas datas de envio adiadas.

A Foxconn, a maior fornecedora mundial da Apple, deverá receber a demanda de produção para não haver maiores impactos na entrega de novos iPhones. No entanto, essa empresa também interrompeu a montagem dos smartphones em duas grandes fábricas na China no mês passado. Mesmo assim, as instalações em Zhengzhou ainda seguem operando, com medidas adicionais de proteção contra a covid-19.

Lockdown na China limita opções da Apple

Apple (Imagem: Trac Vu/Unsplash)
Apple (Imagem: Trac Vu/ Unsplash)

A montagem de produtos da Apple já foi paralisada nas instalações das companhias Pegatron, Quanta e Compal Electronics. Diante do cenário atual e das previsões futuras para a situação pandêmica na China, os especialistas acreditam que o problema de fornecimento ainda deve piorar.

Eddie Han, analista sênior da Isaiah Research, disse à Reuters que a Apple “pode considerar a transferência dos pedidos da Pegatron para a Foxconn”, mas ele acredita que o volume possa ser limitado devido a questões logísticas e à dificuldades envolvendo ajustes de equipamentos.

O especialista descreveu o pior cenário possível para a Apple: sendo pessimista, a Pegatron poderia deixar de produzir entre 6 milhões a 10 milhões de unidades de iPhones se os bloqueios durarem dois meses e a Apple não for capaz de redirecionar os pedidos.

A Apple não está sozinha. Outras marcas também dependem de fábricas chinesas e tiveram suas produções afetadas pelo novo lockdown no país. A Compal Electronics, que paralisou a produção de notebooks da Apple em Kunshan, também é uma importante fornecedora para a Dell e Lenovo, que deverão sofrer com o mesmo problema e reduzir a oferta de novos aparelhos.

Com informações: Reuters

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.