Apple cria “modo lockdown” para proteger iPhones, iPads e Macs de spywares

Ao ser habilitado, "modo lockdown" aplica alguns bloqueios em produtos da Apple para protegê-los de ameaças de softwares espiões

Bruno Gall De Blasi

Os produtos da Apple acabaram de ganhar uma camada extra de segurança. Nesta quarta-feira (6), a companhia revelou um “modo lockdown” para iPhoneiPad e Mac. Com o recurso que será liberado aos usuários no futuro, as vítimas de ameaças virtuais poderão se proteger de ataques de spywares direcionados.

A função visa proteger os usuários de ataques virtuais. Segundo a companhia, a ferramenta garante um “nível de segurança opcional extremo”. O bloqueio, no entanto, é destinado a “poucos usuários que, por causa de quem são ou do que fazem, podem ser alvos pessoais” de ameaças de governos e afins.

A medida visa bloquear softwares espiões. No comunicado à imprensa, a Apple chega a falar de soluções oferecidas pelo NSO Group e “outras empresas privadas” que estão desenvolvendo “spywares mercenários patrocinados pelo Estado”. Seria o caso do Pegasus, um spyware para copiar mensagens recebidas, registrar o histórico de localização e demais informações das vítimas.

"Modo lockdown" é opcional e deve ser habilitado manualmente (Imagem: Divulgação/Apple)
“Modo lockdown” é opcional e deve ser habilitado manualmente (Imagem: Divulgação/Apple)

Ok, mas como funciona o “modo lockdown”?

O “modo lockdown” entrega, de fato, o que o seu nome propôs: um bloqueio para evitar ameaças externas. A Apple explica que, ao aplicar esta limitação, o sistema reduz “drasticamente a superfície de ataque que potencialmente poderia ser explorada por um spyware mercenário altamente direcionado”. Assim, o usuário consegue conter parte da ameaça com poucos passos.

Esta ação restringe algumas funções do sistema. O acesso à web terá algumas tecnologias limitadas, como o just-in-time (JIT), em páginas que não estão na lista de sites confiáveis, por exemplo. No app Mensagens, a maioria dos anexos e pré-visualizações de links serão bloqueados, com exceção de imagens.

Outras ferramentas da Apple serão igualmente afetadas. É o caso de convites recebidos e solicitações de serviços, como chamadas do FaceTime, que serão bloqueados em duas se situações: se o usuário não tiver realizado anteriormente uma ligação ou enviado uma solicitação a quem iniciou a conferência.

“As conexões com fio com um computador ou acessório são bloqueadas quando o iPhone está bloqueado”, listaram. “Os perfis de configuração não podem ser instalados e o dispositivo não pode se registrar no gerenciamento de dispositivos móveis (MDM), enquanto o ‘modo lockdown’ estiver ativado.”

Ferramenta de segurança é voltada para quem alvos de ataques cibernéticos altamente qualificados (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Ferramenta de segurança é voltada para quem alvos de ataques cibernéticos altamente qualificados (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Devo ativar o “modo lockdown”?

A nova ferramenta é opcional. Isto significa que ela não estará em funcionamento por padrão e seu uso muito menos será necessário no dia a dia. É até por isso que a descrição afirma que o “modo lockdown” só deve ser usado “se você acredita que se tornou alvo de um ciberataque altamente qualificado”. 

Não à toa, a Apple observa que “a maioria das pessoas nunca são alvos de ataques dessa natureza”.

A Apple também não informou um passo a passo para habilitá-lo. Mas, a julgar pelas capturas de tela, acredito que a opção estará disponível nas configurações do sistema operacional. Além disso, será preciso esperar para usá-la, pois o recurso será liberado no iOS 16, iPadOS 16 e macOS Ventura, que serão distribuídos no fim do ano.

“A Apple continuará a fortalecer o modo de bloqueio e adicionar novas proteções a ele ao longo do tempo”, anunciaram. Para isto, a companhia inaugurou um programa para encontrar falhas na função de bloqueio. “As recompensas são dobradas para descobertas qualificadas no Modo Lockdown, até um máximo de US$ 2 milhões”, explicaram. 

iPad Mini 6 (2021) (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Apple vai destinar US$ 10 milhões para combater softwares espiões (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Apple doa US$ 10 milhões para combater spywares

A Apple anunciou outras medidas para se manifestar contra softwares espiões. Além do “modo lockdown”, a Apple vai oferecer US$ 10 milhões para apoiar organizações que combatem ataques cibernéticos altamente direcionados. A cifra será direcionada ao Dignity and Justice Fund, estabelecido e assessorado pela Ford Foundation.

O fundo visa reunir recursos filantrópicos para promover a justiça social no mundo. Não à toa, a iniciativa visa promover seus primeiros atos entre o fim de 2022 e o começo de 2023 para investigar spywares e proteger vítimas em potencial. Outras ações também serão realizadas pela entidade, como o aumento de conscientização entre investidores, jornalistas e formuladores de políticas sobre a indústria global de spyware mercenário. 

Com informações: Apple (Newsroom)

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Bruno Gall De Blasi

Bruno Gall De Blasi

Ex-autor

Bruno Gall De Blasi é jornalista e cobre tecnologia desde 2016. Sua paixão pelo assunto começou ainda na infância, quando descobriu "acidentalmente" que "FORMAT C:" apagava tudo. Antes de seguir carreira em comunicação, fez Ensino Médio Técnico em Mecatrônica com o sonho de virar engenheiro. Escreveu para o TechTudo e iHelpBR. No Tecnoblog, atuou como autor entre 2020 e 2023.